INÍCIO

“Voz de Vó” com acessibilidade no Teatro Sesi Sorocaba

Por Maiara Sena O espetáculo de Teatro “Voz de Vó”, uma peça voltada para o público infantil, conta com mais uma parceria entre a SHOWCASE e o SESI-SP, dessa vez, da unidade de Sorocaba, para levar acessibilidade e diversão para o público.A peça aborda a história de uma vovozinha, que tem Alzheimer, e embarca numa divertida aventura junto de seus netos para recuperar as memórias perdidas através de muita imaginação e emoção. Escrita e dirigida por Sara Antunes, tem supervisão artística da grandíssima Vera Holtz, Direção de Artes por Analu Prestes e produção por Bianca de Felippes.  A peça fica em cartaz de 09 a 19 de maio, de quinta a domingo, às 15h, no Teatro Sesi Sorocaba, na Rua Gustavo Teixeira, 369, Vila Independência, em Sorocaba. A SHOWCASE marcará presença no dia 17 de maio, às 15h, para levar acessibilidade para a peça, com sessões de Libras e Audiodescrição.Legal, né? Então, te vejo lá? Reservas disponíveis em https://centrocultural.fiesp.com.br/

Percepções de atuação de intérpretes avatares em lives na esfera cultural

Por Maiara Sena e Vinícius Oliveira Na semana passada, uma live realizada pelos cantores de sertanejo Leonardo, Gustavo Lima e Daniel chamou a atenção da comunidade surda por utilizar avatar gerado por inteligência artificial para interpretação de Libras. Mas, antes de entrar nesse assunto e entender a problemática dele, vamos entender um pouco o que é a Libras e qual a funcionalidade dela para a comunidade surda. A Libras, Língua Brasileira de Sinais, promove a acessibilidade comunicacional e foi reconhecida no país como língua através da Lei N.º 10.436, de 24 de abril de 2002. Segundo o texto da Lei, “Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras – a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.” Logo, podemos entender a Língua Brasileira de Sinais como uma língua gestual, visual e espacial, por ser uma língua que acontece no espaço, na modalidade visual, no qual o interlocutor tem contato direto com o receptor. Ao entrarmos na questão do uso dos avatares criados por inteligência artificial, temos uma perda muito grande na qualidade da informação que chega aos receptores, ou seja, perda da humanização no processo tradutório. No contexto musical, o qual estamos discutindo, algumas características gramaticais pertencentes a Libras ficam mais intrínsecas, que são as expressões faciais, fundamental para que emoções, sentimentos e intenções sejam transmitidas ao receptor, os movimentos e a expressão corporal, que fazem parte dos parâmetros da Libras. No contexto da tradução feita na live, o avatar reconhece apenas a relação sinal/palavra, não sendo suficiente para que o entendimento completo seja passado ao surdo. Conversando com o Vinícius Oliveira, intérprete de Libras há 14 anos, ele nos explicou que “Uma música, envolve, muitas vezes, a elaboração de classificadores predicativos. Significa que através dos movimentos das mãos, faz com que a poesia da música se torne o mais visual possível para a pessoa surda. Ao invés de fazer só o sinal, você utiliza estratégias visuais, que mostram toda beleza poética daquele contexto.” Dessa forma, entendemos como os intérpretes humanos são fundamentais para que todo o contexto seja transmitido da maneira mais completa para quem recebe a mensagem É importante ressaltar que o avanço da tecnologia é fundamental e vemos cada dia mais como a inteligência artificial vem avançando em diversos campos, mas não podemos substituí-la por atividades que são essenciais, como os intérpretes humanos em demandas diversas, que se capacitam por anos para entregar a melhor qualidade possível para a comunidade surda, sempre mantendo a qualidade e a clareza nas informações.

Acessibilidade em peças de teatro

Por Ana Beatriz Silva O teatro é uma expressão artística presente na sociedade desde a Grécia antiga, se desenvolvendo ao longo da história e se adaptando a diferentes realidades. São manifestações que contam histórias cotidianas, trazem lições e atuam como campo para liberdade de expressão. Além das falas e trilha sonora, os atores se apoiam nos cenários, figurinos e expressões corporais, pontos visuais que compõem o espetáculo como um todo. É aí que a acessibilidade entra em cena, trazendo a audiodescrição como ferramenta de auxílio para deficientes visuais. Segundo dados do IBGE, existem mais de 6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual no Brasil. Nesse cenário, a audiodescrição permite que o telespectador acompanhe o espetáculo de forma integral, recebendo descrições ao mesmo tempo que as coisas acontecem. Com informações precisas e bem distribuídas, não atrapalha o entendimento das falas e dos outros sons, literalmente traduzindo as imagens em palavras. A peça “Voz de Vó”, com direção de Sara Antunes e supervisão de Vera Holtz, é uma obra que aborda a perda de memória e o lúdico de cada ser humano. Sara interpreta a avó que, com Alzheimer, sai em uma jornada em busca de suas memórias com ajuda de seus netos. Conta com representação dos netos adultos e também de suas versões crianças, não seguindo uma cronologia no tempo, se construindo através dos cenários criados por eles como tentativas de justificar as falhas e ausência da avó durante a vida. Na sexta-feira (19), a peça foi exibida no Teatro Sesi, em Campinas, oferecendo acessibilidade através da participação da SHOWCASE na produção de Audiodescrição e Libras durante todo o espetáculo. Uma cabine à prova de som foi montada no fundo do teatro e fones de ouvido foram disponibilizados para pessoas portadoras de deficiência visual. Sincronizado em cada fone, a Audiodescrição era enviada direto da cabine aos ouvintes. O espetáculo é repleto de movimentos, com os atores correndo pelo palco, tocando instrumentos, dançando e fazendo mímicas. Junto das falas e das músicas, o conteúdo visual é de extrema importância para compor as cenas. O envio das descrições foi constante, tentando captar o máximo possível de tudo que acontecia, mas sempre tentando não transpor o que era dito ou tocado pelos atores. As descrições foram dos personagens em si, traçando as características físicas de cada um e seus figurinos. Também do cenário e do telão ao fundo, com desenhos e cores que mudaram durante o espetáculo. Por último, das ações de cada personagem, variando entre brincadeiras, danças e corridas.

Conheça as WCAG e seu papel na acessibilidade digital

Ao abordarmos a inclusão das pessoas com deficiência, imediatamente vem à mente a constante evolução tecnológica que vivenciamos e como esses avanços progridem a favor da acessibilidade online. Tais recursos podem ser oferecidos por empresas, instituições veiculadoras de conteúdo e prestadores de serviço para o público com deficiência ter acesso ao seu material sem impedimentos. O que pouco se sabe é que existe uma publicação internacional de diretrizes que indicam as melhores formas de se proporcionar a acessibilidade para os mais diversos veículos de informação da internet. Essa publicação consiste nas WCAG (Web Content Accessibility Guidelines, ou em tradução livre, Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web). As WCAG foram criadas pelo W3C (World Wide Web Consortium), que é um consórcio internacional com mais de 450 membros, incluindo equipes em tempo integral e organizações filiadas, trabalham juntos para o desenvolvimento de padrões para a Web, tanto para a criação quanto para a interpretação de conteúdos. As diretrizes foram lançadas pela primeira vez em 1999. Posteriormente, em 2008, uma atualização foi lançada e denominada WCAG 2.0, e 10 anos depois, em 2018, publicou-se a versão mais recente até hoje, a WCAG 2.1. Atualmente, a WCAG 2.2, uma nova versão, está em fase final de elaboração e sua versão preliminar está publicada desde o dia 20 de julho no site da W3C (https://www.w3.org/TR/WCAG22/). Comentários de feedback a respeito das atualizações deverão ser entregues pelos membros do Comitê Consultivo do W3C até o dia 18 de agosto. De modo geral, essas diretrizes compõem uma série de orientações a programadores, designers e criadores de conteúdo para tornar o site acessível. Em cada atualização, as diretrizes acompanharam as evoluções que as redes de comunicação sofreram, sendo a mais ampla em 2018, quando os critérios passaram a considerar o acesso à internet a partir de dispositivos móveis. Na WCAG 2.1, estão elencados 4 princípios essenciais para a acessibilidade digital. Perceptível Os conteúdos dos sites devem ser perceptíveis para todos os usuários, independentemente de suas habilidades sensoriais. Isso significa que o conteúdo deve ser apresentado de mais de uma forma, por exemplo, com legendas para vídeos, descrição de imagens e um código de HTML que seja acessível por leitores de tela. Operável Os sites devem ser operáveis para todos os usuários, sem ter em conta suas habilidades motoras ou cognitivas. O site deve ser navegável pelo teclado, a velocidade de carregamento deve ser equilibrada e o uso de cores e iluminação deve ser moderado. Compreensível Os conteúdos dos sites devem ser compreensíveis para todos os usuários, a despeito de suas habilidades linguísticas ou de leitura. O conteúdo deve ser escrito de forma clara e objetiva, usando linguagem simples, uma fonte de texto legível e evitando expressões idiomáticas ou jargões. Robusto Os sites devem ter um HTML com codificação capaz de não só funcionar adequadamente a partir da navegação por teclado, como também ser compatível com tecnologias assistivas, como leitores de tela ou softwares de ampliação de tela. Ao falarmos em código robusto, faz-se referência a um código bem feito e otimizado para o melhor desenvolvimento e implementação das funcionalidades. Cada princípio das WCAG possui seus próprios critérios de sucesso. Cada critério de sucesso, por sua vez, é avaliado segundo o nível de conformidade, que pode ser A, AA ou AAA. Por exemplo: Princípio perceptível: 1.2.4 – Legendas (ao vivo) [AA]: Qualquer conteúdo ao vivo que contenha uma faixa de áudio (seja apenas áudio ou vídeo) deve possuir legenda. O nível A é o nível mais básico de conformidade. Os critérios de sucesso do nível A são mais simples, sendo destinados a remover somente as barreiras mais significativas de acessibilidade. Já o nível AA é intermediário e seus critérios de sucesso são mais específicos e, por conseguinte, destinados a garantir que o conteúdo da web seja acessível para a grande maioria dos usuários com deficiência. Por fim, o nível AAA é o nível mais avançado de conformidade. Seus critérios de sucesso são bem mais refinados e detalhados, sendo, portanto, destinados a garantir que o conteúdo da web seja acessível para todos os usuários com deficiência. Se você quer que seu site ou que o conteúdo que você está produzindo seja acessível para todos os públicos, conhecer as WCAG é essencial. Todas as versões publicadas estão disponíveis para consulta na íntegra no próprio site da W3C. Por fim, se você está construindo uma página e quer saber se ela atende determinados critérios de sucesso, você pode contar com a ajuda de algumas ferramentas capazes de avaliar o código-fonte. Uma delas é a Lighthouse, uma ferramenta de código aberto do Google que pode ser executada em qualquer página da web, pública ou privada. Ao fornecer uma URL para o Lighthouse, ele realiza uma auditoria e gera um relatório apontando e explicando melhorias que podem ser trazidas para o desempenho, a acessibilidade, SEO, entre outros. Dessa forma, é possível proporcionar a inclusão de todos os usuários, sem causar impedimentos ao seu acesso. Referências:

A inclusão de PCDs nas redes sociais

Por Ana Andrade Uma tendência cada vez maior do ser humano é a de se conectar. No meio virtual, essa conexão se tornou mais fácil de ser observada, desde indivíduos da mesma cidade até um grupo composto por membros de diversos países. Porém, a participação de pessoas com deficiência nem sempre é notada, seja pela falta da adaptação necessária ou por preconceito. Em redes sociais, uma das formas mais conhecidas de acessibilidade é a #PraTodosVerem, usada para descrever imagens em plataformas que não davam ao usuário a opção de escrever o texto alternativo, que atualmente existe em redes sociais como Instagram, Facebook e Twitter. A função do texto alternativo é descrever uma imagem publicada. Porém, muitas vezes o usuário descreve outra coisa, seja por brincadeira ou por outra razão, o que atrapalha a pessoa que precisa do texto para entender o contexto completo do conteúdo publicado na internet. O texto alternativo é “lido” em voz alta pelo leitor de tela, já integrado a cada smartphone. Assim, o usuário do aparelho acessa as funcionalidades do celular, como ler e escrever mensagens, realizar ligações, dentre outras. Tal leitor existe também em computadores, que além dessa, também contam com outras pequenas adaptações para auxiliar o dono, como por exemplo, pequenos traços em relevo nas teclas “F”, “J” e “5” na calculadora do teclado para orientar. Porém, poucas pessoas de fato têm conhecimento sobre essas adaptações, que quando são descobertas, também precisam de prática. Algumas ONGs oferecem aulas de informática para ensinar pessoas cegas ou com baixa visão a se adaptarem ao meio virtual. Mesmo com essas dificuldades, porém, a internet e as redes sociais são utilizadas por pessoas com deficiência, visto que esse meio se tornou tão necessário para a sociedade, desde trabalho até o simples lazer. Uma das principais decorrências desse uso são os Influenciadores Digitais, formadores de opinião por meio justamente das redes sociais. Com pessoas mostrando suas vidas diárias na internet, era esperado que influenciadores PCDs surgissem. Dentre vários, um exemplo é Nathalia Santos, jornalista e colunista do site de notícias Terra, que posta no Instagram sobre sua vida com a deficiência visual, suas palestras e outros tipos de conteúdos diários para seus mais de 100 mil seguidores. Para o Terra, seu último texto publicado, em março, é intitulado “Mulheres com deficiência não são vistas como mulheres” e fala sobre os passos que a sociedade ainda precisa dar para se ter não só a igualdade entre gêneros, mas entre pessoas com e sem deficiência, usando também sua experiência de vida como exemplo, citando como ser mulher negra e com deficiência não é fácil. Mesmo com as adaptações e evoluções, ainda são necessários muitos passos para que a tecnologia e a sociedade em si sejam acessíveis para PCDs, nossa esperança é que o futuro e a própria comunidade traga essa acessibilidade. Referências https://fundacaodorina.org.br/impacto/historias-de-vida/kassia-celular/#:~:text=Pessoas%20cegas%20usam%20o%20smartphone,Precisa%20praticar%20bastante%2C%20%C3%A9%20verdade. https://www.terra.com.br/nos/opiniao/nathalia-santos/mulheres-com-deficiencia-nao-sao-vistas-como-mulheres,c1b799c21e58cb0c30f1903c09444d6eghhw1n88.html

Brasil é destaque no Mundial de Atletismo Paralímpico 2023

Atletas brasileiros realizam a melhor campanha da história do país na competição. Por Thammy Luciano Segundo colocado no quadro geral com o total de 47 medalhas conquistadas, o Brasil foi destaque no Mundial de Atletismo Paralímpico 2023, que aconteceu entre os dias 8 e 17 de julho, em Paris. Representada por 54 atletas e 11 atletas-guia, a Seleção Brasileira de atletismo paralímpico realizou sua maior campanha na história da competição. No domingo (16), o atletismo paralímpico brasileiro ultrapassou o total de medalhas da China, que terminou o mundial com 45 medalhas. Os brasileiros subiram mais vezes no pódio e conquistaram 14 medalhas de ouro, 13 de prata e 20 de bronze, mas por uma diferença de duas medalhas de ouro, o Brasil permaneceu na vice-liderança. De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), com essa marca o Brasil conquista o maior número de medalhas entre todas as participações do país no Mundial de Atletismo Paralímpico, superando a competição de Dubai 2019, quando ganhou 39 medalhas, sendo 14 de ouro, nove de prata e 16 de bronze. Mesmo sendo o segundo colocado no quadro de medalhas, não faltaram motivos para comemorar. Além dos pódios, o Brasil bateu o recorde mundial no arremesso de peso classe F53, categoria em que os atletas competem em cadeiras de rodas. Na primeira prova do Mundial de Atletismo Paralímpico, Beth Gomes conquistou ouro e bateu o recorde da modalidade. Beth era dona do recorde mundial, que era de 7,16m, registrado em junho no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de atletismo, que aconteceu em São Paulo. Desta vez, em Paris, em sua quinta tentativa, Gomes arremessou o peso a 7,75m, tornando a marca o novo recorde mundial. Atletismo paralímpico Que tal conhecer um pouco mais sobre o atletismo paralímpico? Praticado por atletas com deficiência física, visual ou intelectual, o atletismo paralímpico é dividido entre as provas de campo (Field), as provas de pista (Track) e provas de rua. Conheça a seguir cada uma das modalidades e suas classes: Provas de Campo (F): Lançamento de disco e club; Lançamento de dardo; Arremesso de peso; Salto em distância; Salto em altura; Salto Triplo. Classes (F) F11 a F13 – Deficiências visuais; F20 – Deficiências intelectuais; F31 a F38 – Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para andantes); F40 a F41 – Baixa estatura; F41 a F46 – Amputados ou deficiência nos membros superiores ou inferiores (F42 a F44 para membros inferiores e F45 a F46 para membros superiores); F51 a F57 – Competem em cadeiras de rodas (sequelas de poliomielite, lesões medulares; F61 a F64 – Amputados de membros inferiores com prótese. Thiago Paulino no Lançamento de Peso F37 (Foto: Alexandre Schneider/CPB) Provas de Pista (T): Velocidade: 100m, 200m, 400m, revezamento 4x400m e revezamento 4x100m; Meio fundo: 800m, 1.500m; Fundo: 5.000m, 10.000m. Classes (T) T11 a T3 – Deficiências visuais T11 – Corre ao lado do atleta-guia e usa o cordão de ligação. No salto em distância, é auxiliado por um apoio. T12 – Atleta-guia e apoio, no salto, são opcionais. T13 – Não pode usar atleta-guia e nem ser auxiliado por um apoio T20 – Deficiências intelectuais T31 a T38 – Paralisados cerebrais (31 a 34 para cadeirantes; 35 a 38 para andantes) T40 a T41 – Baixa estatura T42 a T44 – Deficiência nos membros inferiores T45 a T47 – Deficiência nos membros superiores T51 a T57 – Copetem em cadeiras de rodas T61 a T64 – Amputados de membros inferiores com prótese Provas de Rua: Maratona (42km); Meia-maratona (21km). Essa lista e mais informações estão disponíveis no site do CPB. Para saber mais sobre o atletismo paralímpico acompanhe o Comitê Paralímpico Brasileiro e fique por dentro de todas as conquistas dos nossos atletas. Referências:

Empresas brasileiras que promovem acessibilidade audiovisual

Conheça quatro empresas de acessibilidade que fazem a diferença no mercado audiovisual do nosso país Por Leonardo Piza 1 – ShowCase Pro Não poderíamos deixar de fora da lista a nossa queridinha ShowCase, atuando no mercado desde 2010. A empresa conta com tecnologias que promovem acessibilidade para centenas de produtoras, emissoras e eventos através de Closed Caption, Audiodescrição, Tradução Simultânea e LIBRAS. Dentre os alvos de suas soluções, podemos citar: empresas, produtoras audiovisuais, educação, governo, rádio, entre outros. Há mais de dez anos, a ShowCase investe na Pesquisa e Desenvolvimento de soluções para Acessibilidade em diferentes plataformas. Todas as ferramentas utilizadas encontram-se detalhadas no site da empresa (showcasepro.com.br). 2 – Cinema Cego. A empresa Cinema Cego é fruto de uma pesquisa de doutorado na Universidade de Brasília (UNB). Após muitas pesquisas e estudos para se aprofundar no tema, a equipe da Cinema Cego descobriu seu propósito no mundo: levar conforto e praticidade para o dia a dia de pessoas com deficiência visual. A Cinema Cego prega o pensamento de que audiodescrição já não é mais um conceito reservado somente às artes audiovisuais. Dentre os diferentes tipos de audiodescrição realizadas pela empresa, podemos citar: vídeos, filmes, exposições de arte, palestras, shows e e-commerce no geral. No site da empresa (cinemacego.com), além de explicar em detalhes todos os ramos nos quais a empresa atua, também podemos conferir ofertas de cursos de audiodescrição para os interessados no universo da acessibilidade. 3 – ETC Filmes. O grupo ETC Filmes está no mercado audiovisual há 18 anos e tem parceria com diversas distribuidoras, produtoras e exibidoras de conteúdo audiovisual de todo o país. É considerada referência quando se trata de produção de recursos para nossos cinemas. Dentre seus serviços encontramos: LIBRAS, Legenda Descritiva, Audiodescrição, etc. Também fazem tradução de livros, roteiros, filmes, séries, entre outros. Além disso, podemos encontrá-los em outros meios além do Cinema, como, por exemplo, Plataformas de Streaming, Canais de TV e Internet. O atendimento do ETC acontece pelo site etcfilmes.com.br. 4 – Perto Digital. E para fechar com chave de ouro temos a Perto Digital, empresa voltada para sites, conteúdos escritos e em áudio. Vamos checar as soluções que a pertodigital.com.br tem a oferecer aos seus clientes: E sabe qual é o melhor ato da empresa? A contribuição social. Eles destinam 10% de todo o lucro para instituições que apoiam e integram seu selo “Trazer para Perto”. Além disso, oferecem treinamentos gratuitos sobre inclusão e acessibilidade para o meio corporativo. E assim terminamos nossa lista! Recomendamos que você visite os sites das empresas que comentamos, não só para checar os serviços oferecidos, mas também para continuar aprendendo sobre a importância da acessibilidade em todas as áreas, incluindo especialmente o universo audiovisual.

Guia sobre capacitismo

O que é, como se dá e como evitar Por Gabriel Vieira Junto à ascensão dos movimentos sociais favoráveis à reivindicação dos direitos das pessoas com deficiência, surge, nos anos 1980, nos Estados Unidos, o termo “ableism”, como uma tentativa de denunciar o preconceito e a discriminação enfrentados pelas pessoas com deficiência. Posteriormente, nos anos 2010, a nomenclatura é trazida para o Brasil como “capacitismo”, evidenciando a problemática como tão crítica quanto tantas outras enfrentadas pelos mais diversos grupos minoritários no país. Historicamente, é negado à comunidade PcD contextos de igualdade e inclusão em segmentos como saúde, educação, trabalho e convívio social, fatores englobados pelo conceito de capacitismo por meio do reforçamento de estereótipos, violência e negligência jurídica, perpetuando a ideia de que elas são inferiores ou dependentes. Na prática, a ideia de capacitismo pode se manifestar em diversos formatos: linguagem pejorativa; tratamento infantilizado; violência física e psicológica; e inacessibilidade arquitetônica, urbanística e digital. No que diz respeito à linguagem pejorativa, é comum que reproduzamos termos que, historicamente, estão associados à consolidação de estereótipos referentes às PcD. “Dar uma de João sem braço”, “fingir demência” e “retardado” são expressões que, mesmo quando utilizadas sem a intenção de ofender alguém, provavelmente vão causar desconforto. Também, comentários  como “não consigo imaginar como você faz as suas coisas”, “você é um exemplo de superação” e “e eu aqui reclamando da minha vida” em contextos inapropriados configuram situações de expressão de preconceitos e discriminações, uma vez que a luta da comunidade está atrelada justamente à busca pela possibilidade de não ser resumida a sua deficiência. Por esta mesma razão, também, é considerado ofensivo se referir a PcDs como “especiais” ou “deficientes”. Em relação à falta de acessibilidade arquitetônica e urbanística, é previsto, na Legislação Brasileira, espaços adaptados com rampas, elevadores e escritas em braile para que pessoas com mobilidade dificultadas e cegueira, respectivamente, possam se locomover. Assim como a disponibilização de conteúdos com closed caption, audiodescrição e Libras em produções audiovisuais, literárias e digitais, no tocante a falta de acessibilidade digital. Embora avanços em termos de conscientização e legislação devam ser reconhecidos, a inclusão efetiva das pessoas com deficiência ainda é um desafio. No Brasil, políticas como a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a Lei de Acessibilidade, a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva são alguns exemplos de políticas públicas que continuam a contribuir para melhores condições em aspectos como combate à violência, participação política e educação, trabalho e convívio social efetivos. Ademais, a Constituição Federal de 1988 estabelece fundamentos essenciais de promoção de igualdade, inclusão e não-discriminação. A Convenção Sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas, ONU, de 2006, estabelece como pessoa com deficiência aquela que possui “impedimentos de longo prazo de natureza física, mental ou intelectual que, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, podendo esses impedimentos serem permanentes, temporários ou progressivos. Fontes: https://www.bbc.com/worklife/article/20210330-the-harmful-ableist-language-you-unknowingly-use https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2020/11/capacitismo-subestimar-e-excluir-pessoas-com-deficiencia-tem-nome#:~:text=Origem,Permanente%20da%20Pessoa%20com%20Defici%C3%AAncia http://svr-net20.unilasalle.edu.br/bitstream/11690/3419/1/fpontin.pdf

Os benefícios do canabidiol em crianças com deficiência intelectual e o acesso a medicamentos no Brasil

Por Catrina Jacynto É muito comum encontrar crianças com deficiência intelectual que apresentam quadros de ansiedade, agitação e irritação, ao passo em que muitas vezes o que se vê são famílias buscando o tratamento de diversos profissionais a fim de trazer bem-estar e reduzir os sintomas dos pequenos. Entre as alternativas buscadas, uma das mais promissoras por conta de sua eficácia e origem natural e, ao mesmo tempo, a que mais sofre com estigmas e ainda é alvo de muitos debates acerca de seu uso é a cannabis medicinal. A Cannabis é um gênero de plantas angiospermas nativas do Centro e do Sul da Ásia e contém dois componentes principais que são ativados conforme o modo de uso: o THC (Tetrahidrocanabinol) e o CBD (Canabidiol). O primeiro tem efeitos psicoativos obtidos sobretudo através do fumo, trazendo uma série de consequências relacionadas à perda de memória, déficit de atenção e até mesmo dependência, enquanto o segundo é biologicamente ativo, cujo efeito é obtido através do extrato do caule, folhas e flores da Cannabis e não causa efeitos colaterais em quem o consome. O CBD, por conta dos seus efeitos positivos no organismo e por ser extraído diretamente da planta, é muito utilizado para fins terapêuticos, sendo ministrado nas formas de spray nasal, comprimido e óleo. Para as crianças com deficiência intelectual, algumas das principais aplicações de medicações à base de CBD são o tratamento de sintomas relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e epilepsia. Diversos estudos científicos comprovam os benefícios do CBD medicinal. No caso do TEA, um estudo da Universidade de Brasília de 2019 mostrou que 78% das crianças com TEA de 6 a 17 anos envolvidas na pesquisa obtiveram melhora em sintomas como crises nervosas, hiperatividade e déficit de atenção. Em relação à epilepsia, uma revisão sistemática publicada no Brazilian Journal of Development em 2022 demonstrou que 14 estudos evidenciaram que  a maioria dos pacientes com epilepsia refratária que utilizaram o canabidiol (CBD) em monoterapia ou tratamento complementar apresentaram melhora total ou parcial. Sobre o TDAH, ainda não há um estudo focado no transtorno em si, mas há diversas comprovações dos benefícios de medicamentos à base de CBD em sintomas comuns no TDAH, como ansiedade e hiperatividade. Apesar da ampla variedade de estudos que direcionam resultados positivos para o uso do CBD, ainda faltam avanços na legislação brasileira para expandir o acesso a esses medicamentos para as famílias necessitadas. Em 2019, a Anvisa regulamentou a RDC 327/2019, que trata das normas técnicas a serem seguidas para as condições de uso e fornecimento de remédios à base de CBD. Mesmo que esse tipo de regulamentação seja essencial para o avanço medicinal, o maior problema existente é que ainda há a proibição de cultivo de Cannabis em território nacional, ou seja, para obter essa categoria de remédios, não há outra alternativa que não seja a importação, o que torna seu custo muito elevado e, consequentemente, exclusivo de pouquíssima parte da população. Não basta sancionar diretrizes que determinem os modos de utilização e fornecimento desses medicamentos; é preciso garantir que eles sejam disponibilizados para as famílias que necessitam de tratamento para suas crianças. Em meio à essa barreira burocrática, há muito preconceito envolvido, sobretudo em relação à associação da Cannabis com o seu uso não-medicinal em fumo e com consequências totalmente distintas. Sobre isso, cabe salientar que o mais importante é que a população tenha consciência dos efeitos positivos do uso da planta, uma vez que o conhecimento contribui para o avanço nos debates existentes e desfaz tais preconceitos do senso comum. Referências: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/48520 https://new-blog.drcannabis.com.br/cbd-para-criancas-entenda-e-tire-suas-principais-duvidas/ https://cukiert.com.br/canabidiol-no-tratamento-da-epilepsia/ https://www.blogs.unicamp.br/descascandoaciencia/2020/02/08/cannabis-maconha-diferenca/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Cannabis https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/educacaoepesquisa/webinar/medicamentos/arquivos/WebinarAIRProdutosCannabiseParticipa.pdf https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2019.01145/full https://www.posuscs.com.br/a-cannabis-auxilia-no-tratamento-de-tdahij/noticia/2660#:~:text=H%C3%A1%20evid%C3%AAncias%20crescentes%20de%20que,e%20o%20controle%20dos%20impulsos.

10 influenciadores PDC’s para você conhecer e acompanhar de perto

Por Daniela Damasceno Todos nós sabemos o quanto a internet é capaz de dar voz à milhares de pessoas, e os influenciadores PCD estão revolucionando, cada vez mais, a maneira como a sociedade enxerga as pessoas com deficiências, oferecendo uma perspectiva única e autêntica sobre o que significa viver com uma condição específica.É por meio de suas redes sociais que eles compartilham histórias de superação, conquistas pessoais e desafios diários enfrentados em suas vidas. Por isso, o Click Inclusão selecionou 10 influenciadores que trazem conteúdo inclusivo e inspirador para você. 1 – Paola Antonini A modelo, atriz e influenciadora digital mineira Paola Antonini é exemplo e inspiração para muita gente. Em 2020, fundou o Instituto Paola Antonini, que atua proporcionando a reabilitação de pessoas com deficiência física por meio de doações de próteses, órteses, cadeiras de rodas e acessórios para reabilitação. Além de oferecer assistência psicológica e fisioterápica aos pacientes.Paola teve sua estreia como atriz na série da Netflix, “Todo dia a mesma noite”, interpretando uma personagem que sai da boate com vida, mas perde a perna por complicações durante seu resgate. 2 – João Ferdnan Baseando-se em situações corriqueiras, João Ferdnan ficou conhecido por seus vídeos engraçados postados no Tik Tok. Em 2022, o humorista foi indicado ao “Tik Tok Awards” na categoria “Rindo até 2022”.João é uma pessoa deficiência física, devido a uma paralisia cerebral. E, por esse motivo, utiliza cadeira de rodas para se locomover. Por outro lado, o maranhense busca ter o foco de seu conteúdo no humor. Ele conta que prefere ganhar seguidores pelo conteúdo e não pelo sentimento de pena. Mas, ao mesmo tempo, relatou em entrevista que recebe muitas mensagens de outras pessoas com deficiências contando que sentem-se representados por ele. 3 – Malu Paris A adolescente do Espírito Santo Malu Paris relatou ter ficado perdido sua audição aos cinco anos de idade. Hoje compartilha curiosidades sobre a rotina de uma jovem com surdez e também se diverte com trends e outros conteúdos virais.Em 2022, ela chamou ainda mais atenção do público ao ter seu vídeo incentivando os seguidores a tirarem o título de eleitor compartilhado por Mark Ruffalo, ator que interpreta o super-herói da Marvel, Hulk.Uma curiosidade interessante sobre Malu é seu nome de usuário nas redes sociais, @niishiimiya, inspirado na personagem Shouko Nishimiya do filme de animação japonesa “A Voz do Silêncio: Koe no Katachi”, que também têm deficiência auditiva. 4 – Cacai Bauer Cailana Eduarda Bauer Lemos, mais conhecida como Cacai Bauer, é natural de Salvador e é considerada a primeira influenciadora digital com Síndrome de Down do mundo.Em seu canal do YouTube, ela compartilha vídeos de dicas, perguntas e respostas, coreografias, piadas e vlogs cotidianos. Cacai também tem dado destaque para a questão da conscientização da sociedade sobre a Síndrome de Down em suas redes sociais. Ela usou o TikTok, por exemplo, para criticar como as pessoas enxergam quem tem Down, ressaltando a questão da infantilização, e expõe que é importante as pessoas enxergarem os adultos com síndrome de Down como verdadeiros adultos e não como crianças. 5 – Look Little Rebeca Costa, que em suas redes sociais leva o nome de Look Little, é formada em direito e influenciadora digital na área da moda. Em entrevista à Rádio Aparecida, ela conta que viu nas redes sociais a oportunidade de inspirar meninas e mulheres com a mesma deficiência (nanismo) a não se sentirem excluídas.Rebeca também é modelo, conhecida por seus trabalhos em moda inclusiva, participando de vários desfiles. Sua garra em representar o nanismo no ramo a levou até mesmo ao São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil e o mais importante da América Latina. 6 – Marina Melo Marina Melo tem fraqueza muscular e é influenciadora de beleza. Em suas redes sociais, a jovem faz react de produtos e comenta o que funciona ou não para sua condição física.Além disso, a carioca Mari Melo Abreu compartilha informações sobre seu tratamento e conscientiza os seguidores sobre a atrofia muscular espinhal. Em sua biografia no instagram ela afirma: “Não quero andar, quero acessibilidade e respeito”. 7 – Maju de Araújo Referência quando o assunto é inclusão e pertencimento, a modelo Maju de Araújo já foi citada na lista Forbes Under 30, dos jovens mais promissores do país. Atualmente, ela também é embaixadora digital da L’Oréal Paris e da ONG Nosso Olhar, que objetiva mobilizar e educar a sociedade para um mundo mais inclusivo, com foco nos portadores de síndrome de Down.Em 2022, a carioca teve sua estreia no São Paulo Fashion Week, cruzando a passarela para o Projeto Ponto Firme, do estilista Gustavo Silvestre. 8 – Nathalia Santos “Jornalista, palestrante, cega e mãe”, assim Nathalia Santos se define em seu perfil nas redes sociais. Nathalia nasceu com apenas 20% da visão e aos 15 anos já não enxergava mais. Como colunista do Terra, ela aborda sobre o universo das pessoas com deficiências.Atualmente, a jornalista atua como assistente de direção da novela “Todas as flores”, exibida no Globoplay. Segundo Sophie Charlotte, atriz que interpreta a personagem portadora de deficiência visual na trama, Nathalia é uma das mulheres fundamentais na preparação para viver Maíra. 9 – Kitana Dreams Em suas redes sociais, o carioca Leonardo Braconnot assume um importante personagem: Kitana Dreams. A drag queen surda além de falar sobre questões LGBTQIAPN+ em suas redes, faz vídeos de tutorias de maquiagem e dialoga com seus seguidores sobre a vida de uma pessoa surda.Kitana também faz diversos vídeos ensinando sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) aos seus seguidores. 10 – Fernando Fernandes O reconhecimento de Fernando Fernandes chegou antes de suas redes sociais, Em 2022, ele participou da segunda edição do ‘Big Brother Brasil’. O ex-‘BBB’ foi jogador de futebol profissional, boxeador amador e modelo internacional, mas em 2009 sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico.Fernando foi múltiplas vezes campeão brasileiro de paracanoagem e nunca abandonou o mundo dos esportes, mesmo após o acidente. Hoje, ele é apresentador na Globosat e compartilha sua vida de atleta

Inclusão PcD no humor brasileiro

Humoristas que trazem inclusão PCD para os palcos e telas do país. Por Leonardo Piza Uma das melhores formas de unir os indivíduos de uma sociedade é pelo humor. A todo momento, pessoas são conquistadas por algo que lhes arranca um sorriso sincero ou uma gargalhada espontânea. Seja uma piada, trocadilho, meme, imitação, etc. Atrair, conquistar e divertir é o principal papel exercido pelos profissionais da comédia, sempre criando proximidade com o público em apresentações ou vídeos de humor. No Brasil não seria diferente. Fazer piada de tudo é uma característica única e peculiar do nosso povo, e em matéria de talento e versatilidade, nossos comediantes dão o nome. E é claro que nossos humoristas PcD não ficam para trás. Por isso, separamos uma lista de profissionais do humor que apresentam alguma deficiência para nos inspirar com suas histórias de vida e suas carreiras de sucesso. Gigante Léo: Leonardo Reis, conhecido artisticamente como Gigante Léo, tem displasia diastrófica, um tipo de nanismo. Seus pais não possuem nanismo, porém ambos possuem o gene recessivo, o que explica o nanismo recessivo do filho. Começou no teatro aos 9 anos de idade, apresentando em um grupo de teatro na igreja em que frequentava. Ele começou a ganhar projeção nacional em 2011 ao ser o vencedor da regional Sudeste II e o vice-campeão geral do 1º Campeonato Brasileiro de Stand-up Comedy, promovido pelo festival Risadaria, maior evento do humor da América Latina. Em 2012, foi o campeão do Prêmio Multishow de Humor sendo a nova revelação do canal Multishow. Em seguida, iniciou sua carreira como roteirista, escrevendo seu programa, “O Diário do Gigante”, junto com Ulisses Mattos. Além disso, foi convidado a fazer participações em programas de emissoras como: TV Globo, SBT e Record. Em 2017, protagonizou o filme Altas Expectativas, que conta a história de um treinador de cavalos verticalmente desfavorecido que tenta conquistar a dona de um Jockey Clube do Brasil. Em seus stand-ups, Gigante Léo gosta de voltar seus textos para a reação das pessoas ao ver e interagir com alguém com nanismo nas ruas, sempre de uma forma divertida. Seu foco nunca foi falar sobre dificuldades enfrentadas, muito menos zombar de pessoas que também possuam a deficiência. Trecho do stand-up: “Eu gostaria de dar dois avisos muito importantes: o primeiro deles é que eu não estou de joelhos. […] O segundo aviso é que não precisa ter medo. Eu não vou descer do palco, eu não mordo.” “Todos somos iguais, apenas temos dificuldades diferentes”. – Gigante Léo. Jeffinho: Jefferson Farias, mais conhecido como Jeffinho, é ator e comediante. Ele possui deficiência visual devido a uma atrofia no nervo ótico, que é sequela de uma trombose cerebral que ele teve aos 11 anos de idade. Jeffinho começou na profissão aos 17 anos e chegou a estudar História na UFF, mas acabou se formando em Teatro pela UniverCidade. Em agosto de 2009, ele assistiu um show de stand-up pela primeira vez na vida e se interessou pelo formato. Determinado, pediu para subir no palco e utilizou o material que tinha consigo. Desde então nunca mais parou de se apresentar. Um de seus personagens mais famosos como ator foi o Ceguinho, em “A Praça é Nossa“, no SBT. No final de 2020, aos 30 anos, ele publicou seu livro “Eu decidi enxergar”, que traz histórias inéditas de sua trajetória enquanto artista e curiosidades dos bastidores ao longo de sua primeira década de carreira. Além de ministrar palestras motivacionais, o comediante encena espetáculos de humor por todo o Brasil, como o “Ponto de Vista“. O comediante procura falar sobre as situações engraçadas de seu dia a dia e a “falta de tato” que as pessoas têm ao se dirigir a deficientes visuais. Ele explica ainda que, em seus shows, não tira sarro de deficientes visuais, mas leva na brincadeira o que as pessoas dizem para ele. “As pessoas não vão para o teatro para rir do cego, elas vão para rir delas mesmas. Elas pensam: ‘ih, realmente, quando eu ajudei uma pessoa com deficiência visual eu fiz isso mesmo’” – afirma Jeffinho. Trecho do stand-up: “Eu tava na balada, uma menina me chamou de deficiente ‘audiovisual’. Quer dizer, eu tô sem som e sem imagem, brother.” “Rir é remédio. É defesa e remédio.” – Jefferson Farias. Ceguinho: Geraldo Magela, apelidado carinhosamente pelo público como Ceguinho, é conhecido em todo o Brasil e no exterior por seu humor e criatividade na superação de sua deficiência visual. Nascido em Belo Horizonte, ele vem de uma família composta por oito irmãos, sendo cinco cegos. Todos acometidos por uma doença conhecida como retinose pigmentar, que provoca perda gradativa da visão. Quanto ao Geraldo, teve dificuldade para enxergar já na infância, e o quadro piorou quando tinha aproximadamente 22 anos. Inspirado pelos programas de rádio que ouvia na adolescência, fez locuções em lojas da cidade natal como propagandista anunciando produtos. A carreira artística começou no rádio. Como ouvinte, ganhou um concurso do programa de Aldair Pinto, grande nome do rádio mineiro. Rapidamente Ceguinho ganhou seu próprio programa de rádio por conseguir conquistar o público de forma única e criativa. Trabalhou em diversas emissoras mineiras: Rádio Inconfidência, Rádio Capital, Rádio Itatiaia. Magela viu sua carreira decolar em 1996, quando lançou o show “Ceguinho é a Mãe” no programa Jô Soares Onze Meia, no SBT. O artista permanece atuante na TV, teatro, e também na Internet. E passou a ser bastante requisitado por diversas empresas e municípios para transmitir sua mensagem cativante em palestras show pelo país. Trecho do stand-up: “A maioria como faz pra atravessar o cego? Pega a gente pelo braço, suspende o braço da gente e aperta. Mas aperta com tanta força que dá impressão que eles têm medo da gente fugir. Eu não quero fugir, eu só quero atravessar a rua.” “Você nunca deve parar, pois quem para só anda para trás. Se você não tentar, já estará derrotado antes mesmo de seguir em frente.” – Ceguinho. Pequena Lô: Lorrane Silva, conhecida por toda a internet

Primeiro personagem com síndrome de down da Disney e o valor da representatividade

Por Ana Andrade Lançado em 28 de abril diretamente pelo Disney+, serviço de streaming de um dos estúdios mais famosos do mundo, Peter Pan & Wendy chama atenção para além da história original sendo recontada, trazendo a representatividade que os tempos atuais exigem ao mesmo tempo em que conserta os erros de sua inspiração. Com 15 anos, o ator Noah Matosfky revoluciona ao interpretar o primeiro personagem importante portador de síndrome de down em um filme da Disney. Tendo conseguido o papel em 2021, o garoto marca sua estreia no cinema interpretando Slightly, o líder dos meninos perdidos, grupo que também é liderado por Peter Pan. Em entrevista para o The Sun, o ator contou um pouco sobre sua experiência no live-action: “Tive muitas falas para aprender muito rapidamente, mas foi emocionante e eu gostei muito”. (Cartaz do ator Noah Matifsky para o filme) OUTROS ACRÉSCIMOS AO ELENCO Além da estreia do ator, o filme também conserta um problema vindo de sua origem: A personagem Tiger Lily. Indígena, a personagem e sua tribo foram representados de forma estereotipada em toda a animação, algo inadmissível para a nova obra. David Lowery, roteirista do novo filme, deu uma entrevista para a Entertainment Weekly em 2018 e aproveitou para esclarecer o assunto antes durante a produção: “O filme original do Peter Pan é obviamente muito racista. Isso tem que ser reparado imediatamente.” Outro acréscimo no elenco foi a atriz Yara Shahidi como Tinker Bell. Ao ser anunciada, a atriz norte-americana sofreu ataques racistas pela internet, sendo apoiada por Halle Berry, a intérprete da Ariel em A Pequena Sereia (2023). Após o lançamento, a atuação de Yara foi elogiada por parte do público. A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE A representatividade que esse filme traz, uma das maiores em filmes da Disney, chama a atenção de forma positiva, ainda que de forma tardia. Após anos com histórias apenas de personagens brancos e sem deficiência, a abertura para mais diversidade nas tramas e no elenco vem para representar uma humanidade tão plural como a nossa, mesmo em um filme de fantasia. Afinal, as obras são justamente para crianças, e a alegria delas em se verem na tela deve ser valorizada, e também protegida. Porém, o caminho para que as pessoas entendam a importância e o foco dessa representatividade após anos com um padrão milimetricamente definido ainda é longo, envolvendo muito mais do que o cinema.  Poucas são as alterações feitas em live-actions ou outros tipos de adaptações que não recebem comentários de ódio. Os focos são, principalmente, em mudanças de etnia e sexualidade. Em alguns casos, atores e atrizes são obrigados a limitar comentários em suas publicações, ou então apagar suas próprias redes sociais para que ataques diretos cessem.  As críticas, muitas vezes, são baseadas na versão original da obra. Em Peter Pan & Wendy, por exemplo, ataques racistas foram feitos porque a Tinker Bell, em diversas animações, é branca e loira. No live-action mais recente, porém, sua intérprete é negra. O mesmo acontece em A Pequena Sereia, com estreia programada para 25 de maio de 2023, onde a protagonista é interpretada por Halle Berry, também negra. Em um mundo preconceituoso, mudanças como as citadas também são atos de coragem, principalmente dos atores, alvos dos ataques de ódio, principalmente virtuais. Porém, para as crianças, uma maior representatividade pode lhes mostrar que sim, ela pode ser o que quiser. Desde menino perdido, fada ou até uma sereia. 

Comemorações em Libras incentivam a inclusão de torcedores surdos

Através da Língua Brasileira de Sinais, jogadores celebram os gols marcados e promovem a inclusão social. Por: Thammy Luciano Celebrar um gol feito pelo jogador do seu time do coração em uma partida de futebol é algo inexplicável. E se durante uma comemoração você se sentir parte daquele momento repleto de emoções? Promovendo a inclusão social, o futebol tornou-se uma ferramenta de mudanças que vão além das quatro linhas e passou a ser um espaço que possibilita dar visibilidade à comunidade surda brasileira. As comemorações na Língua Brasileira de Sinais (Libras) têm se popularizado. Em 2019, Gabriel Barbosa, atacante do Flamengo, em Libras, disse após marcar um gol em partida pelo Campeonato Brasileiro: “Hoje tem gol do Gabigol.” Na final da Copa do Brasil, em outubro de 2022, disputada por Flamengo e Corinthians, o atacante Pedro também comemorou o gol que abriu o placar do jogo com uma frase em Libras: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”, uma passagem bíblica de João 14:6. Foto: (Reprodução/ESPN) Em abril deste ano, Thiago Galhardo, atacante do Fortaleza, marcou contra o Águia Marabá pela Copa do Brasil e também falou na Língua Brasileira de Sinais. Na ocasião, o atleta disse a frase: “Jesus ama você”, a mesma comemoração foi feita por Gabriel Pec, do Vasco, ao marcar contra o Palmeiras no mesmo mês. Em todas as ocasiões, os atletas reforçaram a necessidade de incluir os torcedores surdos e proporcionar a eles as emoções do futebol. Assim, o esporte assume a posição de instrumento de mudanças sociais, incentivando não somente a inclusão das pessoas surdas, mas também abrindo espaço para novas ações voltadas à toda comunidade. Foto: (Mateus Lotif/Fortaleza EC) Libras A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida como uma das línguas oficiais do Brasil há 21 anos pela Lei de nº 10.436. Falar em Libras possibilita uma comunicação padronizada, entretanto, é uma língua viva e, por isso, novas expressões estão sempre surgindo. Aprender Libras estimula o desenvolvimento social e emocional da pessoa surda, daqueles que são parte do seu convívio e de todos que desejam falar a Língua Brasileira de Sinais. Além de incluir os torcedores surdos, falar em Libras em um momento onde toda a atenção está voltada ao jogador, permite que o público compreenda a necessidade de refletir sobre as dificuldades enfrentadas cotidianamente pelas pessoas surdas e aprender mais sobre a língua. Referências: https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/hoje-tem-gol-do-gabigol-apos-problema-com-cartaz-atacante-do-flamengo-usa-libras-para-comemorar.ghtml http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/dia-nacional-da-libras https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/a-lingua-brasileira-de-sinais-como-ferramenta-de-inclusao-social https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2022/04/lei-que-institui-a-lingua-brasileira-de-sinais-completou-20-anos https://www.opovo.com.br/esportes/futebol/times/fortaleza/2023/04/12/galhardo-do-fortaleza-comemora-gol-em-libras-saiba-o-que-ele-disse.html https://www.supervasco.com/noticias/gabriel-pec-comemora-gol-em-libras-video-365396.html https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2022/10/19/entenda-o-que-pedro-disse-em-libras-apos-gol-do-flamengo-contra-corinthians.htm

Governo Federal retoma políticas de assistência à pessoas com deficiência

Por Gabriel Viera Nova composição do Governo Federal retoma políticas de assistência à pessoas com deficiência, medidas contrastam com atitudes tomadas pela gestão anterior. O início do terceiro mandato não-consecutivo de Luís Inácio Lula da Silva (PT), foi marcado por atitudes direcionadas ao asseguramento de direitos para pessoas com deficiência. Na cerimônia de posse, o influenciador Ivan Baron, que possui mobilidade reduzida por consequência de meningite viral, foi um dos oito convidados para passar para o petista a faixa presidencial. Ainda no primeiro dia de legislatura, Lula revogou duas Medidas Provisórias não condizentes com as diretrizes do Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelecidas no governo anterior, de Jair Messias Bolsonaro (ex-PL). As atitudes são simples, mas marcam o início de um novo contexto sócio-político para as pessoas com deficiência, que nos últimos quatro anos, tiveram secretarias e normatizações sucateadas em contraposição a mais de uma década de assistência crescente. A primeira MP revogada por Lula foi o de n° 10.177/2019, que reconfigurava o aparelhamento institucional do Conselho Nacional das Pessoas com Deficiência (Conade), dificultando significativamente seu funcionamento. O decreto foi elaborado sem a participação social de pessoas com deficiência e cessou atividades do órgão durante meses. A segunda MP foi a de n° 10.502/2020, que, em plena pandemia, instituiu a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida, que promovia a criação de escolas exclusivas para PCDs e possibilitava a instituições não-acessíveis recusar efetuar a matrícula de estudantes com deficiência, em vez de providenciar mecanismos de inclusão. A Medida entrava em confronto com o Decreto n° 6.094/2007, regulador da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva Inclusiva, que estimula a criação de políticas públicas de atendimento adaptado a esses alunos. Na cerimônia de posse, Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, acompanhado por oito civis, representantes de oito dos grupos de diversidade que constituem o Brasil. Dentre eles, estava Ivan Baron, influenciador digital. O jovem conta com quase 500 mil seguidores nas suas redes sociais e produz conteúdo anti-capacitismo, provendo informações, reflexões e discussões sobre acessibilidade, inclusão e direitos das pessoas com deficiência. Ivan possui mobilidade reduzida, pois aos três anos sofreu paralisia cerebral após contrair meningite viral. “Acolher quem é desacreditado e ressignificar o destino que já foi traçado”, dizia escrita na jaqueta do jovem que passou, quando criança, por uma paralisia cerebral resultante da infecção.  Ainda nos primeiros dias do novo governo, o nome de Anna Paula Feminella foi anunciado como o mais novo responsável pela direção da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, SNDPD. Na cerimônia de posse, realizada durante a 131ª Reunião Ordinária do Conselho do Conade, a especialista em educação e inclusão de pessoas com deficiência contou assinou, com Marco Menezes, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, um acordo de parceria com o grupo oriundo da Fiocruz, retomando três dos pilares que mais dificultaram o exercício da cidadania das PCDs na última gestão: inclusão, educação e saúde. Fontes: https://www.terra.com.br/amp/nos/propostas-do-governo-lula-para-a-populacao-com-deficiencia-sao-minimas-e-obvias,095020a2918657226d0047c77036abf0bafj3n73.html https://www1.folha.uol.com.br/amp/educacao/2023/01/ato-de-lula-poe-fim-a-inseguranca-juridica-de-alunos-com-deficiencia-diz-especialista.shtml https://portal.fiocruz.br/noticia/ensp-e-secretaria-nacional-dos-direitos-da-pessoa-com-deficiencia-assinam-acordo-de https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/opiniao/2023/01/24/nao-existe-inclusao-sem-acessibilidade-governo-lula-ainda-derrapa-no-tema.htm?cmpid=copiaecola https://guiadoestudante.abril.com.br/noticia/lula-revoga-decreto-de-bolsonaro-que-segregava-estudantes-com-deficiencia/amp/

PcDs no Mercado de Trabalho e as barreiras persistentes do Capacitismo

Por Helena Simionatto A inclusão e a acessibilidade no mercado de trabalho são temas que ganharam grande destaque nas últimas décadas, impulsionados pela crescente conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência e pela necessidade de promover a diversidade e a equidade nas empresas e na sociedade como um todo.  Com decretos de leis que fundamentalmente garantem os direitos das pessoas com deficiência, é quase impossível ouvir alguém dizer que é contra a inclusão e a acessibilidade, inclusive, as empresas cada vez mais divulgam adotar práticas inclusivas em seus processos seletivos e rotinas de trabalho. Nesse processo, temos alguns marcos de extrema importância, como a Lei de Cotas que, desde 1991, obriga empresas a garantirem a contratação de uma porcentagem de pessoas com deficiência, e da promulgação da Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor no ano de 2015 e consolidou uma série de direitos discutidos na Convenção dos Direitos das Pessoas com deficiência, promovido pela ONU.  No entanto, ainda há muito a ser feito para que essas leis sejam de fato aplicadas e para que a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho se torne uma realidade efetiva. Apesar dos avanços conquistados, as estatísticas revelam que essa ideia de inclusão e acessibilidade não reflete exatamente o que ocorre na realidade, apontando para uma persistência de barreiras e preconceitos que dificultam que essas iniciativas sejam colocadas em prática. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2019, mesmo antes do impacto causado pela pandemia COVID-19, o número de pessoas com deficiência formalmente empregadas correspondia a apenas 0,98% dos trabalhadores com carteira assinada, sendo que, segundo o IBGE, pelo menos 25% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Essa discrepância pode ser explicada, em parte, pela falta de regulamentação específica e aplicabilidade das propostas apresentadas pela legislação. Embora os avanços e diretrizes alcançados tenham sido importantes, sua implementação ainda enfrenta muitos desafios e obstáculos, sendo o capacitismo um dos principais deles. Mas o que é o Capacitismo? O capacitismo é uma forma de discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência, que se baseia na crença de que a deficiência é uma condição negativa ou inferior. A suposição de que corpos com deficiência têm menos valor, são menos capazes ou menos inteligentes está atrelada a construções sociais reforçadas há séculos e que limitam a participação plena e igualitária de pessoas com deficiência na sociedade. Essas construções sociais criam barreiras físicas ou de comunicação que dificultam o acesso de pessoas com deficiência a oportunidades culturais, educacionais e profissionais, restringindo-as a atividades consideradas mais fáceis ou menos qualificadas. Essas barreiras podem ser visíveis ou invisíveis, e muitas vezes são perpetuadas pela falta de conhecimento e conscientização sobre as necessidades e habilidades das pessoas com deficiência. Por exemplo, muitas empresas ainda não oferecem adaptações razoáveis para seus funcionários com deficiência, como equipamentos de tecnologia assistiva, intérpretes de língua de sinais ou rampas de acesso. Além disso, muitas vezes há uma falta de representação adequada de pessoas com deficiência na mídia e na cultura popular, reforçando estereótipos negativos e limitantes. O capacitismo também pode se manifestar em atitudes e comportamentos que desconsideram as necessidades e desejos das pessoas com deficiência, como a infantilização, a superproteção ou a negação de sua autonomia. Essas atitudes podem levar a uma falta de respeito pelos direitos das pessoas com deficiência e impedir seu pleno desenvolvimento e participação na sociedade. É importante destacar que o capacitismo não se limita apenas a essas crenças e discriminações explícitas. Podemos pensar “Mas eu não acho que PdDs são inferiores, logo, não sou capacitista”, mas ele também pode se manifestar de outras formas, como por meio de piadas ou da adjetivação das deficiências para uso pejorativos. Muitas vezes, essas expressões são tão comuns e naturalizadas na sociedade que parecem estar desconectados de seus significados originais, mas é fundamental que eles sejam resgatados e reconhecidos, questionar sua origem e o que representam. Para combater o capacitismo, é necessário reconhecer e valorizar a diversidade humana e a contribuição das pessoas com deficiência em todas as áreas da sociedade. Por isso, é fundamental que as pessoas estejam atentas às suas próprias atitudes e comportamentos, ao mesmo tempo, em que as empresas se esforcem para adotar de fato medidas de acessibilidade e adaptação, capacitação e valorização das pessoas com deficiência, ofertando oportunidades de desenvolvimento e progressão na carreira, além da promoção de um ambiente de trabalho acolhedor, respeitoso e livre de preconceitos. O capacitismo é um problema grave e generalizado em muitas sociedades, ao adotarmos essas medidas, estaremos não apenas combatendo esse problema, mas também promovendo a inclusão e a diversidade no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo. Referências https://www.forbes.com/sites/roberthart/2023/03/08/elon-musk-apologizes-after-publicly-mocking-disabled-twitter-employee/?sh=632f62b6455d https://noticias.unb.br/112-extensao-e-comunidade/5957-mesa-redonda-discute-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho-e-na-universidade https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/mercado-de-trabalho-para-pcd/

Violência contra crianças com deficiência: Um problema que necessita de discussão

Por Catrina Jacynto Quando se fala sobre a relação entre a sociedade e as pessoas com deficiência, é possível tomar como partida diversos temas de discussão, como a acessibilidade e a inclusão. no entanto, é impossível falar dos direitos das pessoas com deficiência sem mencionar um tópico sensível como a violência sofrida pelas mesmas principalmente quando crianças, uma realidade ainda recorrente nos dias atuais. Tal pauta não pode ser negligenciada, uma vez que é necessário jogar luz sobre esse tipo de acontecimento não apenas para levantar iniciativas que visem extinguir esse tipo de discriminação, mas também para refletir sobre as motivações desse problema. A violência contra crianças com deficiência é uma questão grave que gera milhões de vítimas ao redor do mundo, fato confirmado por diversas estatísticas. Segundo um estudo divulgado em 2013 pela Unicef, crianças com deficiência são três vezes mais propensas a sofrerem violência do que crianças sem deficiência. Além disso, uma análise publicada recentemente pela The Lancet Child & Adolescent Health concluiu que, em todo o mundo, 31,7% das crianças e adolescentes de 0 a 18 anos foram vítimas de violência, contabilizando aproximadamente 16,8 milhões de crianças e adolescentes com deficiência de 25 países que haviam sofrido algum tipo de violência. Recentemente, um caso que ganhou ampla repercussão nas mídias sociais e jornalísticas foi o de uma menina autista vítima de humilhação e bullying por parte de outras crianças numa escola do Rio de Janeiro. No vídeo do ato, a menina é ofendida e agredida enquanto as demais crianças riem das suas reações de desconforto. Além da dimensão da violência provocada por crianças da mesma faixa etária, chamou atenção a reação da diretora ao ocorrido. Em outro vídeo publicado, a mesma dá declarações numa sala de aula culpabilizando quem gravou o vídeo da agressão, desviando o foco do acontecimento para a popularização do mesmo ao invés de procurar compreender o porquê de crianças em plena escola acharem cômico perseguir uma colega com autismo. Na tentativa de buscar razões para esse tipo de hostilidade, não é preciso um aprofundamento mais extenso para constatar que, infelizmente, o fato de uma criança com deficiência muitas vezes não ter condições de se defender ou de relatar agressões verbais ou físicas faz com que elas sejam alvos fáceis para os agressores. Segundo a Ampid (Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência), o próprio poder público pode ser um fator de violência. Diversos elementos colaboram para que essa situação persista, tais como a falta de punição dos agressores, o receio de reportar o abuso, as crenças preconceituosas acerca da inferioridade do outro e o menosprezo da vítima. Além disso, a desinformação e a falta de orientação adequada, sobretudo no ambiente escolar, que é um local propício para a formação intelectual e social, viabiliza a perpetuação de estigmas, estereótipos e preconceitos que, inicialmente, serão combustível para piadas, e em seguida, um gatilho para a intolerância. Diante de uma problemática tão complexa e enraizada na sociedade, pensa-se em meios eficazes de eliminar – ou, ao menos, reduzir drasticamente – os atos de discriminação frente àqueles que não se enquadram nos padrões estabelecidos. De acordo com Zuyi Fang, co-autora de um estudo direcionado às estatísticas de violência sofrida por crianças com deficiência, embora os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU visem eliminar a violência como um todo contra crianças até 2030, isso demandará que líderes políticos e pesquisadores atuem em conjunto para implementar ações que gerem efeitos positivos na sociedade, intervindo diretamente em diferentes comunidades a fim de proporcionar a conscientização almejada. Além disso, a assertividade da legislação deve ser garantida. No Brasil, é previsto na Lei nº 13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que é considerado crime praticar qualquer ato de violência física ou psicológica contra uma pessoa com deficiência, com pena de 2 a 5 anos de reclusão. Por mais que existam meios legais para legitimar a proteção das crianças com deficiência da violência, o sucesso de todas essas ações depende exclusivamente da mudança ideológica da sociedade a respeito das pessoas com deficiência. Enquanto os preconceitos não forem repreendidos e suprimidos na sua raiz, recebendo o tratamento condizente com a sua gravidade, mais vezes as cenas de discriminação irão se repetir. O caso citado como exemplo ocorreu em plena escola e foi classificado como “brincadeira” pela pessoa responsável por adotar as medidas cabíveis para corrigir as crianças agressoras e orientar os demais membros do corpo docente e discente. Esse tipo de comportamento não pode ser reduzido a uma mera diversão desmedida ou a uma desavença casual, o que demonstra também que a mudança deve ocorrer na forma de lidar com uma intercorrência dessa natureza. Quanto mais cedo for posto em debate esse tipo de conduta e forem enumerados os erros e as suas consequências, maiores serão as chances de verdadeiramente readequar o proceder dos indivíduos envolvidos e, assim, romper com a escalada da violência. REFERÊNCIAS https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/05/130530_deficiencia_unicef_lgb https://g1.globo.com/rj/norte-fluminense/noticia/2023/03/31/aluna-com-autismo-e-vitima-de-bullying-dentro-de-escola-videos-repercutem-e-geram-protesto-em-natividade-rj-video.ghtml http://www.ampid.org.br/ampid/Artigos/MGugel_Iadya_Violencia_Deficiente.php

A representatividade de pessoas com deficiência nas telas brasileiras

Por Leonardo Pizza Diversos filmes, séries e novelas são produzidos em massa nos dias de hoje com temas e personagens variados. Com isso, tem-se visto um avanço na representação de diferentes grupos sociais e os impactos sofridos na sociedade. Tratando-se de pessoas com deficiência, os números passam longe de serem considerados exemplares, inclusive em nosso país. O que os dados mostram sobre a representação de PcD nas telas? Segundo a pesquisa TODXS, “O mapa da representatividade na publicidade brasileira”, com apoio da agência HEADS, na edição de 2022, constatou-se que apenas 1,2% de peças publicitárias apresentavam pessoas com deficiência. A pesquisa foi concluída com a seguinte opinião: “[pessoas com deficiência] deveriam ter sua existência naturalizada na publicidade”. A Global Alliance for Disability in Media and Entertainment (GADIM), projeto apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela International Disability Alliance (IDA), defende a inclusão das pessoas com deficiência na propaganda como forma de conscientização e inclusão. Em 2010, o IBGE constatou que o Brasil contava com mais de 45 milhões de pessoas com deficiência. Este número vem crescendo cada vez mais. A Sondery, consultoria especializada no desenvolvimento de comunicação criativa para acessibilidade, estima que, até 2030, pessoas com deficiência representarão 30% da população brasileira. Ainda sim, pouco se vê sobre essa parte da população nas telas. Como as novelas representam essas pessoas com deficiência? Nana Datto é uma mineira de 23 anos com displasia óssea nas duas pernas. É palestrante desde os 17 e publicitária pela ESPM. Nana fez um TCC para o curso de Comunicação e Publicidade intitulado “A representação de PcD nas novelas das nove, da Rede Globo, dos anos 2000 até 2020”. Foram pesquisadas ao todo 40 novelas e os resultados apresentados a um grupo focal composto por pessoas com deficiência ou voltadas a esse público. Nana informou: “O grupo emitiu suas impressões sobre personagens e cenários representados e me permitiu chegar à conclusão de que ainda temos muito o que caminhar para uma produção televisiva mais diversa”. Nana investigou como as novelas retratavam pessoas com deficiência na época escolhida. Concluiu-se que, no universo pesquisado, existem poucas produções que trazem PcDs como personagens e nenhuma delas os traz como papéis principais. Em 20 anos, apenas as novelas “América” (2005), “Páginas da Vida” (2006), “Viver a Vida” (2008) e “O Outro Lado do Paraíso” (2011) representaram pessoas com deficiências em suas tramas, mas constatou-se que ainda reproduziam capacitismo e estereótipos. Além disso, apenas Páginas da Vida e O Outro Lado do Paraíso contavam com atrizes PcDs interpretando as personagens. “Todas as Flores”, novela produzida pela TV Globo e exibida pelo serviço de streaming Globoplay, tem sido muito debatida desde seu lançamento no ano passado. Isto porque a novela é focada em histórias de pessoas com deficiência. A protagonista, Maíra, é deficiente visual, embora Sophie Charlotte, a atriz que a interpreta, não seja. Desta forma, foram incluídos personagens PcD interpretados por atores que também passam por essa realidade na vida real. Cleber Tolini, Moira Braga e Camila Alves interpretam analistas olfativos da empresa de vestuário e perfumaria Rhodes. Cleber é um ator com baixa visão, nível abaixo de 20%, que costuma fazer papéis humorísticos. Moira é atriz, bailarina contemporânea e performer. Já Camila é psicóloga clínica, psicoterapeuta corporal e consultora em acessibilidade estética. Quais filmes brasileiros abordam a temática de pessoas com deficiência? Cada vez mais filmes com temática PcD têm feito sucesso pelo mundo nos últimos tempos. Alguns deles são: Encontro às Escuras (2006), Intocáveis (2011), Margarita com Canudinho (2014), Forjando Campeões (2020). Ter esta representação nas telas auxiliou no aumento da visibilidade deste tema e gerou cada vez mais debates a respeito. Mas como se encontra o cenário cinematográfico brasileiro com relação a essa temática? Infelizmente, a quantidade de filmes sobre personagens com deficiência no Brasil ainda é muito baixa. Parte deles nunca foram assistidos pela grande massa. Sendo assim, separamos uma lista com os principais filmes brasileiros com temática PcD para conhecer melhor sobre o assunto e para que brasileiros com deficiência se sintam representados nas telas: A Pessoa é para o que Nasce (1998) – Três irmãs cegas viveram toda sua vida cantando e tocando ganzá em troca de esmolas nas cidades e feiras do nordeste brasileiro. Após uma grande reviravolta, as mulheres são transformadas em grandes celebridades. Herbert de Perto (2009) – Conheça a vida de um dos mais talentosos músicos brasileiros. Herbert, o líder da banda Paralamas do Sucesso, conta sua história de luta, persistência e superação. Colegas (2012) – Três jovens com síndrome de down, apaixonados por cinema, fogem da instituição onde vivem para perseguir seus sonhos em uma grande aventura. Márcio precisa voar, Aninha quer se casar e Stalone deseja ver o mar. Pauê – O passo de um vencedor (2013) – A vida e a carreira esportiva de Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, ou simplesmente Pauê – o surfista que perdeu as duas pernas em um acidente de trem aos 18 anos e superou todos os obstáculos para se tornar campeão mundial de surf. Hoje eu Quero Voltar Sozinho (2014) – Leonardo é um adolescente cego que quer ser mais independente, porém a superproteção da mãe não o ajuda. Ele planeja fazer uma viagem de intercâmbio, porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta desconhecidos sentimentos no garoto. O Filho Eterno (2016) – Roberto e Cláudia aguardam a chegada de seu primeiro bebê. A notícia de que seu filho seria portador de Síndrome de Down faz Roberto, que é escritor, ter sérias dificuldades com a paternidade. Qual a importância da representatividade PcD nas telas? A representatividade está positivada na nossa Constituição Federal do Brasil de 1988. Em seu parágrafo único do artigo primeiro, estabelece que “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”. Algumas das dificuldades sofridas por pessoas com deficiência devido à falta de inclusão e tratamentos desiguais: exclusão de PcD de todas as garantias sociais e estatais, discriminação, falta de acessibilidade em ambientes públicos,

BBB 23 e a autodescrição

Por Catrina Jacynto Com o início da 23ª edição do Big Brother Brasil, os telespectadores foram surpreendidos com a atitude espontânea dos participantes do reality em descrever a própria aparência a fim de proporcionar ao público com deficiência visual o conhecimento da fisionomia dos mesmos. Muito se comentou sobre esse fato e levantou um debate relevante, sobretudo ao falarmos de inclusão e acessibilidade: por que fazer a audiodescrição? Para começar, é importante definir que o que os participantes fizeram não foi uma audiodescrição de fato, mas uma autodescrição, ou seja, uma narrativa sobre a própria aparência. Isso, claro, não diminui o mérito do feito, mas é preciso estabelecer que a audiodescrição vai muito além do que uma descrição direta e precisa de paisagens, pessoas e imagens no geral.  A audiodescrição é uma técnica de transmissão de informação que permite que pessoas com deficiência visual possam ter acesso ao conteúdo audiovisual, tais filmes, programas de televisão, jogos, eventos ao vivo, entre outros. Através da audiodescrição, é possível descrever detalhes visuais, como cenas, ações, expressões faciais e outros elementos relevantes que complementam a narrativa, sem interferir na trilha sonora original. Além do público deficiente visual, a audiodescrição também pode ser útil para pessoas com dificuldades de compreensão visual, como idosos, crianças pequenas, pessoas com dificuldades de concentração e daltônicos. Os audiodescritores, como são denominados os responsáveis por essa atividade, precisam ter acesso a uma formação adequada que abranja conceitos sobre a deficiência visual, histórico, princípios e teorias da audiodescrição, além de noções de resumo e treinamento prático. É fundamental que eles também assistam a peça, filme ou espetáculo antes de elaborarem a audiodescrição, para ter familiaridade com o tema, personagens, figurino, vocabulário específico, autor e cenários. Outro fator essencial é a produção de um roteiro para audiodescrição, que inclua todas as informações adicionais que serão inseridas entre os diálogos. No teatro, este roteiro é revisado pelo diretor da peça, que verifica a coesão e fidelidade ao tema e linguagem da obra. As informações devem ser objetivas e isentas de opiniões pessoais do audiodescritor. Este é um trabalho que requer atenção, tempo, dedicação e preparação. Apesar da autodescrição feita no BBB 23 não corresponder exatamente aos trâmites técnicos da audiodescrição, ela foi muito significativa para trazer visibilidade para o valor da audiodescrição e a acessibilidade. A passos lentos, porém progressivos, a audiodescrição é somada aos mais diversos programas. Quanto maior for o conhecimento da população a respeito dessa tecnologia, maior será a busca pelo uso e oferta desse recurso por parte das instituições, além de viabilizar a naturalização da descrição, por mais que simples, como um ato que impacta diretamente nas impressões que uma pessoa com deficiência têm do mundo à sua volta. As fontes utilizadas:

Futsal Down: O esporte como ferramenta de inclusão

Por Thammy Luciano A prática da atividade promove a autonomia e o bem-estar de crianças, jovens e adultos. No dia 21 de março, foi celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. A data tem como propósito recordar e conscientizar todos sobre a luta cotidiana pela equidade dos direitos e a inclusão das pessoas com Síndrome de Down. Visando promover a qualidade de vida e contribuir para desenvolver cada vez mais a autonomia, o esporte tornou-se uma ferramenta de inclusão para crianças, jovens e adultos. Entre tantas atividades, o futsal vem conquistando espaço e tornando-se uma das escolhas favoritas. Dizer que o Brasil é o país do futebol, é uma unanimidade, mas também podemos declarar orgulhosamente que temos a melhor Seleção de Futsal Down do mundo. Há 15 anos, após ter se aposentado dos gramados, o ex-jogador do Corinthians, Cleiton Monteiro, passou a treinar a primeira equipe de futsal para pessoas com síndrome de Down. O time montado em parceria com o Corinthians e a Associação Paradesportiva JR, tornou-se referência no país e deu o pontapé inicial para a popularização do futsal Down. Pouco tempo depois, em 2011, Monteiro assumiu o dever de montar a Seleção Brasileira de Futsal Down, que conquistou seu primeiro título em 2019. Seleção Brasileira de Futsal Down na conquista do bicampeonato mundial. Reprodução: (Foto: Marcos Riboli) Em 2022, a equipe masculina de futsal Down foi bicampeã mundial contra os maiores rivais do Brasil, a Argentina. O torneio que aconteceu em Lima, no Peru, foi conquistado pelos brasileiros com o placar de 5 a 1, concretizando o talento e a qualidade da equipe invicta em cinco jogos. Em entrevista ao Terra, em março de 2022 por Rosana Ferreira, Cleiton Monteiro disse que os atletas com Down passam por treinamentos próximos aos de times profissionais e o cuidado com o grupo é um diferencial. Inclusão A prática do esporte traz inúmeros benefícios para a pessoa com a Síndrome de Down. Além de melhorar a qualidade de vida, o futsal trabalha a coordenação, o desenvolvimento cognitivo, o psicológico, ajudando a aprender a ganhar, perder e lidar com seus sentimentos, e contribui para o bem-estar social, uma vez que estar em grupo leva o atleta a interagir com outras pessoas, aprendendo a trabalhar em equipe. O futsal como ferramenta de inclusão social, de acordo com Claudete de Lima, Coordenadora do Centro Síndrome de Down de Campinas, em entrevista ao Correio Popular em março, é um método eficaz no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos. Apesar da promoção da inclusão social através do esporte, o futsal Down enfrenta uma luta diária para manter as atividades e permitir que os atletas de equipes masculinas e femininas continuem em ação e participando de competições. A falta de incentivo e investimento prejudica os times. Embora a Seleção Brasileira de Futsal Down tenha destaque mundial, para participar do campeonato em que conquistou o segundo título foi necessário arrecadar recursos a partir de uma vaquinha virtual, para as passagens aéreas, hospedagem e alimentação dos atletas. Além disso, por não fazer parte do programa paraolímpico, o futsal Down encara dificuldades para receber apoio e ganhar visibilidade. Ainda que a luta pela equidade seja cotidiana, o futsal Down sobrevive e segue firme, criando um legado e compondo uma história de vitórias. O suporte inicial de Cleiton Monteiro e daqueles que acreditaram em seu projeto, foi e é fundamental para que crianças, jovens e adultos com Síndrome de Down sigam praticando esportes e vivenciando novas experiências. Conheça o Futsal Down Equipe de Futsal Down criando em parceria com a Ponte Preta em 2019. Reprodução: (Foto: Marcos Riboli) Ponte Preta S21 O projeto em parceria com a Ponte Preta, equipe de futebol de Campinas, teve início em 2019 e conta com mais de 50 atletas a partir dos 6 anos de idade, nas categorias de futsal masculino e feminino. As atividades são gratuitas e mantidas a partir de trabalho voluntário de profissionais de educação física, pais e amigos. Integrante do FutDown Hortolândia ao lado de Marcos Leonardo em visita ao CT Rei Pelé. Reprodução: (Raul Baretta/ Santos FC). FutDown Hortolândia A equipe mantém atividade na cidade de Hortolândia, São Paulo. O projeto iniciado pela prefeitura da cidade foi criado para promover a inclusão social e atende crianças e jovens de diversas idades. Atletas do Projeto Up ao lado de Maicon durante a visita ao CT Rei Pelé. Reprodução: (Raul Baretta/ Santos FC). Projeto Up/Santos A iniciativa visa promover interações e socializações para pessoas com deficiência através do esporte. O Projeto Up reúne mais de 50 atletas, sendo 20 com Síndrome de Down. Referências:

Streamings e a falta de acessibilidade

Por Ana Andrade The Last of Us, Daisy Jones & The Six e You são três das séries mais populares do momento, cada uma em seu serviço de streaming. Porém, além do sucesso, há outro ponto que as três têm em comum: a falta de acessibilidade. Daisy Jones, série disponível pela Amazon Prime, possui Closed Caption apenas em inglês, assim como a audiodescrição também está disponível apenas no idioma oficial da produção. O mesmo acontece com as outras, originais da HBO Max e Netflix, e o assunto não passou desapercebido pelos espectadores: Impacto na inclusão Segundo o Ministério da Educação, 6,5 milhões de brasileiros apresentam deficiência visual em diversos níveis, enquanto 9 milhões possuem deficiência auditiva. No total, 15,5 milhões de pessoas ao redor do país não têm acesso a conteúdos populares porque não há como compreender o conteúdo da forma como é disponibilizado. Com a opção de legenda e com os diálogos e sons da própria série, o máximo seria possível um entendimento parcial, mas não o total. Embora a legenda ajude com a compreensão do conteúdo visto, a diferença dela para o Closed Caption é justamente o que falta para o entendimento completo: Na legendagem, não é mostrado o nome de quem está falando, nem sons ao redor dos personagens. No Closed Caption, isso já é entregue ao usuário. Um dos poucos serviços que disponibiliza o serviço de Closed Caption em português é a Globoplay, com o processo feito pela Showcase em novelas e séries, como Travessia e Rensga Hits. Libras Libras também é um serviço muito pouco disponibilizado por empresas de streaming. Embora personagens que utilizem a linguagem de sinais estejam aumentando em produções audiovisuais e apareçam em séries como The Last of Us, Dahmer e Gavião Arqueiro, essa mesma linguagem não é disponibilizada para o público que a utiliza na vida real. Embora a representatividade seja muito importante para todos nós, ganharia ainda mais valor se acompanhada de ações que incluam as pessoas com deficiência, além de mostrar sua existência e vida diária, mesmo que não seja obrigatório por lei. A janela de libras, atualmente, não é disponibilizada em quase nenhum dos produtos disponibilizados pelos principais serviços de streaming, embora no Brasil, dos 2,7 milhões de deficientes auditivos, 2 milhões se comuniquem pela língua. A Netflix, porém, lançou em 2020 sua primeira série narrada tanto em português como em libras: Crisálida. Produzida pela Universidade Federal de Santa Catarina, foi desenvolvida como filme em 2014 por Alessandra da Rosa Pinho, aluna da faculdade, e em 2019 se tornou série, mostrando os dilemas e o dia a dia das pessoas que convivem com a surdez. Em 2022, sua segunda temporada foi confirmada e a produção está sendo filmada. E o que a lei diz? Desde 2011, a audiodescrição passou a ser obrigatória na televisão brasileira em 20 horas semanais entre 6h e 20h, enquanto o Closed Caption é exigido durante 20 horas diárias desde 2015. Porém, há mais um projeto que pode alterar o modo como a acessibilidade é entregue para o público dos serviços de streaming: o PL 246/2022. Criado pela Senadora Mara Gabrilli (PSD), o Projeto de Lei prevê a obrigatoriedade de acessibilidade aos streamings. Ou seja, as plataformas não terão mais a opção excludente de lançar conteúdos que nem todos têm a possibilidade de assistir da mesma forma, entendendo completamente o que está sendo exposto. Porém, a proposta está em tramitação no Congresso Nacional desde sua publicação, em 14 de fevereiro de 2022, com atualização em 21 de dezembro de que continuava em tramitação segundo Regimento Interno. Não há mais nenhuma informação sobre a situação do PL. Um futuro esperançoso Com o PL em tramitação e a população na época digital e mais interessada no social, a caminhada para uma inclusão cada vez maior começa a se tornar menor. Resta para nós esperarmos que o trajeto se torne mais rápido do que foi até então e, assim, o futuro seja acessível para todos. Bibliografia 1 – https://www.abert.org.br/web/notmenu/mais-espaco-para-legenda-oculta-na-tv-vale-a-partir-do-dia-28.html 2 – https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/151732  3 – https://upi.ufv.br/informativo/netflix-exibe-1a-serie-em-libras-produzida-pela-ufsc/#:~:text=A%20nova%20s%C3%A9rie%20brasileira%20do,a%20l%C3%ADngua%20brasileira%20de%20sinais. 4 – https://www.hypeness.com.br/2020/05/netflix-exibe-1a-serie-realizada-com-lingua-brasileira-de-sinais/

Carnaval Para Todos: Inclusão e Acessibilidade na Festa Mais Popular do Brasil

Fotografia de foliões no carnaval

Por Helena Simionatto O carnaval sempre foi, naturalmente, uma das festas mais aguardadas do ano no Brasil, e após as restrições devido à pandemia de COVID-19 impedirem as comemorações nos últimos dois anos, o evento se tornou ainda mais aguardado no ano de 2023. A empolgação contagiante das milhões de pessoas que saem às ruas para festejar, dançar e se divertir cria uma atmosfera única de alegria e celebração, que é marca registrada dos brasileiros pelo mundo todo. No entanto, nem todos têm a mesma oportunidade de participar plenamente dessa festa, isso devido à falta de acessibilidade e inclusão social que ainda ocorrem na maioria dos lugares, se tornando barreiras para pessoas com deficiência, idosos, crianças e outros grupos, que acabam sendo excluídos ou negligenciados durante as festividades. A inclusão é um tema importante e necessário em todas as áreas da sociedade, e não pode ser diferente no carnaval. É fundamental que o tema seja não só discutido, mas exercido, e que todos os envolvidos na organização dos eventos, desde os órgãos públicos até os blocos de rua, estejam atentos à necessidade de garantir a participação de todas as pessoas. Segundo o censo do IBGE chegam a 24% da população do país o número de pessoas com algum tipo de deficiência e, para elas, as principais barreiras encontradas nas comemorações de carnaval são: Falta de acessibilidade Muitas ruas e avenidas onde ocorrem os desfiles não são adequadas para pessoas que usam cadeira de rodas, por exemplo. Para garantir a inclusão dessas pessoas, é preciso que a infraestrutura do carnaval seja adaptada, com rampas de acesso, banheiros adaptados e transporte acessível. Sensibilidade a estímulos Outra questão importante é a inclusão de pessoas com autismo ou outras sensibilidades. O barulho excessivo do som pode ser um problema para essas pessoas, que muitas vezes se sentem desconfortáveis ou até mesmo ameaçadas em meio à multidão. É importante que haja áreas com som mais baixo, ou até mesmo sem som, para que essas pessoas aproveitem o carnaval com mais conforto e segurança. Comunicação verbal Durante o carnaval, muitas informações são transmitidas por meio de música, dança e comunicação verbal, o que pode dificultar o entendimento para quem não ouve. A presença de intérpretes de Libras torna o evento mais acessível e inclusivo, permitindo que as pessoas com deficiência auditiva possam acompanhar as apresentações, entender as informações e interagir com os demais foliões. A festa é de todos Para que todas essas medidas funcionem é importante que os foliões também façam a sua parte, respeitando as diferenças e ajudando a promover um ambiente de inclusão e respeito. Todos têm o direito de se divertir no carnaval, e é fundamental que esse direito seja garantido a todas as pessoas, independentemente de suas características pessoais. Apesar de todos os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência, também é importante destacar as iniciativas e oportunidades que tornaram as festas ainda mais alegres e acessíveis para todos neste ano: Blocos de rua Nesse ano, a inclusão e a acessibilidade foram destaques no carnaval de diferentes partes do Brasil. A festa contou com diversos blocos ao redor do país, que buscam promover a igualdade e destacam a importância da presença de pessoas com deficiência em todos os ambientes. Nos desfiles, além da disponibilização de banheiros adaptados, intérpretes de Libras e audiodescrição, os foliões com deficiência e seus acompanhantes ainda puderam contar com rampas de acessibilidade e áreas livres de obstáculos, pensados para garantir a circulação de pessoas com cadeiras de roda ou com mobilidade reduzida. As inscrições para garantir um lugar nesses espaços foram gratuitas. Em algumas cidades, essas iniciativas fizeram parte do projeto Carnaval Para Todos. Carnaval Online Através do projeto Samba Com as Mãos, o canal SMPEP SP no YouTube, disponibilizou os samba-enredos das escolas de samba e, esse ano, pela primeira vez, realizou transmissões com audiodescrição dos desfiles em tempo real. Os defiles também foram transmitidos através do serviço de streaming Globoplay, que também conta com ferramentas de acessibilidade. A inclusão social é um desafio constante em todas as áreas da sociedade, e o carnaval pode ser uma oportunidade para promover a diversidade e a inclusão. Com algumas medidas simples, como adaptar a infraestrutura e conscientizar os participantes, é possível garantir que todas as pessoas possam aproveitar essa festa tão importante para a cultura brasileira. Todos podemos fazer o possível para tornar os eventos futuros cada vez mais inclusivos e acolhedores para todos! Referências: https://equalweb.com.br/carnaval-a-festa-do-povo-e-acessivel-para-todos/ https://diariopcd.com.br/2023/02/17/carnaval-inclusivo-permite-que-pessoas-com-deficiencia-caiam-na-folia-por-todo-o-pais/ https://observatorio3setor.org.br/noticias/carnaval-inclusivo-confira-blocos-de-rua-e-desfiles-gratuitos-para-pcds/ https://jornalistainclusivo.com/carnaval-acessivel-de-sp-sambas-enredo-em-libras-e-audiodescricao-ao-vivo/ https://www.sonoticiaboa.com.br/2023/02/17/1a-vez-carnaval-bloco-rua-rj-espaco-acessivel-pcd https://jornaldamanhamarilia.com.br/caderno-2/noticia/97943/2023/02/15/bloquinhos-do-carna-marilia-2023-contarao-com-camarote-inclusivo-e-tradutores-de-libras http://youtube.com/@smpedsp

Inclusão na educação e as atuais alterações políticas

Por: Catrina Jacynto Logo após o empossamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi revogado o Decreto nº 10.502/2020 do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o qual originalmente alterou as regras para acesso à educação especial, prejudicando o atendimento a estudantes com deficiência. Tal ato não apenas foi um reflexo da transição política, como também representou a reconquista de uma série de direitos que são previstos em lei para a acessibilidade desse grupo. Para compreender a dimensão da relevância que a revogação teve, é preciso conhecer não só a gama de benefícios que isso proporciona, como também o que a criação do decreto em si representou para a sociedade. Ressalta-se, primeiramente, que o aspecto educacional é apenas um dos pilares em que se pode debater a inclusão, mas, por ser a base de formação, não é à toa que ganhe centralidade quando o tema é abordado. A inclusão na sala de aula com recursos e profissionais capacitados é crucial para o desenvolvimento e formação de crianças com deficiência. Além de garantir o acesso à educação, a inclusão promove a interação social, o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, e a formação de valores como tolerância, respeito e compreensão da diversidade. Não obstante, o desempenho das crianças com deficiência também é aumentado quando elas estão em um ambiente escolar inclusivo. Pensando nisso, o Instituto Alana, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, reuniu em um e-book gratuito diversas pesquisas nacionais e internacionais que comprovam como esse sistema de ensino beneficia os estudantes com deficiência, assim como os alunos sem deficiência. Ele pode ser acessado no seguinte endereço: https://bit.ly/ebook_instituto_alana. No quesito legislativo, a inclusão de pessoas com deficiência na rede de ensino brasileira é regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que estabelece que todas as escolas devem ser acessíveis e garantir a inclusão dessas pessoas. Além disso, a meta 4 do Plano Nacional de Educação determina que o estado deve garantir que a população entre 4 e 17 anos com necessidades especiais, incluindo deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e superdotação, tenham acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, priorizando a rede regular de ensino e garantindo uma educação inclusiva com salas de recursos multifuncionais, classes especializadas, escolas ou serviços especializados, sejam públicos ou conveniados. Vê-se, então, que a inclusão não é meramente uma opção a ser oferecida, mas sim um dever que o Estado e as instituições têm que cumprir. Graças às atualizações na legislação, observou-se um aumento significativo na adesão de crianças e jovens com deficiência nas escolas regulares. Segundo o portal do Ministério da Educação e pesquisas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), em 1998, aproximadamente 200.000 crianças que necessitavam de educação especial estavam matriculadas em classes regulares de ensino básico. Já em 2014, esse número subiu para quase 700.000 crianças, distribuídas em 80% das 145.000 escolas brasileiras. Em 2017, o número de alunos na educação especial foi mais de um milhão e, no ano seguinte, alcançou 1,18 milhões, um crescimento de quase 11% em apenas 12 meses. Mais de 992.000 desses alunos estudam em escolas públicas regulares. “A inclusão não é um ato que se limita às diretrizes de uma escola, mas sim que irradia por todas as ramificações sociais, pois é no ambiente de aprendizagem que se consolidam valores humanos essenciais para a vida em comunidade.“ É evidente, por conseguinte, o quanto o decreto retratou um enorme retrocesso nos direitos já conquistados, o que, por sua vez, justifica a boa notícia que foi a sua revogação. A inclusão não é um ato que se limita às diretrizes de uma escola, mas sim que irradia por todas as ramificações sociais, pois é no ambiente de aprendizagem que se consolidam valores humanos essenciais para a vida em comunidade. A exclusão não é a solução para garantir um ambiente adequado ao desenvolvimento da criança com deficiência, mas sim apenas uma forma de mascarar e ocultar as deficiências como se estas pudessem gerar um potencial atraso nos demais colegas em sala de aula – a justificativa mais utilizada para o isolamento. É, em poucas palavras, uma atitude que simplesmente reflete o preconceito de quem não quer enxergar no outro os mesmos direitos e qualidades de si mesmo. Referências bibliográficas: https://novaescola.org.br/conteudo/3000/pne-meta-4 https://lizeseusamigos.org.br/noticias/detalhe/5/pessoas-com-deficiencia-no-brasil-o-que-os-dados-oficiais-nos-dizem#:~:text=Em%202020%2C%20segundo%20o%20Censo,mesmas%20turmas%20dos%20demais%20alunos http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/74371-cresce-a-cada-ano-o-numero-de-criancas-atendidas-pela-educacao-especial-no-brasil https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/cresce-20-o-numero-de-alunos-com-deficiencia-matriculados-na-educacao-basica/ https://alana.org.br/wp-content/uploads/2016/11/Os_Beneficios_da_Ed_Inclusiva_final.pdf https://g1.globo.com/educacao/noticia/2023/01/02/suspenso-pelo-stf-decreto-de-bolsonaro-que-instituiu-politica-de-educacao-especial-e-revogado-por-lula.ghtml

Conteúdos acessíveis em Podcast

Por Brunna Silva Vivemos em um mundo onde a tecnologia se faz presente na maior parte do nosso dia a dia, e esse mundo digital que nos cerca vem crescendo significativamente. Por exemplo, podemos ver essa evolução através dos Podcasts, o mais novo “rádio” reinventado do momento, que vem se tornando tendência no Brasil e no mundo. Os Podcasts são programas sonoros capazes de transmitir conteúdos em áudio online, que ficam disponíveis em diversos aplicativos, tais como: Spotify, Youtube, SoundCloud, entre outros. Eles podem ser ouvidos a qualquer hora e lugar, pois ficam gravados para o público nas plataformas que estiverem disponíveis. O conteúdo é gravado de forma espontânea e os mais conhecidos são sobre política, programas de entrevistas, entretenimento, cultura, notícias do dia a dia, etc. Mas é importante ressaltar que, por mais que esses programas sonoros tenham se tornado úteis pela sua facilidade de acesso a diversos conteúdos, também precisam ser acessíveis para todos os públicos no momento de acessar o conteúdo nas plataformas, pois nem todos os streamings são 100% gratuitos, quanto para transmitir o conteúdo para as pessoas, principalmente por serem fundamentais para as pessoas com deficiência visual.  Pensando em acessibilidade e inclusão, existem vários Podcasts disponíveis nas plataformas que abordam temas sobre a inclusão de pessoas com deficiência, por exemplo, em diversos assuntos. Alguns deles são: Podcast Educação Inclusiva, disponível no Spotify, e o Podcast Deficiência em Foco, disponível no Spotify, Youtube e Facebook.

Ensino de linguagem de sinais para bebês é possível e traz diversos benefícios, aponta estudo

Por: Gabriel Vieira Seis bebês, a cada mil nascidos, são surdos, e o incentivo precoce a língua de sinais pode resultar em melhores condições para as futuras crianças Crianças, surdas ou ouvintes, estimuladas ao uso da linguagem de sinais desde os primeiros meses de vida, são mais confiantes, afirma pesquisa realizada pelo Dr. Joseph García, especialista em desenvolvimento infantil. Conhecido como “avô da linguagem de sinais para bebês”, o médico e intérprete tem se dedicado, após anos de aprimoramento do estudo publicado em 1986, à popularização da metodologia. Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia, IBGE, diz que, no Brasil, a cada 200 bebês que nascem, três são surdos. É a chamada surdez congênita, desenvolvida pelo bebê, por conta dos mais variados fatores, durante a gestação ou nos primeiros dias de vida. Por outro lado, somente dois dos aproximadamente 200 milhões de brasileiros são fluentes em Libras, a linguagem brasileira de sinais. Este dado, junto ao de que, no país, um total de 5% da população possui surdez em algum estágio, evidencia a necessidade de se melhor trabalhar a questão da comunicação com a comunidade surda nas terras brasileiras. A interlocução entre ouvintes e surdos é o melhor método de inserção deste grupo na sociedade, pois é ela o meio mais eficaz pelo qual se pode possuir noção a respeito das necessidades desta parcela tão grande e, ao mesmo tempo, tão marginalizada, da população. O princípio básico da linguagem de sinais – pois se fala em um contexto mundial, mas, no nosso caso, de Libras – é a associação de gestos e expressões faciais a objetos e ações. Fator, segundo o estudo do Dr. García, capaz de ser desenvolvido também por bebês de até um ano de idade, surdos ou até mesmo ouvintes. No contexto dos bebês surdos, o resultado se daria na maior agilidade do processo de aprendizado da linguagem, evitando, então,  perdas importantes no período da chamada primeira infância, quando, comumente, se dá a adesão à linguagem de sinais.  Já no de crianças ouvintes, também importante de se ressaltar, no melhor desenvolvimento da fala, pois “bebês gesticulantes podem ter muito mais a dizer quando se inicia a fala”, uma vez que tiveram seus respectivos processos de construção de vocabulário iniciados com antecedência. Além, em ambos os casos, no fortalecimento dos laços familiares e maior autoestima da futura criança, que tende a se portar de maneira muito mais confiante ao longo da vida, participando ativamente de todas as fases essenciais para o seu desenvolvimento intelectual. Este processo deve ser realizado de maneira a explorar os sentidos sensoriais do bebê. Uma vez que ele ainda se encontra em processo de desenvolvimento e conhecimento das coisas ao seu redor, ele estabelece, de maneira subconsciente, a sensação resultante de determinado estímulo e o relaciona com o preceder dela. Logo, se um adulto tiver o costume de apresentar ao bebê o gesto em  Libras dos objetos de interação com o tato, olfato ou paladar do bebê, como, por exemplo, através da introdução de um novo alimento na rotina alimentar, fará com que ele guarde em sua mente o gesto que antecede esta experiência, determinado ato, e com o tempo, passe a reproduzi-lo de acordo com o seu sentimento, conforto ou desconforto, perante o gesto. Segundo o estudo realizado com centenas de famílias ao longo dos anos, ele se torna capaz de solicitar ou negar algo, graças a uma relação direta entre gesto e sensação. Referência bibliográfica Site oficial do dr. Joseph García (https://drjosephgarcia.com/). Vilma Medina, mestre em necessidades e direitos da infância e adolescência (https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/aprendizagema-linguagem-dos-sinais-para-os-bebes/) Flávia Calina, ex-professora de educação infantil (https://br.guiainfantil.com/materias/educacao/aprendizagema-linguagem-dos-sinais-para-os-bebes/).

A importância da acessibilidade nos games 

Por: Brunna Silva É fato que os jogos digitais têm o poder de influenciar positivamente a vida dos jogadores, pois não servem apenas como um meio para descontrair e relaxar, mas também ajudam no desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas, melhoram a concentração, em muitos casos possibilitam que os usuários interajam entre si, facilitando uma interação social, e ajudam muitas pessoas no combate a depressão e ansiedade. Mas mesmo com todos esses benefícios, infelizmente não são todos os jogos que são capazes de serem acessíveis para todos e, desta forma, deixam muitas pessoas com diversos tipos de deficiência de fora. A acessibilidade nos games vai muito além das legendas ocultas, que são para os jogadores com deficiência auditiva, e audiodescrição, que auxilia o jogador com deficiência visual. É preciso que adaptações visuais, auditivas, motoras e intelectuais sejam feitas nos acessórios e dentro do jogo para que todas as pessoas possam desfrutar desse tipo de lazer, sem restrições. Além das questões sonoras e auditivas, como por exemplo a formação do texto, as cores e a qualidade do som e sua tradução, também é preciso levar em consideração as questões do daltonismo, para que as pessoas possam alterar a cor do jogo corretamente, e as dificuldades relacionadas à complexidade do jogo, que normalmente são um problema para pessoas com dislexia e TDAH. Pensando em todas essas questões de inclusão e acessibilidade nos games, surgiu a ONG AbleGamers em 2004 nos Estados Unidos, e está no Brasil desde 2017, que tem como objetivo ajudar os desenvolvedores a deixar os jogos mais acessíveis. A organização possui um guia chamado Accessible Player Experiences (APX), que serve para ajudar com as dificuldades dos jogadores, o guia está disponível para download no idioma inglês através desse link: https://accessible.games/accessible-player-experiences/. Também possui um slogan próprio que é “#SoEveryoneCanGame”, que em portuuguês significa “Para que todos possam jogar”. Sem fins lucrativos, a AbleGamers se mantém através de doações e conta com o apoio da PlayStation, Warner Bros Games, Twitch e da Xbox, na qual juntas trouxeram o controle da adaptável da Xbox para o Brasil.

Leonardo Castilho no Rock in Rio 2022

Um pouco mais sobre o intérprete de Libras que mostrou que surdos também podem ser amantes da música Por Sofia Wu Em 11 de setembro de 2022, ocorreram os últimos shows do aguardado festival Rock in Rio. Foram 10 dias de programação intensa, que contou tanto com artistas nacionais quanto internacionais. Como pudemos mencionar em uma diversão acessível, o RiR possui um histórico de ações voltadas para a acessibilidade, uma de suas medidas foi comprovada no primeiro final de semana do evento, no dia 04 de setembro de 2022. No palco Sunset, o intérprete de Língua Brasileira de Sinais, a Libras, Leonardo Castilho, chamou a atenção de todos que assistiam às performances pelo método adotado para transmitir, com sucesso, as mensagens de cada música por meio dos sinais, para que o público que precisasse de seu suporte pudesse aproveitar e sentir os shows como as pessoas ouvintes. O profissional não apenas usufruiu dos movimentos, como as combinou com a dança, conseguindo adicionar emotividade em seus sinais. https://www.instagram.com/p/CiJCYtIJnmn/ Leo Castilho, um dia antes, no show de L7nnon, com participação de MC Carol, também no palco Sunset. Atualmente, com 34 anos de idade, o também multiartista atuou, pela primeira vez, no Rock in Rio de 2017, traduzindo para a Língua Brasileira de Sinais os shows de Liniker e Banana System. Por ser surdo, Leo Castilho trabalha em colaboração com seu colega Rafael da Mata, que é ouvinte. Além do ofício de intérprete de Libras, Leo, que perdeu a audição aos oito meses de vida, é produtor de festas para pessoas surdas. Um de seus eventos é o Bloco Vibramão, bloco de Carnaval para surdos. Ademais, Leonardo Castilho também é um dos idealizadores do projeto “Slam do Corpo”, o primeiro Slam do Brasil que junta poetas surdos e ouvintes em atividades que envolvem a Língua Portuguesa e Língua Brasileira de Sinais, criado pelo grupo Corposinalizante, que realiza trabalhos de arte e pesquisa para integrar jovens surdos e ouvintes interessados na Libras. Referência das informações LEITE, Juliana. Conheça o intérprete de Libras que roubou a cena no Rock in Rio. Disponível em: https://www.terra.com.br/nos/conheca-o-interprete-de-libras-que-roubou-a-cena-no-rock-in-rio,dc8182a953c6787b4f98a0835c2393b5djfqm7tr.html. Acesso em: 19 set. 2022. LIBRASOL. Rock in Rio 2022: tradutor de Libras se destaca no Palco Sunset. Disponível em: https://www.librasol.com.br/rock-in-rio-2022-tradutor-de-libras-se-destaca-no-palco-sunset/. Acesso em: 19 set. 2022. DOURADO, Wiltom. LEONARDO CASTILHO (Leo Castilho). Disponível em: https://escoladelibras.com/leonardo-castilho-leo-castilho/. Acesso em: 19 set. 2022. CORPOSINALIZANTE. corposinalizante. Disponível em: http://corpo-sinalizante.blogspot.com/. Acesso em: 20 set. 2022. DE JESUS SANTOS, N. O Slam do Corpo e a representação da poesia surda. Revista de Ciências Humanas, [S. l.], v. 18, n. 2, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/RCH/article/view/8688. Acesso em: 20 set. 2022.

Representatividade na infância

Por Brunna Silva É durante a primeira infância que começa a ser formada a identidade do ser humano, pois é nessa fase que começa a construção da sua visão de mundo e sobre si mesmo. É fundamental para o desenvolvimento da criança que ela brinque, porque é através da brincadeira que desenvolvem a criatividade, aprendem sobre a cultura e o meio em que vivem. Os brinquedos possuem um papel muito importante nesse processo de aprendizagem, pois seus efeitos influenciam na educação e na formação da criança para o resto de sua vida. Portanto, como vivemos em um mundo plural e diverso, é fundamental que representem e sejam acessíveis para todos.  A Mattel, maior fabricante de brinquedos do mundo, lançou diversos modelos da Boneca Barbie, tal como a Barbie cadeirante, Barbie com prótese na perna, Barbies negras e Asiáticas, e a Barbie que possui tipos físicos diferentes para representar melhor a população, afinal, ninguém possui o corpo “padrão” que é imposto pela sociedade. Apesar desse avanço das bonecas Barbies, seria necessário também que a Mattel investisse em acessibilidade nas casas da Barbie, carro, entre outros, para que a criança ao brincar consiga, por exemplo, locomover com facilidade a boneca cadeirante, coisa que ainda deixa a brincadeira um pouco limitada para a criança. A marca também lançou a linha de Mulheres Inspiradoras, na qual homenageia a Frida Kahlo; Amelia Earhart, que foi a primeira aviadora a atravessar o Oceano Atlântico e a Katherine Johnson, que foi a física, cientista espacial e matemática da Nasa; e também as Bonecas Barbie usando camisetas com a expressão “Love wins” em apoio ao casamento gay nos Estados Unidos, a fim de incentivar as crianças a seguirem seus sonhos e mostrar que podem ser o que quiserem. É evidente que a representatividade na primeira infância através dos brinquedos é muito importante para a formação de identidade, pois é a partir disso que o indivíduo vai observar a si próprio na sociedade e entrar em contato com a diversidade social e cultural. Mas infelizmente os brinquedos ainda não são muito representativos, apesar de haver um avanço, mesmo que lento, e os que são e já estão disponíveis no mercado são poucos e ainda não são acessíveis para todos.

Uma diversão acessível

Por Sofia Wu Em outubro de 2019, o Click Inclusão falou do clube holandês Sencity que proporcionou, em setembro de 2012, que pessoas com deficiência auditiva pudessem sentir a experiência de estarem em uma balada e, portanto, conseguindo divertir-se, assim como a maioria dos indivíduos não surdos. Nessa mesma onda, agora, em 2022, o blog selecionou cinco eventos de entretenimento recentes, em que ocorreram a acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência. Coldplay Em um tweet datado de 13 de maio deste ano, a banda britânica Coldplay anunciou que passariam a oferecer dois intérpretes de Língua de Sinais e SUBPACs, coletes produzidos com uma tecnologia capaz de fazer com que “o usuário sinta fisicamente o som”, para pessoas surdas e/ou com alguma dificuldade de audição, em vista de tornar seus shows acessíveis e inclusivos. Na mesma postagem, o conjunto musical também deixou seu endereço de e-mail, colocando-se à disposição para receber outras ideias que pudessem contribuir para que sua tour ficasse mais acessível. Whindersson Nunes O comediante Whindersson Nunes realizou, em 18 de junho de 2022, seu show de despedida no município de Teresina, Piauí, estado em que nasceu. Além do entretenimento e “adeus”, temporariamente, aos palcos, na época, ocorreu também, no evento, um teste do MR, um protótipo de aparelho, criado pela TRON, startup piauiense, que capta as vibrações sonoras. Foi a primeira vez que o experimento aconteceu no estado. O espetáculo contou com um público de cerca de 15 mil pessoas, entre elas, três com surdez completa para que colaborassem para o sucesso do teste do MR. Rock in Rio No Rock in Rio, acontecerá a próxima etapa da fase de testes do MR. Em setembro, cerca de 15 surdos estarão presentes no prestigiado festival de rock para sentirem as vibrações dos shows por meio do aparelho da empresa TRON. Em relação ao evento em si, em post publicado em 19 de setembro de 2019, meses antes do aparecimento do vírus SARS-CoV-2, a marca assegurou, como medidas de acessibilidade: “Além das plataformas que melhoram a visibilidade do Palco Mundo e Palco Sunset, haverá oficinas para eventuais reparos nas cadeiras de rodas, carrinhos de golfe para transporte entre as atrações, banheiros e estacionamento exclusivos, intérprete de libras para deficientes auditivos, empréstimos de cadeira de rodas […] que serão oferecidos gratuitamente.Para deficientes visuais há uma novidade, além de pisos e mapas táteis. Pela primeira vez o aplicativo de audiodescrição Veever vai ser usado num grande evento cultural.[…]A equipe também é instruída para dar suporte a pessoas com outras necessidades especiais, como: gestantes, lactantes, idosos e obesos.” Após um período crítico de mais de dois anos de crise sanitária, a edição 2022 do Rock in Rio deverá acontecer nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro e, no site da marca, já é possível a visualização do material com as informações referentes à acessibilidade no evento deste ano, bem como de outras também relevantes para ciência. Para acessar, clique aqui. Festival Rock the Mountain A 6ª edição do Rock the Mountain foi realizada em 16 e 17, 23 e 24 de abril de 2022, no Parque de Itaipava, Petrópolis, no Rio de Janeiro. Dias antes do primeiro dia de evento, em seu perfil no Instagram, a marca postou todas as medidas tomadas para garantir acessibilidade a quem precisasse: A 7ª edição está programada para o segundo semestre de 2022, nos dias 05 e 06, 12 e 13 de novembro, os primeiros fins de semana do mês. Festival de Capoeira de Santos A aula inaugural “Capoeira para Todos”, ocorrida em 25 de junho deste ano, marcou o início do Festival de Capoeira de Santos, encerrado em 29 do mesmo mês. Estiveram presentes 30 pessoas, eram pais e filhos, idosos e PcDs. Por meio de métodos inclusivos, a aula teve o propósito de demonstrar os benefícios da expressão cultural e esportiva para as diversas partes da sociedade. Referências das informações e mídias DESCONHECIDO, Harry. “Queremos que nosso show seja inclusivo e acessivel”: Coldplay fornece SUBPACs e 2 intérpretes de linguagem de sinais. Disponível em: https://bcharts.com.br/t/queremos-que-nosso-show-seja-inclusivo-e-acessivel-coldplay-fornece-subpacs-e-2-interpretes-de-linguagem-de-sinais/259095. Acesso em: 08 ago. 2022. REDAÇÃO. Startup de wearables de música SubPac ganha investimento de US$ 6 milhões. Disponível em: https://canaltech.com.br/mercado/startup-de-wearables-de-musica-subpac-ganha-investimento-de-us-6-milhoes-65047/. Acesso em: 08 ago. 2022. MOURÃO, Layza. Show de Whindersson Nunes em Teresina testa aparelho inclusivo para pessoas surdas ‘sentirem’ espetáculo. Disponível em: https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2022/06/20/show-de-whindersson-nunes-em-teresina-testa-aparelho-inclusivo-para-pessoas-surdas-sentirem-espetaculo.ghtml. Acesso em: 08 ago. 2022. GOMES, Lucas. Rock the Mountain investe em acessibilidade para garantir inclusão em shows. Disponível em: https://soupetropolis.com/2022/04/23/rock-the-mountain-investe-em-acessibilidade-para-garantir-inclusao-em-shows/. Acesso em: 08 ago. 2022. MOUNTAIN, Rock the. RTM 2022. Disponível em: https://www.rockthemountain.com.br/. Acesso em: 08 ago. 2022. NOIZE, Revista. Rock The Mountain terá 7ª edição em novembro de 2022; veja atrações e data. Disponível em: https://noize.com.br/rock-the-mountain-tera-7a-edicao-em-novembro-de-2022-veja-atracoes-e-data/#1. Acesso em: 08 ago. 2022. COSTA, Bruno. Rock the Mountain 2022: saiba mais detalhes do festival de música que terá Caetano, Gal e grandes nomes da música nacional. Disponível em: https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2022/04/rock-mountain-2022-festival-caetano-gal.html. Acesso em: 08 ago. 2022. SANTOS, Prefeitura de. Evento inclusivo na praia marca início do Festival de Capoeira de Santos. Disponível em: https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/evento-inclusivo-na-praia-marca-inicio-do-festival-de-capoeira-de-santos. Acesso em: 08 ago. 2022. RIO, Rock in. Saiba tudo sobre acessibilidade. Disponível em: https://rockinrio.com/rio/novidade/saiba-tudo-sobre-acessibilidade/. Acesso em: 08 ago. 2022. TRON ROBÓTICA EDUCATIVA. Um dia para ficar na nossa história, Piauí! 🤖. Piauí, 19 jun. 2022. Instagram: @tronroboticaeducativa. Disponível em: https://www.instagram.com/reel/Ce_iSbkA_yN/?utm_source=ig_embed&ig_rid=e2765ccb-bfd0-4602-8eeb-ef165a2cd874. Acesso em: 08 ago. 2022. RIO, Rock in. #EuVou. Disponível em: https://rockinrio.com/rio/pt-br/informacoes/. Acesso em: 10 ago. 2022.

Design para todos

Por Maria Clara Panuto Vivemos em uma sociedade capitalista onde o consumo é estimulado o tempo todo. Comprar já é algo intrínseco em nosso modo de vida, mas será que os produtos comercializados são acessíveis para todos? Atividades cotidianas como abrir a pasta de dente, a embalagem do café ou qualquer um dos inúmeros itens que usamos diariamente podem ser impossíveis ou muito difíceis para portadores de deficiência manipular. O sistema capitalista é baseado nas trocas de mercadorias por dinheiro, e já faz um bom tempo que é assim. Parece até contraditório pensar que empresas cada vez mais poderosas, com lucros exorbitantes, tecnologia e com consumidores mais exigentes, não estão investindo para o desenvolvimento de produtos inclusivos. Os principais problemas são em relação à ergonomia e usabilidade, que dificultam o manuseio. Esses problemas podem tirar a independência das atividades cotidianas, influenciando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas.  “(…) é na evolução do próprio conceito de design que abrange hoje em dia áreas específicas de trabalho, que surge o design inclusivo, diretamente ligado às questões de acessibilidade, de conforto e de usabilidade; visa acima de tudo a criação de objetos, de interfaces e de ambientes acessíveis, usáveis para todos nós e confortáveis” (Machado, A. M. A. Introdução Ao Conceito De Design Inclusivo, 2006). Design inclusivo ou design para todos é o termo atualmente empregado para produtos ou espaços desenvolvidos para serem utilizados para o maior número de pessoas sem necessidade de qualquer adaptação. Na década de 60 e 70 surgiram as primeiras discussões sobre a acessibilidade para pessoas com deficiência física, entretanto, até hoje a maioria dos produtos não são pensados para todos de forma abrangente.  Apesar dos esforços de algumas poucas empresas que pensam nas suas mercadorias e embalagens de maneira inclusiva ou que enxergaram um potencial nesse mercado. Como, por exemplo, a Adaptista, uma nova marca de roupa online para pessoas portadoras de deficiência que promete levar a moda para todos.  Há uma lacuna no design inclusivo de novos produtos, pois nas pesquisas e no ato da projeção desses produtos há pouca ou nenhuma representatividade de portadores de deficiência. O que acaba por perpetuar uma sociedade com baixa acessibilidade, onde os designs são pensados para a maioria e ignoram as necessidades de uma minoria que, segundo o IBGE, só no Brasil, são 17 milhões de pessoas que sentem alguma dificuldade diária para atividades do dia-a-dia. Já passou da hora de pensar em uma sociedade mais justa, acessível e com equidade para todos os seus indivíduos.

Inclusão do braile nas embalagens comercializáveis

Por Brunna Silva As pessoas com deficiência visual passam por diversas dificuldades no dia a dia, principalmente quando vão ao supermercado, pois, ao contrário das embalagens dos medicamentos, a grande maioria dos alimentos não possuem informações em braile. Apenas algumas marcas já fazem o uso das informações em braile nas suas embalagens, são elas: Melitta, a famosa marca de café; a Sadia, que utiliza informações em braile nas suas embalagens desde o ano 200; alguns produtos da Nestlé e produtos do Grupo Pão de Açúcar. As informações em braile nos produtos alimentícios oferecem condições para as pessoas com deficiência visual consumirem de forma autônoma seus próprios alimentos, e seria de grande auxílio para as pessoas com diabetes, por exemplo, pois teriam as informações dos ingredientes e seus valores nutricionais. Mesmo sendo um ato de inclusão extremamente importante para a sociedade, o Projeto de Lei 2385/07, que exige que as empresas produtoras de alimentos, medicamentos e materiais de limpeza utilizem o braile nas embalagens de seus produtos para fornecer informações básicas aos consumidores, não foi totalmente colocado em prática, afinal, são poucas as marcas que aderiram a escrita em braile para fornecer informações básicas nas suas embalagens e algumas, como por exemplo a Nestlé, não coloca em todos o seus produtos. 

Produtos acessíveis: de fora para dentro

Por Sofia Wu Em todo o país, 60% alegaram que as compras on-line já tornaram-se um costume para eles. Dentro dessa porcentagem, 37% adquirem produtos a cada mês e 23% a cada 15 dias. Em relação à modalidade de consumo presencial, no qual é necessário o deslocamento do comprador até o local, constatou-se que 61% têm o hábito de irem, semanalmente, a redes de supermercados, enquanto que 37% vai, mensalmente, a drogarias e farmácias. Quanto ao segmento dos shoppings centers, 29% estão acostumados a frequentar esse tipo de estabelecimento, à procura de itens ocasionais de consumo, ao passo que 21% vai só quando precisa. Todos esses dados foram divulgados em 2020 pela Artvac e são referentes a uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em conjunto com a Toluna, em que foram entrevistados 892 consumidores, com o intuito de levantar estatísticas acerca dos hábitos de compra da parcela da população que possui algum tipo de deficiência. Esses números comprovam que, apesar do que faz parte do imaginário da maior parte dos indivíduos, Pessoas com Deficiência, assim como todos os cidadãos, podem, sim, viver a vida de forma ativa e “normal”, indo às compras, por exemplo. Como seres humanos que dependem da acessibilidade para poderem ter uma vida em que as dificuldades, que enfrentam diariamente, sejam “amenizadas”, mesmo que um pouco, a acessibilidade configura-se como uma prioridade para eles quando vão consumir algum produto ou serviço. Não só nos locais, na hora da compra, a acessibilidade também precisa estar no “pós-compra”, quando o usuário, após ter adquirido o item, dedica um tempo para abrir a embalagem do produto e, assim, utilizá-lo. Mais uma vez: a acessibilidade também precisa estar presente nesse momento. Para isso, há um termo específico que dá margem para que esse aspecto seja levado em conta pelos profissionais: é o “Design Inclusivo”. O conceito por trás do Design Inclusivo, apresentado com mais detalhes no site de mesmo nome, é pautado na seguinte proposta: “É sobre projetar produtos pensando em necessidades específicas de pessoas com deficiências permanentes, temporárias, situacionais ou mutáveis de acordo com suas respectivas situações, ou seja, na verdade é projetar pensando em todos nós”. Em resumo, é sobre “colocar as pessoas em primeiro lugar”. O site ainda afirma que, no processo de desenvolvimento do produto ou solução, os profissionais envolvidos (designers, profissionais de UX, conteudistas, desenvolvedores, criadores, inovadores, artistas, pensadores, entre outros) devem ser contemplados com uma visão e abordagens ao Design Inclusivo amplas. Durante todo esse movimento, que inicia-se com a idealização do produto ou serviço e segue até o momento em que chega ao usuário, as pessoas devem estar na mente da empresa. Todos devem ser atingidos pela marca. Para a etapa do “unboxing”, sensibilidade e cuidado devem ser postos em prática na concepção da embalagem, que deve ser acessível para todas as pessoas, o que não significa deixar de lado a criatividade. Ao entregar um produto, também são entregues os valores e atitudes da marca, e a experiência “pós-compra” do usuário deve ser positiva. A embalagem inacessível de um item desejado pode gerar frustrações a um consumidor com expectativas, bem como um produto que demande um funcionamento complexo. Uma peça com uma embalagem acessível não pode ser útil só para PcDs, mas também para idosos, crianças, pessoas com doenças reumáticas ou doenças raras e canhotos, desmistificando a ideia de que a causa de existirem poucas no mercado é o fato de não haver consumidores o suficiente precisando delas. Pelo contrário, as embalagens com design inclusivo são para todo mundo, sendo acessíveis para quem necessitar. Vamos ver alguns exemplos? 1. Xbox Adaptive Controller (em português, “Controle Adaptativo do Xbox” ou “Controle Xbox Adaptável”), da Microsoft 2. Degree Inclusive, o primeiro desodorante, no mundo, projetado para Pessoas com Deficiência, da Unilever 3. Aché Laboratórios Impressão em Braille em todas as suas embalagens de medicamentos. A marca foi precursora no Brasil. Bula de seus remédios disponível em áudio, visando auxiliar clientes idosos, analfabetos ou com perda de visão. A funcionalidade pode ser solicitada nas farmácias ou obtida pela internet. 4. Implementação do QR Code na embalagem do Coco Pops, da Kellogg´s. 5. Impressões tateáveis para diferenciar shampoo e condicionador, da Herbal Essences. No primeiro, são listras e, no segundo, círculos.6. Embalagens que não necessitam de pressão ou força nas mãos para uso, pensado para pessoas com dificuldades motoras, da Rare Beauty, marca de maquiagem criada pela artista norte-americana Selena Gomez. Referências das informações HARADA, Eduardo. A Importância da Acessibilidade na Embalagem dos Produtos. Disponível em: https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/119607-a-importancia-da-acessibilidade-na-embalagem-dos-produtos.htm. Acesso em: 30 jun. 2022. ARTVAC. Como as embalagens dos seus produtos podem ser mais acessíveis? Disponível em: https://artvac.com.br/embalagens-acessiveis/. Acesso em: 30 jun. 2022. INDUMAK. Como as Embalagens Acessíveis Impactam a Experiência de Pessoas com Deficiência (PcDs). Disponível em: https://blog.indumak.com.br/como-as-embalagens-acessiveis-impactam-a-experiencia-de-pessoas-com-deficiencia-pcds/. Acesso em: 30 jun. 2022. INCLUSIVO, Design. Sobre estes princípios. Disponível em: http://designinclusivo.com/. Acesso em: 04 jul. 2022. SGBR, Equipe. Confira tudo sobre o lançamento da “Rare Beauty”. Disponível em: https://selenagomez.com.br/2020/09/03/confira-tudo-sobre-o-lancamento-da-rare-beauty/. Acesso em: 30 jun. 2022. KAPPA, Smurfit. Como as embalagens podem ajudar no encantamento de clientes. Disponível em: https://www.smurfitkappa.com/br/newsroom/blog/como-encantar-cliente. Acesso em: 30 jun. 2022.

Uma biblioteca inteira na palma da sua mão

Por Pietra Inoue Que os audiobooks viraram sensação entre os amantes de livros, já é fato, até porque, quem não gostaria de otimizar seu tempo de “leitura” e ainda, de quebra, poder ouvir as vozes dos seus personagens favoritos?  Por mais que já sejam muito conhecidos, não é todo mundo que é adepto desse tipo de leitura, sendo os formatos mais populares os livros impressos e e-books. Os audiobooks, por sua vez, têm nos trazido muitas vantagens, além de ser inclusivo para com pessoas com deficiência visual, TDAH, déficit de atenção, autismo e analfabetismo, os livros sonoros também otimizam seu tempo, podendo ser aproveitados em momentos que seria difícil ler com um livro na mão.  Claro que, com a situação econômica do país atualmente, os preços dos livros impressos estão cada vez mais caros, e os dispositivos Kindle para leitura de e-books também não são nada baratos, nessa situação, o audiobook mais uma vez se torna uma opção viável. Já temos aplicativos hoje em dia que oferecem arquivos de áudio e uma plataforma compatível para reprodução. Dois exemplos mais acessíveis são o conhecido app de música, Spotify, e um app focado em leitura, o Skeelo.  No Spotify podemos achar alguns audiobooks que foram disponibilizados na categoria podcasts, entretanto, não são todos os livros que você poderá encontrar lá, já que não é essa a proposta da plataforma. Já no Skeelo, as chances de você encontrar seu livro são maiores. O app Skeelo tem parceria com todas as maiores operadoras de celular do Brasil, e a melhor parte? Você tendo um plano de celular de qualquer uma dessas operadoras, já tem direito a uma conta no app de livros sem custo adicional.  Sua conta no Skeelo vai variar de acordo com o seu plano de celular, podendo ir da conta mais simples até a premium. O app te dá todo mês um livro de graça, o livro em questão sendo o de destaque daquele mês, mas, caso não seja uma leitura do seu gosto, você pode tranquilamente trocar por qualquer um da seleção deles, ganhando todo mês um livro de sua preferência de graça. A plataforma oferece leitor de e-book direto no celular, sem precisar de um Kindle, e também reprodutor de audiobook, com opções muito variadas no catálogo.  Com apps como esse, a cultura dos audiobooks se torna cada vez mais acessível, chegando cada vez mais facilmente nas pessoas que precisam desse formato para consumir literatura. Dessa forma, vemos não apenas a inclusão de pessoas neurodivergentes, mas também das pessoas com pouco poder aquisitivo, que não têm a condição de bancar o hábito de leitura atualmente.

Audiobooks ou “livros sonoros”?

Por Brunna Silva Os audiobooks estão cada vez mais ganhando espaço na sociedade em prol de uma leitura mais inclusiva, aumentando assim o número de leitores, apesar de ainda não terem atingido um público diverso economicamente. Não pretendem apenas dar acessibilidade a pessoas com deficiência visual, mas como também ao público analfabeto. Também conhecido como “livros sonoros”, os audiobooks servem como um recurso complementar à leitura em Braille. Para as pessoas que estão conhecendo agora o mundo dos audiobooks, certamente irão se deparar com mais de um termo de livro sonoro. Por exemplo: livros falados e os livros em DAISY. Os livros no formato DAISY necessitam de um tocador específico para apresentar a imagem, o som e o texto simultaneamente e, desta forma, facilitam a acessibilidade para pessoas com diversas limitações sensoriais. Enquanto os audiobooks possuem uma narrativa mais artística, dramatizada, incluindo emoções e efeitos sonoros, os livros falados são mais técnicos, digamos assim, por possuírem uma narração mais monótona e objetiva.  Em alguns casos, os audiobooks acabam sendo mais eficazes do que a leitura em braille só pelo fato de não exigirem tanta atenção e silêncio de forma com que não atrapalhe na concentração e compreensão da leitura, mas ambos são de extrema importância para uma leitura mais inclusiva. Enquanto o braille é baseado em pontos e relevos, adaptando-se facilmente à leitura tátil, os audiobooks ajudam a gravar o conteúdo de forma mais rápida através da compreensão auditiva.  Alguns aplicativos para ouvir audiobooks:

A leitura do futuro

Por Gabrielle Machado Já imaginou poder ouvir a voz dos seus personagens literários favoritos? Seu sotaque, a pronúncia correta dos seus nomes, até mesmo sua risada? Pois é, hoje em dia isso já é possível. Com atores, dublês, e até mesmo o próprio autor, os audiobooks são a nova sensação do momento e já estão revolucionando o mundo literário. Audiolivros, ou audiobooks, que tinham como premissa transformarem a literatura mais acessível, hoje em dia virou uma nova forma de conhecimento. Com o avanço da tecnologia, o que deveria facilitar a vida do ser humano fez, na verdade, com que coisas que antigamente eram comuns, como livros físicos, ficassem arcaicas, além do que chamam de “falta de tempo” fazer com que hobbies antes normais, como ler um livro, virasse coisa de desocupado. Esses impactos geracionais traz um conflito tanto educacional, quanto social sobre o que é literatura: ouvir o audiobook de Dom Casmurro tem o mesmo efeito do que ler Dom Casmurro? Seria essa uma forma perfeita de introduzir literatura clássica, ou estaria ela estragando o prazer de um clássico? Para alguns profissionais, um audiobook não seria nada mais, nada menos, que um contador de histórias, como lendas e mitos que são contadas no boca a boca. A premissa é a mesma, então, o resultado deveria ser igual. Não existem ainda dados que possam comprovar os efeitos dos audiobooks na educação, mas uma coisa é certa: para aqueles que amam histórias, ouvi-las traz uma experiência completamente nova. Com música e sons ambiente, os audiolivros têm ficado cada vez mais imersivos, fazendo com que a experiência de ler palavras em um papel seja só isso: palavras em um pedaço de papel. Pessoas com deficiência visual, TDAH, déficit de atenção, autismo, etc, estão, finalmente, tendo a mesma experiência de pessoas “normais”.  Hoje em dia existem dezenas de aplicativos e sites para ouvir audiobooks, com opções de todos os estilos e gostos. O site MyBest fez uma lista dos dez melhores apps, sendo alguns deles: Como nem tudo que é bom vem de graça, todos esses apps precisam de uma assinatura premium para se ter acesso à todas as obras, mas fiquem tranquilos que há muitas opções gratuitas além de promoções relâmpagos dos maiores clássicos, como Harry Potter e Percy Jackson.

Google está com vagas abertas para cargo que envolve acessibilidade

Empresa americana busca Analista de Acessibilidade de Produto, ocupação inédita no Brasil, para trabalhar com produtos e serviços Por Sofia Wu Com possibilidades de atuação nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte ou, se o candidato assim desejar, em modelo 100% remoto, a Google Brasil está com oportunidades de trabalho abertas para Analista de Acessibilidade de Produto. Os selecionados para o cargo, inédito no país, deverão assegurar que todos os usuários tenham a melhor experiência com os produtos e serviços da Google, atuando, assim, em conjunto com os times de produto da empresa, a fim de avaliar a qualidade das experiências acessíveis. Entre os requisitos para as vagas de Analista de Acessibilidade de Produto, direcionadas para pessoas com deficiência, estão o conhecimento da Língua Inglesa, a experiência com testes de acessibilidade, tecnologias assistivas e equipes multifuncionais. A inscrição pode ser realizada no site de carreiras do Google e a oportunidade está como “Accessibility Analyst, Tester, People with Disabilities (English, Portuguese)” – em português, “Analista de Acessibilidade, Testador, Pessoas com Deficiência (Inglês, Português)”. O processo de seleção, assim como a vaga, é acessível e o interessado tem a opção de solicitar a funcionalidade de acessibilidade que encaixe-se com suas necessidades. Ademais, posteriormente, o Google disponibilizou vagas, na equipe de acessibilidade, para Program Managers, Designers UX e pesquisadores. Para conferi-las, basta acessar o Google Careers e pesquisar pelo cargo desejado, e localização.

Pets de apoio emocional: Mais que o melhor amigo do homem

Por Pietra Inoue Na nossa sociedade já estamos acostumados a ver por aí cães-guia para pessoas com deficiências visuais, é um assunto que já foi muito recorrente e agora já está inteiramente difundido nos costumes da comunidade. Mas ainda há uma variação de finalidade para cães treinados, e esses são os cães de apoio emocional.  Sendo apenas agora mais conhecidos, os cães de apoio emocional tem uma tarefa parecida, mas ainda assim, bem diferente da dos cães-guia. Ambos passam por um sério processo de adestramento e educação para se portarem bem em espaços públicos, pois são treinados para ajudar, melhorar e facilitar a vida do seu tutor – uma pessoa com deficiência –. Os cães-guia são preparados exatamente para guiar seus donos e ajudá-los a se locomoverem com mais facilidade, enquanto os cães de apoio emocional, por outro lado, têm o trabalho de observar atentamente e trazer conforto ao seu detentor.  Animais de apoio emocional no geral são opções de tratamento oferecidas para pessoas com doenças psiquiátricas, como depressão e ansiedade, devendo haver uma carta do profissional da saúde atestando a necessidade do cão de apoio. Eles oferecem uma forma de terapia para seus donos necessitados de um maior cuidado. Dentre suas funções, pets de apoio emocional devem ajudar seus tutores com exercício e socialização, redução do stress, dar segurança e conforto psicológico em situações potencialmente difíceis. Por mais que o intuito seja o mesmo – facilitar a vida da pessoa com deficiência –, há uma diferença entre cães de serviço e cães de apoio, uma vez que os cães de apoio são exclusivamente para fins de conforto emocional, não precisando ser treinados para realizarem tarefas. Ainda assim, é importante lembrar que, independente da sua função, nunca se deve interagir ou interromper cães em treinamento, uma vez que aquilo é o trabalho dele, e ele não pode ser distraído, pois pode levar a por em risco a segurança ou o bem-estar do seu tutor.

Quando a inclusão, por meio do K-POP, se une à cultura sul-coreana

Por Sofia Wu A Coreia do Sul vem destacando-se internacionalmente no cenário do entretenimento. Mais especificamente, nos segmentos dos chamados “doramas” coreanos e da música pop coreana, popularmente conhecida como K-POP. O Brasil, por exemplo, mostrou-se um grande agente propagador da cultura desse país asiático, convertendo cada vez mais fãs. No mundo, a nação brasileira ficou em terceira posição e em primeira nas Américas, como o local onde constatou-se maior aumento na audiência dos dramas coreanos, de acordo com dados do Ministério da Cultura, Esportes e Turismo, coletados em pesquisa realizada pela Fundação Coreana para Intercâmbio Cultural Internacional, divulgados em 2021 pelo portal de notícias O Povo. Já em relação ao K-POP, o Brasil representa o 5º maior mercado de streaming do gênero musical, que cresce a média de 47% a cada ano, segundo dados do Spotify divulgados em 2020 pela Terra. Conhecido por suas batidas únicas, letras inspiradoras, vocais poderosos e coreografias inovadoras, o K-POP aterrissa em terras tropicais para comprovar que o estilo musical é capaz de ultrapassar fronteiras e por que não colaborar ainda para a construção de um mundo mais inclusivo para todos? Permission to Dance – BTS Em nove de julho de 2021, o grupo masculino BTS, também conhecido como Bangtan Boys, com a proposta de incentivar a dança e o desejo de um futuro melhor, lançou Permission to Dance (em português, “Permissão para Dançar”). Na coreografia da música, os sete integrantes utilizam a língua de sinais internacional, Gestuno, usada em eventos, como competições internacionais e convenções, e cujo propósito é universalizar a Língua de Sinais. No refrão da composição, os sinais realizados pelo hepteto foram os de “Diversão”, “Dança(r)” e “Paz”. Missing You – BtoB Em 16 de outubro de 2017, o grupo masculino BtoB, acrônimo de Born to Beat, lançou a música-título Missing You (em português, “Sentindo sua Falta”) de seu segundo álbum de estúdio, Brother Act. No YouTube, a composição conta com legendas disponíveis em 62 línguas. À coreografia, os sete membros, na época, incorporaram a Língua de Sinais Coreana, a KSL, de modo que os sinais fossem vistos como parte da música, fluindo suavemente à melodia e ao ritmo da canção. Portanto os trechos “sinto sua falta”, “passa” e “ano” podem ser apreciados em Língua Coreana de Sinais. O lançamento de Missing You repercutiu, tornando-se notícia, depois que uma pessoa surda, não fã de K-POP, agradeceu a inclusão da Língua de Sinais na coreografia. Em 11 de novembro do mesmo ano, o grupo disponibilizou a versão da música, dessa vez, inteiramente em KSL. I Quit – CL Em dez de dezembro de 2019, a artista solo Lee Chae-rin, popularmente conhecida pelo nome artístico CL, lançou I Quit (em português, “Eu Desisto”) de seu álbum In The Name of Love. A rapper, por meio da música, transmite a mensagem de como aprender a encerrar ciclos da vida para o seu próprio bem, enquanto seus dançarinos, no vídeo oficial de I Quit, interpretam, do início até o fim, a música em Língua de Sinais. Ademais, o MV (o mesmo que “clipe”) ainda conta com legendas disponíveis em 16 línguas. CL – +안해(I QUIT)180327+ (Official Video) ESPECIAL Na seção de comentários, a usuária JustBeYourself 2016 deixou uma mensagem. No depoimento, postado há dois anos, ela disse: “Eu não poderia explicar o sentimento que estou sentindo agora. Como uma pessoa surda (com dificuldades para ouvir), eu tenho ouvido e ´me misturado` com K-POP e a cultura coreana desde o final de 2015. De todos os videoclipes que assisti, este é o meu primeiro [videoclipe] que tem meu idioma nele. Eu sou muito grata por ver pessoas surdas sinalizando a música da CL!! Meu coração está realmente cheio agora, porque está completo com este vídeo! Obrigada, CL, por mostrar ao mundo nossa Cultura Surda e nossa linda *ASL! <3” *de American Sign Language, ASL é a Língua Americana de Sinais. Sunshine Day – Luna Para a sua última apresentação no Immortal Songs 2, programa de competição musical da televisão sul-coreana, no qual era convidada fixa, Park Sun-young, mais conhecida por seu nome artístico Luna, performou a música Sunshine Day (em português, “Dia de Sol”), do cantor sul-coreano Song Dae-kwan, em Língua de Sinais. A interpretação em sinais da canção ocorreu após um fã surdo da artista lhe contar, por meio de uma carta, que apesar de não ouvir, ele ainda estimava as suas apresentações. Starry Night – MAMAMOO Em sete de março de 2018, o grupo feminino MAMAMOO lançou a faixa principal Starry Night (em português, “Noite Estrelada”) de seu sétimo álbum, Yellow Flower. Na coreografia da canção, enquanto cantam o refrão, “Noite Estrelada”, as quatro integrantes sinalizam “As estrelas estão brilhando” em Língua de Sinais, atribuindo ainda mais significado à música. Ademais, essa não foi a primeira vez que o MAMAMOO demonstrou o desejo de proporcionar inclusão para seus fãs: • Em 2016, um vídeo de Wheein, uma das integrantes do grupo, usando a Língua de Sinais para comunicar-se com uma fã surda em um fanmeeting, repercutiu positivamente, com usuários e fãs tecendo elogios à integrante e ao grupo. • O lightstick do quarteto, denominado de “Moomoobong” (junção do nome do fandom, “MooMoo”, com bastão em coreano, “Bong”) possui, como uma de suas funcionalidades, o modo de vibração, desenhado especialmente para os fãs com deficiências. Por meio desse recurso, o usuário toma conhecimento do momento certo de quando pode utilizar o bastão de luz para, juntamente com os outros fãs, apoiar o grupo nos shows e performances em televisão. • A iniciativa de incluir legendas em coreano na plataforma de lives da Coreia do Sul, V Live, também chamada de “V App”, frequentemente usada por artistas de K-POP para comunicarem-se com seus fãs, atribui-se, sobretudo, ao MAMAMOO após o grupo e a empresa responsável pelo quarteto, a RBW Entertainment, ficarem sabendo, por meio do comentário de uma fã surda, das dificuldades que eles enfrentam ao assistirem as transmissões. THANKS – Seventeen Em cinco de fevereiro de 2018, o grupo masculino Seventeen lançou a música-título

A comunidade surda na indústria cinematográfica

Por Pietra Inoue Já há algum tempo temos visto maior representatividade na indústria cinematográfica. Mais atores neurodivergentes, com diferentes tipos de deficiências, sejam elas físicas ou intelectuais, têm ganhado espaço no mundo dos filmes e séries, trazendo com eles uma bagagem de conhecimento grande sobre essas comunidades . Dia 08 de fevereiro, o Oscar, grande premiação da indústria cinematográfica, divulgou a lista dos indicados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, e, entre eles, está Troy Kotsur, indicado na categoria “Melhor ator coadjuvante” pelo seu papel em “No Ritmo do Coração”. Troy Kotsur é um ator surdo estadunidense, e, é também, o primeiro artista surdo a ser indicado para o prêmio na sua respectiva categoria. Ainda sobre a representação da comunidade surda em grandes premiações, temos Marlee Matlin, uma atriz também estadunidense, surda desde os seus 18 meses. Marlee é membra da Associação Nacional dos Surdos, e foi vencedora do Oscar de “Melhor Atriz” em 1987, pelo seu protagonismo no filme “Children of a Lesser God”, ela foi a primeira e única atriz a atingir tal feito. São pequenos avanços como esses, começando na escalação de atores com deficiências, que leva essas minorias até patamares mais altos, onde eles não deveriam batalhar para estar, como, por exemplo, indicações em premiações tão famosas, que, com toda certeza, abrirão cada vez mais portas para essas pessoas realizarem os seus mais profundos sonhos.

A relação e o contato que pessoas surdas têm com a música

Por Giovanna Morales Assim como uma pessoa ouvinte pode “sentir a música”, uma pessoa surda também pode. Isso acontece através das vibrações que atravessam os nervos dentro dos ouvidos internos e o cérebro recebe esses sinais nervosos como som.  Surdos, pela sua condição, não podem interpretar as ondas sonoras, logo, eles não compreendem o que é dito, qual som foi emitido, o ritmo, mas conseguem sentir a vibração daquele som, principalmente se for no tom grave. Com isso, é possível que uma pessoa surda ouça música, toque instrumentos e até pratique alguma dança pelas vibrações. É evidente que não se pode entender a letra de uma música, mas sentir a música e o tom dela através das vibrações é possível. E não há nada mais prazeroso do que poder sentir a música.  Uma amiga surda de 15 anos, que ouve apenas parcialmente, relatou como é sua relação com a música: “eu escuto normal, eu não tenho a parte baixa da minha audição, então, se a pessoa falar super baixo comigo, eu não vou ouvir, o mesmo acontece com a música”.  Julia é apaixonada por música pop e deu como exemplo a música “Happier Than Ever” da Cantora estadunidense Billie Eilish, que tem a característica de cantar de uma forma mais suave, com a voz mais baixa: “a primeira parte dessa música eu não escuto absolutamente nada. Mesmo com fones, é difícil para mim”.  Em pesquisa, pude observar diversos trabalhos, projetos e pesquisas que visam o aprendizado de surdos através da dança. Isso é possível e nos tira o estereótipo de que o surdo não pode ter contato com nada que tenha relação com música. A dança é muito visual e corporal, assim como Língua de Sinais, por isso, surdos com sua capacidade aguçada de expressão corporal e visão, aprendem com facilidade a dançar e sentir a música. Sendo assim, surdos podem dançar qualquer tipo de música podendo sentir a vibração dela e coordenar seu corpo de acordo com ela.  É preciso de uma atenção específica e a didática correta para isso, mas também é realizável a utilização de instrumentos musicais como os de percussão e de sopro, surdos conseguem aprender a tocá-los normalmente. São informações que possuem pouco alcance e pouco interesse ao grande público, existem muitos mitos e preconceitos em torno de qualquer tipo de deficiência. Deve-se sempre ter em mente que qualquer pessoa com qualquer tipo de deficiência é completamente capaz e possui potencial para praticar e viver experiências que pessoas sem deficiência também vivem.

Acessibilidade e BBB

Por Gabrielle Machado Reality shows, os queridinhos da televisão mundial, começaram a fazer sucesso no começo dos anos 2000 e hoje atrai milhões de visualizações nas maiores plataformas de streaming. Com seus programas ao vivo, provas e barracos, a falta de acessibilidade nesse gênero televisivo tem começado a gerar debates ao longo da internet. Quando falamos de inclusão, falamos no ato de incluir, acrescentar, adicionar coisas ou pessoas em núcleos que antes não faziam parte, como por exemplo esportes paraolímpicos, audiodescrição, closed caption. No BBB 21, tiveram duas situações que trouxeram à tona tal debate: a torção do tornozelo do participante Caio e o deslocamento de ombro de outro participante, o Arthur. Ambos os participantes foram impossibilitados de participar de certas provas devido a seus ferimentos e, no caso de Caio, nem acesso a uma cadeira na hora do banho lhe foi permitido no começo. No entanto, não é só dentro da casa mais vigiada do Brasil que sentimos a falta de inclusão, mas também fora dela ao não ter disponível audiodescrição para telespectadores com deficiência visual e falta de closed caption no Pay Per View e Globoplay. Isso faz com que muitos PCDs (Pessoas Com Deficiência) acompanhem o programa pelas redes sociais, principalmente pelo Twitter e Telegram. No podcast “BBB e Pessoas com Deficiência”, de RodaCast, o tetraplégico Dôdi comenta sobre como seria uma casa adaptada para PCDs sobre as interações e quebra de tabus tão presentes em nossa sociedade. Dôdi ainda comenta que a inclusão e acessibilidade é um direito, então por que não usamos isso em um dos programas de maior visibilidade atualmente? Por mais que ainda exista um longo caminho pela frente, no programa do dia 1º de fevereiro de 2022, um apresentador falou pela primeira vez em Libras com uma participante. Esse marco histórico ficará para sempre na memória daqueles que, pela primeira vez, puderam assistir ao vivo um programa do BBB.

Tecnologia + Inclusão = Tecnologia Assistiva!

Por Sofia Wu Mais do que nunca, a crise sanitária, a nível global, causada pela COVID-19 soube nos mostrar a importância que a tecnologia desempenha e sempre desempenhou em nossas vidas. E nos mais diversos âmbitos, como lazer, educação e negócios. A tecnologia ficou em evidência e a pandemia, por sua vez, reforçou a ideia de que essa ciência pode ser cada vez mais utilizada para atender diferentes propósitos. Entre eles, gerar resultados rápidos, acelerar as comunicações, diminuir distâncias, facilitar processos e, sobretudo, fornecer conforto e melhorar a qualidade de vida do ser humano. A Tecnologia Assistiva (TA) é o termo empregado para referir-se a um conjunto de recursos e serviços que, voltados para pessoas com deficiência, são responsáveis em propiciar a inclusão social, autonomia, qualidade de vida, independência e, em alguns casos, proporcionar ou ampliar habilidades funcionais. O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da Secretaria dos Direitos Humanos (SDH) define “Tecnologia Assistiva” como “uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social”. Os recursos, que fazem parte da TA, possuem a função de aprimorar, manter ou aumentar as competências funcionais de pessoas com deficiência e são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema produzido em série ou sob medida. No geral, são itens ou produtos adaptados. Sendo a gama bastante ampla e diversificada, pertencem aos recursos da Tecnologia Assistiva: materiais protéticos, auxílios visuais, aparelhos de escuta assistida, equipamentos de comunicação alternativa, chaves e acionadores especiais, recursos para mobilidade manual e elétrica, dispositivos para adequação da postura sentada, computadores, softwares e hardwares especiais, nos quais questões de acessibilidade são abordados, roupas adaptadas, brinquedos e bengala, além de mais outros numerosos produtos manufaturados ou disponíveis comercialmente. Já os serviços referem-se àqueles que, diretamente, dão auxílio à pessoa com deficiência para que essa possa usar, selecionar ou comprar os recursos ou o recurso de TA que melhor atenda as suas necessidades. São realizados por meio de profissionais de diferentes campos de atuação e geralmente têm caráter transdisciplinar. As diversas áreas dos profissionais envolvidos nos serviços de Tecnologia Assistiva são: Design, Arquitetura, Engenharia, Medicina, Enfermagem, Psicologia, Educação, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e várias outras especializações. Além do mais, as tecnologias assistivas são divididas em 11 classificações. A categorização em questão, atualizada pela última vez há cinco anos atrás, em 2017, foi redigida pelos teóricos José Tonolli e Rita Bersch em 1998 e fundamentada nas diretrizes gerais do Ato dos Americanos com Deficiências (Americans with Disabilities Act – ADA), a partir da formação dos autores no Programa de Certificação em Aplicações da Tecnologia Assistiva – ATACP – da Universidade do Estado da Califórnia, Northridge, na Faculdade de Aprendizagem Estendida e Centro de Deficiências, e em classificações terceiras aplicadas em bancos de dados de TA. As 11 categorias dividem-se em: Auxílio para a vida diária e prática Produtos, materiais e utensílios que têm o papel de proporcionar independência e autonomia nos mais diversos ambientes do cotidiano, como escola, casa e trabalho, para pessoas com deficiência. São um exemplo: Itens adaptados que auxiliam na alimentação. Comunicação aumentativa e alternativa – CAA Recursos direcionados para pessoas que possuem dificuldade de escrita, de fala ou até a ausência dela. São um exemplo: Dispositivos de voz, computadores com software de leitura, interpretação e tradução de textos para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e pranchas de comunicação produzidas com símbolos gráficos (Bliss, PCS e entre outros), letras ou palavras escritas. Recursos de acessibilidade ao computador Como lupa virtual, mouses adaptados, teclados em braille, trackball (bola de comando) e programas que ampliam a tela. Sistemas de controle de ambiente Recursos voltados para pessoas que possuem limitação motora e, por isso, apresentam dificuldades em, sozinhas, ligarem iluminação, aparelhos ou o sistema de refrigeração em dados lugares. São um exemplo: Dispositivos conectados a um controle remoto. Projetos arquitetônicos para acessibilidade Calçadas e ruas que possibilitam o acesso a pessoas com deficiência visual ou mobilidade reduzida. São um exemplo: Projetos arquitetônicos urbanos com adaptações estruturais, como elevadores, rampas, adaptações em banheiros e mobiliário. Órteses e Próteses As órteses asseguram melhor posicionamento ou estabilidade à pessoa e são colocadas junto a uma determinada parte do corpo. As próteses, por sua vez, são responsáveis por ampliar, corrigir ou substituir partes de uma função natural e caracterizadas como sendo peças artificiais. Adequação postural Como almofadas, estabilizadores ortostáticos e outros. Auxílios de mobilidade Como algum equipamento que auxilie na locomoção de pessoas com deficiência, cadeira de rodas, carrinhos, andadores, muletas e bengalas. Auxílio para pessoas cegas ou de baixa visão Como hardwares com impressoras braille, softwares leitores de tela, ampliadores de tela, leitores de texto, auxílios ópticos, lentes, telelupas e lupas, e outros. Auxílios para pessoas surdas ou com déficit auditivo Como dispositivos com tradução para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), plataformas ou aplicativos que oferecem esses tipos de serviços em tempo real, equipamentos (infravermelho e FM), sistemas com alerta táctil-visual, telefones com teclado-teletipo (TTY) e aparelhos para surdez. Adaptações em veículos Como rampas, elevadores, facilitadores de embarque e desembarque, assentos e cintos adaptados, e outros. Dando enfoque, agora, aos aplicativos idealizados e criados com o objetivo de auxiliar as pessoas com deficiência em suas atividades diárias, promovendo mais autonomia, independência, conforto e melhor qualidade de vida, temos no mercado: Spread The Sign Para usá-lo, o usuário deve digitar uma palavra e, por meio de vídeos, o aplicativo fornecerá a tradução do termo desejado para as diferentes línguas de sinais existentes, uma vez que cada país possui e utiliza a sua própria. Considerado o maior dicionário de línguas de sinais do mundo, o Spread The Sign está disponível em versão web, Android e iOS. HandTalk Além de premiado pela Google no “Desafio Google de Impacto em IA” no início de 2019, o HandTalk também é um dos tradutores de línguas de sinais mais usados e bem

A inclusão nas campanhas publicitárias de Natal

Por Sofia Wu A publicidade é uma das áreas da Comunicação e volta-se para a difusão criativa de serviços, produtos ou empresas, por meio de mídias digitais e físicas, a fim de suscitar, no telespectador, uma atitude dinâmica e espontânea favorável para a parte interessada. Como, por exemplo, fazer com que aquele passe a consumir os produtos ou serviços de uma determinada marca. No Brasil, os investimentos no meio publicitário atingiram uma soma de R$ 11,2 bilhões, apontados nos três primeiros meses deste ano, de acordo com dados da Kantar Ibope Media divulgados em 2021 pelo Meio&Mensagem. Especialmente, no mês de dezembro, detentor do Natal e do réveillon, que comemora o encerramento de um ciclo de 365 dias ou 366 para anos bissextos, as marcas aproveitam o espírito e clima natalinos para, com a ajuda da publicidade, dar um enfoque maior no compartilhamento de palavras otimistas, positivas e, também, necessárias, que tornam esse período do ano ainda mais encantado e mágico, tocando e emocionando nossos corações nostálgicos. As mensagens passadas são transformadoras e humanizadas, podendo falar sobre temas que remetem ao amor, respeito às diferenças, à tolerância, importância da amizade, esperança, empatia, bondade, solidariedade, autoconfiança, diversidade e representatividade; com a pandemia, à valorização dos momentos, união, confraternização e colaboração com pessoas queridas. Outra temática que, felizmente, vem sendo abordada nas campanhas de Natal é a da Inclusão, pauta bastante relevante, assim como as mencionadas acima, e que deve ser cada vez mais discutida. O Boticário, Erste Group, Renner, Bradesco, Sicoob e Canon são algumas marcas que já retrataram a inclusão em seus filmes natalinos. No entanto, se pesquisarmos no Google, ainda notamos uma quantidade não muito grande de resultados correspondentes à peças em questão, quando, em fevereiro de 2020, no Brasil, foram registradas 17.505 marcas, segundo dados do Boletim Mensal de Propriedade Industrial de 2020 divulgados pelo Governo do Brasil. Ademais, gerar a conscientização acerca das pessoas que possuem algum tipo de deficiência, ao retratá-las em peças publicitárias que serão distribuídas em grande massa, é uma maneira de dar voz e visibilidade à comunidade em questão e fazer com que seus membros sintam-se representados, identificados e inseridos na sociedade brasileira. Para os próximos anos, vamos desejar e torcer para que o tema da inclusão seja ainda mais disseminado por aí. E, sendo as épocas nas quais tendemos a estar mais sensíveis, inspirados e abertos à reflexão e ao autoconhecimento, o Natal e o fim de ano, por que não? Um Feliz Natal a todos! Referências • Wikipédia, a enciclopédia livre. Publicidade. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Publicidade. Acesso em: 14 dez. 2021. • PATEL, Neil. Publicidade: Conceito, Tipos e A Importância Nos Negócios. Disponível em: https://neilpatel.com/br/blog/publicidade/. Acesso em: 14 dez. 2021. • SACCHITIELLO, Bárbara. Investimento em publicidade soma R$ 11,2 bilhões no trimestre. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/midia/2021/05/07/investimento-em-publicidade-soma-r-112-bi-no-trimestre.html. Acesso em: 14 dez. 2021. • SACCHITIELLO, Bárbara. A magia do Natal pelo olhar das campanhas publicitárias. Disponível em: https://www.meioemensagem.com.br/home/comunicacao/2018/12/17/a-magia-do-natal-pelo-olhar-das-campanhas-publicitarias.html. Acesso em: 14 dez. 2021. • PONTOS, 2. A responsabilidade da publicidade para um Natal mais inclusivo. Disponível em: https://2pontos.com.br/estrategia/2019/03/11/a-responsabilidade-da-publicidade-para-um-natal-mais-inclusivo/. Acesso em: 14 dez. 2021. • BRASIL, Governo do. Boletim Mensal de Propriedade Industrial: Estatísticas Preliminares. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/central-de-conteudo/estatisticas-e-estudos-economicos/arquivos/publicacoes/boletim-mensal-de-propriedade-industrial_mar_2020.pdf. Acesso em: 14 dez. 2021.

A influência da representatividade na cultura pop

Por Pietra Inoue A cultura pop é muito consumida, principalmente pelo público jovem, e ela é responsável por ajudar a formar opiniões e ideais acerca de diversos assuntos, uma vez que consumir essa cultura quando se está crescendo influencia sua forma de pensar e ver o mundo.  Sendo a cultura pop de grande impacto na formação de mente e opinião das novas gerações, é muito importante estar sempre incluindo pautas relevantes nessas obras, e com isso entramos no assunto da representatividade. Ao incluirmos de forma natural alguns assuntos que são imprescindíveis de serem debatidos, nós induzimos o público desses filmes, livros, séries e músicas a se aprofundarem e procurarem saber mais sobre tais assuntos. Pautas como racismo, lgbtfobia e capacitismo são as mais abordadas atualmente, e podemos ver com clareza o crescimento das comunidades afetadas na cultura pop  Cada vez mais podemos ver protagonistas de histórias de diferentes raças, culturas, sexualidades, identidades de gênero, portando diversas doenças e transtornos, e esse lugar que esses personagens ocupam são de extrema importância, porque não só representam um grupo de pessoas que, por vezes, se sente deslocado da sua realidade, como também mostram  a essas pessoas o valor delas. Crescer consumindo produtos que abrangem todos os tipos de pessoa também molda o caráter, exercitando a tolerância, a empatia e a curiosidade de conhecer cada vez mais o mundo em que vivemos e a diversidade presente nele.  Com o aumento do debate sobre esses assuntos e as consequências da intolerância contra eles, temos visto cada vez mais essas comunidades representadas em filmes, livros, séries e músicas, e com tanta representatividade, temos a chance de criar uma sociedade cada vez mais agradável, cada vez mais tolerante a cada geração que surgir, e é assim que transformaremos o mundo em um lugar com mais amor e empatia, e menos ódio.

Eternos: a primeira heroína surda da Marvel

Por Maria Clara Lopes O mais recente filme da Marvel, Eternos, estreou nos cinemas em novembro de 2021, e narra a história de seres imortais da antiguidade que precisam enfrentar um dos seus maiores inimigos, os Deviantes, que, curiosamente, possuem as mesmas origens, ou seja, ambas as raças possuem os mesmos criadores.  O filme chamou a atenção dos críticos de cinema por várias razões, mas a principal delas é por conta da personagem Makkari, a primeira heroína surda da Marvel a ir para os cinemas. Trata-se de uma personagem que teve origem em outro planeta, que foi interpretado pela atriz Lauren Ridloff, e que tem como missão proteger os humanos dos Deviantes.  De acordo com um estudo realizado pela Preply, um aplicativo de aprendizado de idiomas, revelou que o número de pesquisas em relação à língua de sinais teve um aumento significativo após o lançamento do filme. A atriz, que nasceu surda, revelou em seu twitter a sua satisfação pelo interesse das pessoas pela questão da acessibilidade: “This is great. Do learn sign language from Deaf/HoH teachers/content creators Eternals  leads to rise in people wanting to learn sign language”. O filme, que já é sucesso de bilheteria, se tornou um dos maiores filmes em questão de representatividade e por abordar a questão da inclusão, não só por ter a primeira heroína surda, mas, também, por mostrar o primeiro beijo entre um casal LGBT.  O elenco do filme conta com grandes nomes como Gemma Shan, Angelina Jolie, Richard Madden, Brian Tyree Henry e, até mesmo, o cantor e compositor Harry Styles está envolvido na produção. O filme ainda está em cartaz nos cinemas, mas logo estará disponível na plataforma de streaming Disney Plus. 

Mais do que artista, um símbolo de representatividade

Por Gabrielle Machado No dia 22 de julho de 1995, na cidade de Cristianópolis, nascia Marília Dias Mendonça, mulher, mãe, filha. Marília ficou famosa por sua espontaneidade, alegria, sua voz. E mais além, suas letras tão reais atingiram um público que até então estava oculto no meio sertanejo: as mulheres. Mas afinal, por que a “rainha da sofrência” foi tão importante para a representatividade? Com a pandemia da Covid-19, coisas que antes faziam parte do dia a dia passaram a ser motivo de desejo e nostalgia, como os eventos. No dia 8 de abril de 2020, Marília fez sua primeira live no Youtube, como forma de alegrar seus fãs em um período tão difícil. Mas o que ninguém esperava, na parte inferior direita da tela, uma intérprete de libras.  Gessilma Dias trabalha há 22 anos na área de libras educacional e, pouco tempo após o acidente aéreo que levou ao falecimento da cantora, deu uma entrevista ao Fantástico contando um pouco da correria que foi interpretar 3 horas e meia de live tendo somente um dia para estudar o repertório. Para muitos, a língua de sinais é simplesmente ouvir e sinalizar as palavras, mas na verdade a Libras tem diversas variações linguísticas, com gestos, movimentos, expressões faciais, tudo sendo interpretado junto para assim transmitir ao locutor fielmente o sentimento que aquela canção, aquele discurso, quer passar. A live da cantora bateu o recorde de views, com mais de 3, 3 milhões de visualizações instantâneas, superando artistas como BTS e Beyoncé.  Marília Mendonça sabia de sua influência e importância no meio musical, e por mais dela já ser um fenômeno, depois dessa live inclusiva sua visibilidade dobrou e a comunidade surda será eternamente grata à Marília por ter trago voz àqueles que não eram ouvidos. 

A surdez e os seus tipos

Por Sofia Wu A surdez é uma condição caracterizada pela perda parcial (em um ouvido) ou total (em ambos) da audição de um indivíduo. Desse modo, são três as vertentes levadas em conta para a classificação da hipoacusia: tipo (referente ao local afetado do sistema auditivo), grau (se é leve, moderada, severa ou profunda) e lateralidade (se está em um lado ou nos dois). Com isso, falaremos hoje sobre cada tipo de surdez, quais os locais acometidos e como ocorrem. Surdez de condução ou transmissão A surdez condutiva, como também é chamada, possui este nome, pois sua perda auditiva dá-se devido ao bloqueio ou algum dano que esteja impedindo a condução ou transmissão eficiente do som até a cóclea, o principal órgão auditivo existente. Ademais, a condição afeta os ouvidos externos e/ou médios e os motivos podem ser em decorrência de tumores, rompimento do tímpano, infecções de ouvido ou acúmulo de sujeira, como cera de ouvido. A depender do caso, por exemplo, se é permanente ou temporária, a surdez condutiva pode ser revertida por meio de operações cirúrgicas ou do uso de medicamentos. Surdez sensorioneural ou de percepção Ao contrário da condutiva, na surdez neurossensorial, também sensorioneural ou de percepção, a passagem de som acontece sem obstáculos, porém as vibrações sonoras não são transformadas em estímulos nervosos, não havendo, consequentemente, a chegada destes ao cérebro, mais especificamente no córtex. Logo, a surdez sensorioneural é caracterizada, neste caso, por alguma alteração na cóclea e a condição afeta os ouvidos internos. As causas podem ser em decorrência de doenças genéticas ou tumores, exposição a som muito alto, degeneração das células auditivas devido à idade, doenças circulatórias ou metabólicas, como pressão alta ou diabetes, por exemplo. Usualmente, os resultados da surdez de percepção podem ser perda auditiva gradual ou lenta e seu tipo é a que mais ocorre em todo o mundo. Surdez mista Como o próprio nome diz, é a soma entre dois tipos: a condutiva e a sensorioneural, descobertas no ouvido externo e/ou médio e interno, respectivamente. Vale relembrar que a surdez de condução ocorre pela não correta transmissão do som até a cóclea, ao passo que a surdez sensorioneural sucede-se pela não chegada de estímulos nervosos à região cerebral. Surdez neural ou retrococlear A surdez retrococlear dá-se nos casos em que o nervo auditivo encontra-se danificado ou ausente sendo, portanto, uma condição permanente e profunda. Uma vez que o nervo da audição está danificado ou inexistente, não há caminho para que informações sonoras possam chegar até o cérebro. Surdez central A surdez central, por sua vez, não caracteriza-se, de fato, como uma perda auditiva, não obstante ela abrange a etapa do processamento da informação sonora, que vem a ter diferentes graus de complicações. O encadeamento da informação sonora no tronco cerebral (SNC ou Sistema Nervoso Central), para quem é portador deste tipo de surdez, vê-se com alterações em seus mecanismos. Saber mais sobre a surdez e os seus diferentes tipos colabora para que tenhamos mais conhecimento e nos informemos, nem que seja um pouco, acerca desse universo tão vasto e ainda pouco falado em nossa sociedade cujo cinco por cento, da população brasileira, é composto por pessoas surdas, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, o IBGE, divulgados em 2020 pelo G1. Referências das informações • BABUSHKA, Agência. Surdez: tipos, sinais e inclusão. Disponível em: https://www.centralnacionalunimed.com.br/viver-bem/saude-em-pauta/surdez-tipos-sinais-e-inclusao. Acesso em: 10 nov. 2021. • CUIDAR, Mais que. Quais os tipos de deficiência? Física, mental, visual ou auditiva. Disponível em: https://www.maisquecuidar.com/tipos-de-deficiencia. Acesso em: 10 nov. 2021. • DANONE. Por cada indivíduo, de todas as idades, com prazer! Disponível em: http://pcddiversidade.danone.com.br/blog/danone-manifesto. Acesso em: 10 nov. 2021. • LETRA, Pedagogia ao pé da. Os tipos de deficiência. Disponível em: https://pedagogiaaopedaletra.com/tipos-de-deficiencia/. Acesso em: 10 nov. 2021. • MOREIRA, Dr. Luciano. Tipos de Surdez. Disponível em: https://portalotorrino.com.br/tipos-graus-de-surdez/. Acesso em: 10 nov. 2021. • MOREIRA, Paula Pfeifer. Tipos de surdez: condutiva, neurossensorial e mista. Disponível em: https://cronicasdasurdez.com/tipos-de-surdez-condutiva-neurossensorial-e-mista/. Acesso em: 10 nov. 2021. • ANTONIO, Rosa Maria Rodriguez. Surdez: o que é, tipos, causas e tratamento. Disponível em: https://www.tuasaude.com/causas-da-surdez/. Acesso em: 10 nov. 2021. • MARANHÃO, Dr. André S. de Albuquerque. Surdez: principais causas e tipos. Disponível em: https://cdo.com.br/surdez-principais-causas-e-tipos/. Acesso em: 10 nov. 2021. • MEDEL. Tipos de perda auditiva. Disponível em: https://www.medel.com/pt-br/about-hearing/types-of-hearing-loss. Acesso em: 10 nov. 2021. • FIOCRUZ. Deficiência Auditiva. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/infantil/deficiencia-auditiva.htm. Acesso em: 10 nov. 2021. • UBM. População brasileira é composta por mais de 10 milhões de pessoas surdas. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/especial-publicitario/ubm/conhecimento-transforma/noticia/2020/02/12/populacao-brasileira-e-composta-por-mais-de-10-milhoes-de-pessoas-surdas.ghtml. Acesso em: 10 nov. 2021.

Leitura acessível: os livros em Braille

Por Pietra Inoue Nos tempos de modernidade e tecnologia que estamos vivendo hoje, muitos problemas antes vistos sem solução agora podem ser resolvidos como em passe de mágica, e as questões sobre acessibilidade não ficam de fora desse assunto. A leitura sempre foi vista como um hobbie e um hábito saudável, estimula a criatividade, aguça a imaginação, vocabulário e a interpretação de texto. Mas como fazer quando uma deficiência visual dificulta ou até impossibilita alguém de desenvolver esse hábito? Hoje em dia já temos algumas soluções práticas para isso, sendo a principal delas o chamado “audiobook”, que nada mais é do que um livro digital com arquivo de áudio, dublado por profissionais que deixam a experiência o mais realista possível para que a pessoa ouvindo se sinta imersa na história. Mas há, além disso, uma outra opção, e que, mesmo assim, não é comumente vista e abordada. São os livros em braille. O sistema de linguagem em braille funciona como uma forma de linguagem estimulada pelo tato, onde relevos no papel indicam combinações de seis pontos, dispostos em duas colunas de três pontos, que permite a formação de 63 caracteres diferentes diferentes letras, números, simbologia aritmética, fonética e por aí vai. Os livros em braille, por mais que pouco falados, trazem à pessoa com deficiência visual uma independência maior, possibilitando a leitura sem a ajuda de outra pessoa. No Brasil há empresas especializadas na área, que traduzem para o braille livros didáticos, pedagógicos, ficcionais e de muitos outros gêneros. Há uma grande importância nesse mercado, pois esse está fornecendo à comunidade de cegos e pessoas com baixa visão um material que elas já deveriam ter acesso por direito, visto que educação, cultura e lazer são previstos como direitos de todos. Mas não apenas isso. A leitura traz para quem a pratica muito conhecimento e diversão, corroborando assim, para a saúde mental da comunidade.

Utilidade pública: conheça as bengalas coloridas e seus significados.

Por Giovanna Morales Repasse a informação o quanto puder, quanto mais soubermos, mais ajudamos. As bengalas sempre foram instrumentos de auxílio para pessoas com algum tipo de dificuldade ou deficiência, mas, recentemente, foram estabelecidas cores específicas para cada tipo de condição, facilitando assim, o reconhecimento das necessidades de cada pessoa.  As cores são:  Branco Para pessoas cegas, ou seja, possuem 100% de sua visão nula. Verde Criada em 1996, na Argentina e pouco utilizada no Brasil, esta cor simboliza a esperança e o projeto foi feito para pessoas com deficiência visual, baixa visão ou visão subnormal, quando não se pode ser corrigida com óculos, lentes ou cirurgia. A necessidade da utilização dessa cor, é justamente diferenciar de pessoas que não enxergam. Branco e Vermelho Quando a bengala é branca com alguma faixa ou adesivo em vermelho, indica que a pessoa é cega-surda, possui visão e audição ambas nulas. As bengalas ajudam essas pessoas a conviverem em ambientes públicos e possuírem uma vida ativa e normal, fazem com que elas tenham uma maneira nova e diferente de enxergar o mundo e as coisas ao seu redor. Movimentando a bengala à frente de seu corpo, é possível identificar obstáculos no chão, degraus, buracos, facilitando o desvio de objetos e alertando as pessoas ao redor para abrir espaço para passagem. Por isso a importância de prestarmos atenção em como elas se locomovem e, tendo o conhecimento da cor de cada bengala, é possível ajudá-las em momento de apuro.  Quanto mais informada a população estiver, mais vistas serão as pessoas com essas condições e em maior segurança elas estarão em meio à sociedade.

Símbolos do Transtorno do Espectro Autista: visibilidade e inclusão

Por Yasmim Verdadeiro Augusto O Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo, é um transtorno do neurodesenvolvimento e seu espectro engloba uma variedade de sintomas e graus de severidade, que incluem déficit na comunicação e/ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade sócio emocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento (como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais).  Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem cerca de 70 milhões de pessoas no mundo com TEA. Em vista disso, a conscientização sobre o transtorno é algo necessário a fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo em todo o mundo. Para tanto, diversos símbolos são usados e iniciativas são postas em prática para dar visibilidade e promover a inclusão das pessoas com TEA.  Quebra-cabeça Esse é o mais antigo símbolo do autismo, porém, é o menos aceito atualmente. Esse símbolo foi criado em 1963 pela Autism Society e popularizado pela Autism Speaks, e representa uma peça de quebra-cabeça desencaixada com a imagem de uma criança chorando, com o intuito de mostrar que as pessoas com autismo sofrem com sua condição e que não se encaixam na sociedade. No contexto em que foi produzido, o símbolo entrava em consonância com o rótulo que o autismo tinha, visto que não era aceito na sociedade e era considerado uma deficiência mental.  Contudo, com o tempo, o símbolo deixou de ser adotado e foi substituído por quatro peças de quebra-cabeça encaixadas, visando representar a complexidade do autismo e seus diferentes espectros que se encaixam, formando o TEA. Mas ainda assim esse símbolo não foi muito aceito pela sociedade, isso porque as pessoas entendem que o quebra-cabeça é um símbolo daquele que não se encaixa na sociedade e que evidencia muito mais a dificuldade de compreensão das pessoas no espectro do autismo do que uma tentativa de conscientização.  Em vista disso, muitos autistas consideram que essa interpretação traz mais prejuízos à causa do que ajuda no entendimento do TEA. Ainda assim, esse é um dos símbolos mais conhecidos e reconhecidos pela sociedade, usado para apoiar a causa e promover a aceitação do TEA.  Fita de quebra-cabeça Esse símbolo universal, também conhecido como fita da conscientização ou fita do autismo, foi criado em 1999, sendo uma fita formada por peças coloridas de quebra-cabeça, cujo objetivo é conscientizar sobre o TEA.  As peças do quebra-cabeça que compõem a fita em diferentes cores representam a diversidade de famílias que têm integrantes autistas, buscando incentivar o aspecto da inclusão social. Já, a vivacidade das cores empregadas nessas peças simboliza a esperança em relação às intervenções e à conscientização da sociedade como um todo, visando-se a conquista da inclusão social das pessoas que fazem parte do espectro.  Apesar desse símbolo conter peças de quebra-cabeça, não muito aceitas pela comunidade autista, esse é o símbolo da Sociedade do Autismo, além de ser o símbolo mais usado para representar o TEA. Ademais, esse símbolo é empregado em locais onde as pessoas com autismo têm seus direitos garantidos (como em atendimentos preferenciais, vagas de estacionamento, entre outros). Cor azul A relação da cor azul com o autismo se originou com a Associação de Defesa do Autismo (cuja cor primária é o azul), conhecida como Autism Speaks, já que sua campanha Light it Up Blue (Ilumine em Azul) pede que as pessoas usem azul no dia 2 de abril no Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Além disso, essa cor está associada a um sentimento de calma e aceitação em um mundo barulhento e agitado para pessoas do espectro. Ademais, a cor azul busca representar a maior incidência do TEA no sexo masculino, já que para cada 4 meninos, existe 1 menina no espectro. Logotipo da neurodiversidade Esse símbolo foi criado pelas pessoas com TEA e é o mais aceito pela comunidade, representando um uso alternativo à fita do quebra-cabeça. Ele consiste em um sinal do infinito nas cores do arco-íris, visando celebrar a esperança e a diversidade de expressão dentro do espectro.  Entretanto, esse símbolo não é bem aceito por todos os constituintes da comunidade, pois ele é visto por alguns como muito passivo e facilmente inundado por pessoas que afirmam que a neurodiversidade está tentando atrair a comunidade LGBTQIA+ para a aceitação em vez de buscar uma identidade própria. Uso de símbolos em documentos e atendimentos preferenciais Em virtude da Lei 13.977, de 2020, batizada como Lei Romeo Mion (nome do filho do apresentador Marcos Mion e que tem TEA), houve a criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). Essa carteira deve assegurar às pessoas com TEA atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social.  A Ciptea é expedida pelos órgãos estaduais, distritais e municipais que executam a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Para adquirir a carteira, a família deve apresentar um requerimento acompanhado do relatório médico com a indicação do código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID).  Além da carteira, é possível que a pessoa com TEA tenha a inclusão do símbolo do autismo em seu documento de identidade. Em alguns estados, como no Rio Grande do Sul, o símbolo incluído é a fita do quebra-cabeça em fundo azul, localizado no canto superior direito do documento. Já, em outros, como em São Paulo, o símbolo utilizado é o de um cérebro (uma das quatro classificações adotadas pelo CID nacional), visto que o autismo é um transtorno no neurodesenvolvimento.  Vale ressaltar que essa identificação no RG não é obrigatória, basta a pessoa solicitar a inclusão dessa informação no documento. Por outro lado, a pessoa também pode solicitar que essa informação seja excluída a qualquer momento. Além disso, a fita de quebra-cabeça também é utilizada como símbolo para indicar atendimento preferencial em filas de supermercados e farmácias para pessoas

Cão-guia: o melhor amigo do deficiente visual

Por Maria Clara O cão é tido como o animal domesticado mais antigo que se tenha registro. Durante a época da primeira guerra, um médico alemão, doutor Gerhard Stalling, foi o precursor da ideia de adotar esses animais como forma de orientar os soldados que acabavam ficando cegos por conta dos incidentes da guerra, isso porque os cães possuem um excelente olfato e audição, o que facilita muito em ajudar essas pessoas. Após essa ideia do doutor, em 1916, foi fundada a primeira escola de cães-guias, em Oldenburg, na Alemanha.  O cão-guia é um animal que é treinado para auxiliar pessoas cegas ou que possuem algum tipo de necessidade especial ou precisam de um certo amparo para a realização de tarefas. Normalmente, são utilizados o labrador ou o golden retriever, que são raças de temperamento dócil e por ter um porte que varia de médio a grande. Para que o treinamento aconteça, eles passam por um processo rígido, que pode durar entre um ano e meio a dois e esse treinamento é composto por três fases: socialização, treinamento e instrução. Durante o processo de socialização, o cão-guia passa a conviver com famílias voluntárias para aprender a socializar e também a ter acesso a alguns comandos simples, que serão utilizados na hora de orientar alguém. Já durante a fase de treinamento, eles recebem um adestramento específico para guiar os cegos e, assim, chegar na última e terceira fase, que é quando são instruídos juntamente com o seu tutor.  Dentre as suas principais funções, o cão-guia é responsável por conduzir o seu dono dentro de casa e em espaços públicos, como por exemplo: atravessar a rua; desviar de obstáculos; e ajudar o tutor a entrar em transportes públicos. Em situações de perigo, o cão-guia é orientado a desobedecer ordens em prol do bem-estar do seu dono. Ainda que ele possua uma variedade de responsabilidades, é importante para a saúde do animal que o cão-guia tenha momentos de lazer e receba carinho e atenção de seu dono. Com isso, apesar de serem animais que chamam atenção por conta da sua aparência muita das vezes dócil, não é indicado brincar com eles na rua, uma vez que eles não podem sofrer nenhum tipo de distração. No Brasil, há a lei 11.126, de 2005, que orienta a todos os estabelecimentos que seja permitido a entrada de cães-guias e que as pessoas cegas permaneçam com os animais durante todo o tempo da estadia, seja em um restaurante, táxi, supermercado, transportes públicos ou algum ambiente privado. Os cães-guias devem manter-se o tempo todo com o seu tutor, pois a sua função é orientá-lo.  Para identificar o cão-guia em lugares públicos, é necessário reparar em alguns detalhes: os cães-guias precisam estar o tempo todo de coleira e peitoral, acessórios estes que ajudam na orientação do seu dono. Além disso, o cão-guia sempre estará à esquerda do tutor, e, por isso, o aconselhável é se dirigir à pessoa cega pelo lado direito em situações como esta.  Em relação ao tempo de permanência com o tutor, é levado em consideração que a estimativa de vida do cão é de dez a vinte anos. Dessa forma, os cães-guias passam, em média, oito anos ao lado do seu dono. Depois desse tempo, eles se aposentam e podem ser adotados pelo tutor ou por uma outra família que já tenha afinidade.

As doenças ocultas e a importância de saber reconhecê-las

Por Pietra Inoue Não é de hoje que o debate sobre acessibilidade vem crescendo na nossa sociedade. A acessibilidade é um assunto que está sendo abordado cada vez mais no dia a dia, seja sobre como melhorar a inclusão de pessoas com deficiências físicas ou intelectuais ou como facilitar a vida e a convivência delas em um mundo que não era prioritariamente acessível. Sendo esse assunto tão recorrente nos dias atuais, é cada vez mais importante conscientizar as pessoas sobre as chamadas “doenças ocultas”, que são, nada mais nada menos do que doenças que não podem ser percebidas ao primeiro ver, diferente de deficiências físicas, por exemplo, que são facilmente notadas. Dentro do leque de doenças ocultas, temos, por exemplo, síndrome de Tourette, autismo, ansiedade e algumas fobias.  O principal fator que caracteriza tais doenças como ocultas, é o fato de elas serem, em sua maioria, transtornos sociais, ou seja, transtornos que atuam na interação social dos portadores com outros indivíduos. A importância da conscientização da sociedade sobre essas doenças e como reconhecê-las, se dá porque, situações, por exemplo, que envolvam multidões ou uma grande concentração de pessoas, já tendem a ser muito estressantes, e para alguém com deficiências ocultas, tais situações podem facilmente desencadear uma crise, que pode ser nociva, tanto para a própria pessoa como para os que estão a sua volta. Já existem símbolos  que são usados especificamente para identificar algumas doenças e transtornos, e a importância em saber identificá-los é exatamente para poder prevenir qualquer acidente, uma vez que, quando percebida, a pessoa portadora de uma deficiência oculta pode receber o auxílio correto em uma situação de emergência, evitando situações que podem ser graves e até fatais para todos os envolvidos.

Setembro em cores: visibilidade à inclusão social das pessoas com deficiência e à Cultura Surda

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Entre as diversas cores que colorem o mês de setembro e visam conscientizar a população sobre diversas mazelas sociais, as cores azul e verde são as mais marcantes para as pessoas com deficiência, visto que dão maior visibilidade à Comunidade Surda Brasileira e à inclusão social de pessoas com deficiência. E como essas iniciativas surgiram e como ganharam a dimensão que têm hoje? Setembro Azul O Setembro Azul é o mês que promove visibilidade à Comunidade Surda Brasileira, realizando uma homenagem a essa população e uma conscientização da sociedade em relação a essa comunidade. E como essa iniciativa deu seus primeiros passos? O Setembro Azul surgiu a partir da luta da Comunidade Surda por seus direitos. Tudo começou em 2009, quando o Conselho Nacional de Educação, no parecer n°13/2009, determinou a obrigatoriedade das escolas comuns de ensino regular aceitarem matrículas de pessoas com deficiência através da oferta de atendimento educacional especializado para esses alunos. Em consequência disso, em 2011, o Ministério da Educação (MEC) declarou que o INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) e o Instituto Benjamin Constant seriam fechados, o que implicaria que as crianças que frequentavam as escolas para alunos com deficiência deveriam ser matriculadas em escolas comuns, de modo a terem atendimento educacional especializado como complementar à sua educação, não mais como a base do processo. Revoltados com a declaração, em maio de 2011, foi organizada uma manifestação nacional, em Brasília, em defesa das escolas bilíngues para surdos, em uma luta por um ensino gratuito que utilizasse a Libras como primeira língua e língua de instrução. Como resultado da manifestação, o MEC revogou sua declaração, além de que as Comunidades Surdas de outros estados aderiram ao movimento e, a partir dessa organização, surgiu o Setembro Azul.  Mas por que o mês de setembro foi escolhido se o movimento ocorreu em maio? É porque, no mês de setembro, existem diversos marcos históricos e culturais na Comunidade Surda. Dentre esses marcos, temos: E, por fim, porque o mês é adornado com a cor azul?  Essa cor se relaciona com a Comunidade Surda desde a Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas obrigavam as pessoas com deficiência a utilizarem uma faixa azul no braço para marcá-las como inferiores. Essas pessoas, então, eram encaminhadas a instituições na Alemanha e Áustria, onde eram executadas pelo programa denominado “T4” ou “Eutanásia” (que foi responsável pela morte de cerca de 20 mil pessoas com deficiência durante os anos da guerra).  Esse símbolo de opressão voltou a ser usado pela Comunidade Surda em 1999, mas agora como um símbolo do orgulho de ser surdo e fazer parte dessa população, que superou diversas dificuldades ao longo da história. Nesse mesmo ano, o Dr. Paddy Ladd, membro da Comunidade Surda, usou essa faixa como símbolo do movimento na Cerimônia da Fita Azul, realizada no XII Congresso Mundial de Surdos da Federação Mundial de Surdos, na Austrália. Setembro Verde O Setembro Verde Inclusivo busca dar visibilidade e estimular a inclusão social de pessoas com deficiência, além de denunciar essa falta de inclusão. O movimento busca conscientizar a sociedade civil e os governantes acerca da importância da inclusão social, realizando um chamamento para que as barreiras sociais sejam superadas através do cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, lei n°13.146 aprovada pelo Congresso Nacional em 2015.  Essa luta ocorre no mês de setembro em decorrência do Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, que é comemorado no dia 21 de setembro (resultado da conquista de movimentos sociais de 1982). Essa celebração, por sua vez, ocorre nesta data devido a sua proximidade com a primavera e por ser também o Dia da Árvore, de modo a enfatizar que uma sociedade acessível e inclusiva tem que ser sustentável em todos os aspectos.  E por que o verde? Essa cor foi escolhida para representar o conceito de florescimento e frutificação dos direitos como um processo de consolidação destes.  Ademais, buscando ser uma estratégia de promoção de uma grande campanha que possa destacar, num contexto maior, cada uma das ações que serão realizadas no período, durante todo o mês de setembro as Associações de Pais e Amigos Excepcionais (APAE) de todo o país realizam palestras, convenções e debates sobre a inclusão social.  Em vista de todo esse contexto, é possível perceber que tanto o Setembro Azul quanto o Setembro Verde buscam trazer visibilidade para a Comunidade Surda e para as pessoas com deficiência em geral. Entretanto, essas práticas de inclusão não devem se limitar ao mês de setembro; por outro lado, devem ser uma prática diária, um reflexo do nosso engajamento ativo e constante na luta por respeito e inclusão a essa população.  Referência das informações:

As sete identidades surdas

Por Sofia Wu Um dos estudos do polímata – alguém que analisa mais de um objeto do conhecimento – italiano, Girolamo Cardano, que viveu no século XVI, nos anos 1501 a 1576, foi a surdez. Em suma, por meio de seus trabalhos nesta área, Cardano reconheceu que os surdos, apesar de não escutarem, tinham habilidades para a razão e a lógica, uma vez que, na época, a ideia contrária era a mais discutida. Hoje, depois de passados cinco séculos, essa ideia é ainda bastante clara e atual, visto que, cada vez mais, vemos surdos vivendo uma vida normal em sociedade, o que não tem nada de errado. A Profa. Dra. Gladis Perlin, que também estuda o tema da surdez, e é uma das mais reconhecidas especialistas brasileiras nesta área, propõe que existem sete tipos de identidades surdas. Vamos ver cada uma delas? Identidades surdas ou políticas Devido à Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS, os surdos com a identidade surda ou política optam por estar junto a outros surdos e, assim, estabelecer uma convivência entre si. São indivíduos que não aceitam ser oralizados, bem como não têm interesse no método. Consequentemente, são surdos que frequentam associações, que veem-se inseridos na comunidade surda e que consomem conteúdos audiovisuais que tenham intérpretes/tradutores de LIBRAS e Closed Caption (CC). Identidades surdas híbridas Em virtude de algum problema de saúde, que tiveram em algum estágio de sua vida, como Rubéola – sobretudo nos três primeiros meses da gestação – Meningite, Otites, Caxumba – sobretudo nos três primeiros meses da gestação – e hereditariedade, os surdos com a identidade surda híbrida são indivíduos que nasceram ouvintes e tiveram a perda auditiva. A partir disto, eles começam a aprender a Língua Brasileira de Sinais e vão adentrando, progressivamente, na comunidade surda. Passam a frequentar associações e a utilizar serviços como os que oferecem os intérpretes/tradutores de LIBRAS e Closed Caption (CC). Identidades surdas flutuantes Por serem surdos oralizados e saberem falar e escrever, os indivíduos com a identidade surda flutuante não têm contato com a cultura surda, não interagem com outros surdos e não participam da comunidade surda. Ao invés disto, optam por adotar uma identidade ouvinte e estar com pessoas ouvintes dentro da mesma comunidade. Como consequência, não usam serviços de intérpretes/tradutores de LIBRAS e Closed Caption (CC). Identidades surdas embaçadas Infelizmente, por falta de orientação, que deveria ter vindo da família, os indivíduos com a identidade surda embaçada são surdos que não aprenderam a Língua Portuguesa nem a Língua Brasileira de Sinais, o que torna a comunicação um obstáculo para eles; tanto com ouvintes quanto com surdos. Na falta do português e da LIBRAS, eles acabam comunicando-se em mímicas. São pessoas surdas que não estão inseridas em nenhuma das comunidades. Resultando, assim, em dificuldades, que o indivíduo passa a enfrentar, ao tentar entrar em contato com a surdez na sociedade. Identidades surdas de transição Aqui, ocorrem várias mudanças ao longo do processo. Os indivíduos com a identidade surda de transição cresceram sendo integrantes da comunidade ouvinte, eles são oralizados. Até que, em determinado momento da vida, conhecem a comunidade surda e veem seus membros sinalizando por meio da LIBRAS, e sentem-se interessados em pertencer àquele grupo. Permanecem um tempo ali, mas não deixam o oralismo para trás por completo. Identidades surdas de diáspora Assim como existem diferenças entre as línguas que utilizam a fala, a Língua de Sinais também não é a mesma que a de outras regiões, outros estados ou/e outros países. Os indivíduos com a identidade surda de diáspora são surdos que costumam deslocar-se de outros lugares do mundo, do país e/ou de um grupo surdo a outro, estabelecendo, assim, contato com surdos de outras origens e que comunicam-se com uma Língua de Sinais que é distinta da sua, adquirindo, desta forma, maior bagagem cultural para seu repertório. Identidades intermediárias Os indivíduos com a identidade intermediária são surdos oralizados, que falam e escutam bem a Língua Portuguesa, e podem pertencer tanto na comunidade ouvinte quanto na comunidade surda, pois também sabem sinalizar com a Língua Brasileira de Sinais. Dependendo da maneira que desejarem, eles não consomem conteúdos audiovisuais que possuem intérpretes/tradutores de LIBRAS nem Closed Caption (CC). Independente de qual identidade e cultura um surdo possa identificar-se, o respeito e a empatia continuam sendo as palavras-chave para que possamos construir uma sociedade mais inclusiva e acessível para todos. Entretanto, o senso de mudança deve partir de dentro de nós, para impactar, posteriormente, a vida em comunidade como um todo de modo positivo. Sofia wu, 2021 Referências Bibliográficas • SURDEZ, Pesquisas sobre. Gladis Perlin. Disponível em: https://sites.google.com/site/pesquisassobresurdez/gladis-perlin. Acesso em: 01 set. 2021. • NEVES, Flávia. Uma breve história dos surdos no Brasil e no mundo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jc9X1i9zy3o. Acesso em: 01 set. 2021. • STROBEL, Karin. História da educação de surdos. Disponível em: https://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/historiaDaEducacaoDeSurdos/assets/258/TextoBase_HistoriaEducacaoSurdos.pdf. Acesso em: 01 set. 2021. • EIJI, Hugo. Surdez na Idade Média / Moderna. Disponível em: https://culturasurda.net/idade-media-moderna/. Acesso em: 01 set. 2021. • SURDOS, Povo de. 7 tipos de identidade surda (ativar legendas) Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2QN3ZksowD4. Acesso em: 01 set. 2021. • OLIVEIRA, Vinícius. Aulas 4 e 5 – Prática: Os parâmetros, Adjetivos e verbos em Libras. Teoria: Mitos e verdades sobre a Libras e comunidade, 2021. 94 slides. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1gHnHAsloSqspLyIdJmFDvi1U8uQc1z2S/view. Acesso em: 01 set. 2021. • SANTANA, Araceli Catieli Ferreira de. A Importância da Comunidade Surda, Identidade Surda e a Cultura Surda. Disponível em: https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2020/TRABALHO_EV140_MD1_SA11_ID3508_29062020120959.pdf. Acesso em: 01 set. 2021. • PERLIN, Gladis. As diferentes identidades surdas. Disponível em: http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/04/diferentes-identidades-surdas.pdf. Acesso em: 01 set. 2021.

O desempenho do Brasil nas Paraolimpíadas e o pouco reconhecimento que ele recebe

Por Pietra Inoue Atualmente estão sendo sediados em Tóquio os Jogos Paralímpicos de 2020. O evento acontece logo em seguida às Olimpíadas, mas o contraste de audiência entre ambos é gritante, ainda mais se levada em consideração a, também gritante, diferença no desempenho do Brasil nos dois eventos. As Olimpíadas de 2020 foram assunto recorrente em todos os jornais, blogs e redes sociais durante sua duração. Eram constantes os comentários e discussões sobre os jogos, e, principalmente, o desempenho do nosso país em cada modalidade. Comemorações e alegria permeavam os ambientes com a vitória, e sentimentos de tristeza e frustração nos atingiam com cada derrota. Com o fim dos Jogos Olímpicos, tiveram início as Paraolimpíadas, com a mesma proposta das Olimpíadas, porém voltada para atletas com deficiências físicas, mentais ou intelectuais. Entretanto, os jogos sendo disputados hoje não recebem metade da empolgação e visibilidade que os anteriores receberam, o que é irônico, considerando que o Brasil está com uma colocação quase duas vezes melhor do que teve nas Olimpíadas. Nos Jogos Olímpicos o Brasil ficou em 12º lugar, com um total de 21 medalhas. 8 de bronze, 6 de prata e 7 de ouro. Já nos Paralímpicos, com disputas ainda acontecendo, o Brasil está em 7º lugar, com 44 medalhas, sendo elas 19 de bronze, 11 de prata e 14 de ouro. Mesmo com um desempenho claramente mais eficiente nas Paraolimpíadas, essas não têm o reconhecimento que merecem. É fato que atletas se sentem consideravelmente mais motivados ao saberem que têm pessoas torcendo por eles, sejam elas amigos, familiares ou conhecidos. Agora, imagine o impacto que seria para eles estarem recebendo carinho de um país inteiro.  Quanto mais afeto e empolgação mostramos para com as pessoas, mais elas se sentem motivadas a fazerem o seu melhor e nos trazer orgulho e alegria. Então, pensando nesse caso, se já temos uma posição suficientemente boa agora, pense em como poderíamos melhorar, simplesmente demonstrando nosso interesse nos jogos, dessa vez, com atletas diferentes, mas com a mesma enorme força de vontade e energia para trazer mais essa felicidade para o nosso país.

Trajetória Brasileira nos Jogos Paralímpicos: há mais de 40 anos fazendo história!

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Há mais de 70 anos, o Movimento Paralímpico acontece no mundo e desde 1972 o Brasil começou a participar dos Jogos Paralímpicos e a conquistar diversas medalhas. Mas qual foi o caminho percorrido até então? Tudo começou com o médico Ludwig Guttmann, que, em 1948, organizou um torneio de tiro com arco em Stoke Mandeville, na Inglaterra. Os atletas que participaram da competição consistiam em 16 veteranos ingleses da Segunda Guerra Mundial, homens e mulheres pacientes de Guttmann com lesão na medula espinhal. O torneio foi de tanto sucesso que, em 1952, militares holandeses também passaram a disputar a prova, incentivando o nascimento do movimento internacional atualmente denominado de Movimento Paralímpico.  Esse movimento chegou também ao Brasil como consequência do contato que pessoas com deficiência, que realizavam tratamento médico nos Estados Unidos, tiveram com o basquete em cadeira de rodas. Dessa forma, essa modalidade paralímpica foi trazida ao Brasil e passou a ser a primeira praticada em território nacional.  Pioneiros do Movimento Paralímpico no Brasil, o atleta Robson Sampaio de Almeida e o técnico Aldo Miccolis fundaram o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro, em 1958, que tinha como objetivo usar o esporte como meio de reabilitação de pessoas com deficiência. Dois anos depois da fundação do Clube, houve a primeira edição dos Jogos Paralímpicos, com o atual formato, em Roma, Itália, com 400 inscritos de 23 países. O Brasil, no entanto, não competiu nesta edição dos Jogos.  O Brasil somente teve sua estreia nos Jogos 12 anos depois, na edição realizada na cidade de Heidelberg, na Alemanha Ocidental. Na ocasião, 20 atletas brasileiros, todos homens, participaram e competiram em 4 modalidades: tiro com arco, atletismo, natação e basquete com cadeira de rodas. Entretanto, nenhuma medalha foi conquistada. O país subiu ao pódio pela primeira vez 4 anos depois, na edição dos Jogos de Toronto, no Canadá. A primeira medalha foi conquistada por Robson Sampaio de Almeida – o fundador do Clube do Otimismo -, acompanhado de Luiz Carlos, o “Curtinho”, que faturaram a prata na modalidade Lawn Bowls (antecedente da bocha, praticada na grama).  Desde então, o Brasil garantiu participação em todas as edições dos Jogos, de modo que se fez necessário a fundação, no dia 9 de fevereiro de 1995, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Na época, a sede do CPB era em Niterói, no Rio de Janeiro. Ademais, no ano seguinte, foi sancionada a Lei Agnelo/Piva, que estabelecia o repasse de parte da arrecadação das loterias federais para os comitês olímpico e paralímpico, de modo que essa verba proporcionou avanços estruturais e técnicos ao paradesporto nacional. E esses avanços tiveram resultados positivos ao longo de toda a participação brasileira na edição dos Jogos Paralímpicos, de modo que, atualmente, o Brasil soma 301 medalhas conquistadas (das quais 142 são do atletismo), sendo 87 de ouro, 112 de prata e 102 de bronze. E esses avanços tiveram resultados positivos ao longo de toda a participação brasileira na edição dos Jogos Paralímpicos, de modo que, atualmente, o Brasil soma 301 medalhas conquistadas (das quais 142 são do atletismo), sendo 87 de ouro, 112 de prata e 102 de bronze. Esse saldo positivo é resultado de uma atuação marcante na maioria das edições dos Jogos nos quais o Brasil participou. Desde 1972, a delegação brasileira só não subiu ao pódio em sua edição de estreia na Alemanha, em 1972, e na edição de 1980, realizada em Arnhem, na Holanda.  A melhor posição no quadro de medalhas aconteceu na edição de 2012, em Londres, na qual o Brasil ficou com a sétima colocação. Já, em quantidade de medalhas, a principal participação do país aconteceu nos Jogos do Rio, em 2016, quando foram conquistadas 72 medalhas: 14 de ouro, 29 de prata e 29 de bronze.  Como resultado de todo esse desempenho ao longo dos jogos, o Brasil ocupa, atualmente, a 19° posição no quadro de medalhas baseado na quantidade geral de pódios. Contudo, se contabilizado o quadro de medalhas com base nas conquistas de ouro, o Brasil ocupa o 23º posto mundial. Quem ocupa o primeiro lugar, em ambos os critérios de categorização, são os Estados Unidos, com um total de 771 ouros e 2.179 pódios alcançados ao longo dos Jogos que participou.  E o que será que os Jogos de Tóquio nos reserva? Torçamos para que o Brasil conquiste ainda mais medalhas, valorizando o rendimento de nossos atletas, muito mais do que enfatizando suas deficiências.  Está interessado em ter mais informações sobre os Jogos Paralímpicos e sobre a edição de Tóquio? Então, não deixe de acessar o “Guia de Empresa: Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020”, desenvolvido pelo Departamento de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) no link. Referências das informações e imagens

Acessibilidade não é favor: você conhece o Closed Caption?

Por Giovanna Morales Closed Caption (CC) ou legendas ocultas são legendas descritivas e inclusivas que torna todo conteúdo audiovisual acessível para pessoas surdas ou com algum grau de deficiência auditiva. A obrigatoriedade das legendas estão previstas na norma ABNT NBR 15290:2016 – Acessibilidade em comunicação na televisão, que revisa a norma ABNT NBR 15290:2005, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB-040). A norma também inclui a disponibilidade obrigatória de audiodescrição e linguagem de sinais.  Mais de 10 milhões de pessoas no Brasil possuem algum grau de surdez, segundo o IBGE. Isso equivale a 5% da população brasileira e, mesmo assim, surdos não são compreendidos e muito menos incluídos como deveriam. Dentre os 10 milhões de surdos no país, boa parte, senão a maior parte, são surdos oralizados.  Surdos oralizados são as pessoas com algum grau de deficiência auditiva que não dependem da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), considerada no Brasil, uma língua oficial. Ou seja, eles falam, escrevem, lêem e sabem fazer leitura labial. Muitos deles por não terem uma surdez profunda, por não ser surdo de nascença ou até mesmo por conseguirem usar aparelho auditivo no qual amplifica os sons, mas a diversidade da surdez é muito grande. Porém, surdos oralizados são menos vistos pela sociedade do que os surdos sinalizados, e eles lutam para terem seus direitos atendidos.  Em pesquisa realizada com 121 pessoas dependentes das legendas ocultas, 106 disseram que conhecem pessoas que não sabem o que é Closed Caption. Isso porque, mesmo sendo norma, muitos canais de televisão abertos e fechados (como Globonews, SporTV, GNT, Multishow, entre outros), vídeos de aplicativos, filmes nacionais, videoconferências não possuem as legendas disponíveis, dificultando a vida dessas pessoas por algo que é fácil e simples de ser feito. Essa é a maior queixa relatada pelos entrevistados. Sendo assim, 69,4% dos 121 entrevistados afirmam não conseguir assistir tudo que tem vontade.  Outras queixas foram feitas em relação à qualidade das legendas nos lugares que estão disponíveis, pois nem sempre a cor, o tamanho e o formato da fonte estão de acordo, e muito menos sincronizadas com fidelidade às falas. Pessoas surdas têm o mesmo direito de saber exatamente e literalmente o que está sendo dito em determinado programa. Isso serve também para atentar pessoas que legendam Story e canais no Youtube. Aprimoramento das legendas automáticas também é algo muito pedido para melhorar a compreensão.  Não são somente surdos que dependem do Closed Caption. Pessoas com TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), TPAC (Transtorno do Processamento Auditivo Central), Autismo, Neuro Divergência, entre muitas outras condições, também dizem que, depois que utilizaram das legendas inclusivas, a compreensão dos vídeos, filmes, novelas melhorou significativamente. Guilherme Fernandes de 24 anos, Youtuber com mais de 14 mil inscritos em seu canal e surdo de nascença, sempre relata suas experiências de vida nas redes sociais, ensina e inspira muita gente. Contou que sempre fez uso das legendas e são ótimas para que ele possa entender perfeitamente o conteúdo passado e que, sem elas, não consegue captar nem 10% das falas. Guilherme pontua também a importância do CC por conta das indicações sonoras, descrição de sons, ajudando ainda mais na compreensão do conteúdo. Ao perguntar a uma de nossas entrevistadas, Débora Bós e Silva, advogada cursando pós-graduação e mestrado, a importância das legendas na vida dela. “É extraordinário. Quem elabora as legendas ou apps que proporcionam esse acesso não faz ideia de como nossa vida muda radicalmente para melhor! A importância das legendas é absurda, pois proporciona alcances que, talvez, fossem mais difíceis. É uma questão de inclusão, e pra mim, mais do que isso, é uma questão extremamente necessária, para que eu possa manter um desenvolvimento pessoal e profissional cada vez maior”. Diz Débora Bós e Silva. Débora ainda concluiu dizendo: “Quem possui a audição perfeita (ou quase isso), talvez não dê o devido valor para o que possui, justamente porque se acostumou a ouvir tudo. Mas, quem possui algum grau de perda auditiva aprende a valorizar cada palavra, cada som, cada timbre, porque sabe que ouvir é uma bênção, compreender o que está sendo dito é algo profundamente emocionante. A gente sai da solitude e adentra o mundo. A unidade é algo profundamente recompensador. Quem sabe, vendo as coisas por esse viés, a partir da perspectiva do outro, mais pessoas se motivem a legendar, criar plataformas inclusivas e incorporar as legendas, porque ter acesso ao conhecimento é algo que pertence a todos.”  A inclusão de legendas deveria ser uma pauta muito mais comentada pelo tamanho da importância delas, é uma luta com pouco apoio e visibilidade. Por que os surdos não são considerados público importante para esses os detentores de programas? Acessibilidade não é favor!  “Os livros e as legendas são os sons que todo surdo precisa ter para não se sentir excluído. Através da leitura se aprende e vive”, frase retirada de minha pesquisa.  Giovanna Morales, estudante de jornalismo. Escrito e apurado por Giovanna Morales, estudante de jornalismo e estagiária em produção audiovisual (amo e tenho orgulho do que faço)

Construindo um mundo mais igualitário com as Surdolimpíadas

Por Sofia Wu Por mais de dez dias, o clima olímpico das Olimpíadas de Tóquio 2020 esteve frequente nos lares dos brasileiros. A competição, que estava prevista, inicialmente, para acontecer ano passado, teve o seu início em 23 de julho e encerrou-se em 8 de agosto de 2021. Mas engana-se quem pensa que o espírito esportivo causado por esses estilos de disputas acaba por aí. Pois em algumas semanas, no dia 24 de agosto, começarão as Paralimpíadas de Tóquio 2020. E, para o próximo ano, ainda teremos as Surdolimpíadas, aqui no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul. E é sobre elas que falaremos hoje. As Surdolimpíadas (Deaflympics) ou Olimpíadas para Surdos surgiram em Paris, França, em 1924. Mas com outro nome… ou melhor, outros nomes. Entre o período de 1924 a 1965, o primeiro evento esportivo para pessoas portadoras de necessidades especiais era conhecido como “Jogos Internacionais para Surdos” e/ou “Jogos Internacionais Silenciosos”. Após esse período, entre 1966 a 1999, receberam o nome de “Jogos Mundiais para Surdos” e/ou “Jogos Mundiais Silenciosos”. No entanto, “Surdolimpíadas” é a sua nomenclatura atual, sendo utilizada desde 2000. Não diferindo das Olimpíadas e Paralimpíadas, as Surdolimpíadas ocorrem de quatro em quatro anos. Desta forma, ela aconteceria esse ano, no mês de dezembro. Contudo, por motivos de segurança, o segundo evento multidesportivo mais antigo do mundo foi adiado, conforme divulgado pelo Comitê Organizador da Surdolimpíada, para ser realizada entre 1º e 15 de maio do ano seguinte. A Universidade de Caxias do Sul, onde os jogos serão realizados, receberá, segundo a previsão, 4.500 surdoatletas e equipes provenientes de mais de 100 nações. Estarão presentes 25 modalidades e, entre elas, esportes exclusivos das Surdolimpíadas. Como é o caso do caratê, wrestling, boliche e corrida de orientação. Além deles, permanecem atividades, entre elas, o atletismo, vôlei, vôlei de praia, futebol, handebol, ciclismo, judô e natação. Com relação a este último: Desde 1993, quando o Brasil enviou, pela primeira vez, atletas para a competição, em Sófia, na Bulgária, a natação brasileira é a modalidade mais presente no evento. Com exceção na edição de 2005, que ocorreu em Melbourne, na Austrália, quando acabou ficando de fora. Para poder participar das Surdolimpíadas, o atleta deverá realizar uma audiometria. O exame é feito visando a comprovação de uma perda auditiva que seja acima de 55 decibéis nos dois ouvidos. Também, na competição, aparelhos auditivos, implantes cocleares, e outros tipos de dispositivos semelhantes não são permitidos para uso, objetivando promover a ideia de todos os participantes estarem em um mesmo nível. Referências das informações • Wikipédia, a enciclopédia livre. Surdolimpíadas. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Surdolimp%C3%ADadas. Acesso em: 06 ago. 2021. • DE OLIVEIRA, Cristiane. Surdolimpíadas: fora do circuito olímpico, surdos disputam evento próprio. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-04/surdolimpiadas-fora-do-circuito-olimpico-surdos-disputam-evento-proprio. Acesso em: 06 ago. 2021. • DESCONHECIDO, Guilherme. Você conhece a Surdolimpíadas? E sabia que em 2022 o evento acontece no Brasil? Disponível em: https://ensino.digital/blog/surdolimpiadas. Acesso em: 06 ago. 2021. • Surdolimpiadas 2021. Disponível em: https://www.surdolimpiadas2021.com.br/site/24th-summer-deaflympics/pt/. Acesso em: 06 ago. 2021.

As Paralimpíadas e a importância da representatividade

Por Pietra Inoue Na terça-feira, dia 24 de agosto de 2021, será realizada a Paraolimpíada de Tóquio. O evento irá se estender até o dia 5 de setembro, e é um tema que merece tanto destaque quanto as Olimpíadas que já estão sendo realizadas. Desde o mês de julho, estão sendo transmitidas para o mundo todo as Olimpíadas de Tóquio, um evento de grandiosidade notável, que vem sendo muito aclamado por apreciadores dos esportes ao redor do mundo. Com todo o prestígio que vem sendo dado a esse evento, também é cabível que sejam discutidos os Jogos Paralímpicos, competições esportivas internacionais focadas em pessoas que possuem algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental.  É muito importante que um evento com esse nível de inclusão seja tão reconhecido como os outros eventos esportivos, visto que a representatividade é uma pauta muito discutida atualmente, seja ela de raça, orientação sexual, identidade de gênero ou de pessoas com deficiências. É fato que pessoas que se sentem representadas por figuras famosas, tem mais motivação e ânimo para buscar os seus objetivos e crescer na sua área de interesse, por isso, tem que ser dada mais visibilidade para empresas e instituições que valorizam a inclusão de minorias em suas equipes. Existindo empresas voltadas para a área da acessibilidade, é o trabalho delas fazerem com que as pessoas com deficiências ou dificuldades se sintam abraçadas e vistas, tendo, como todos, os mesmos direitos e oportunidades. Um exemplo disso, é o trabalho prestado pela empresa ShowCase que, assim como as Paraolimpíadas, quer oferecer as mesmas oportunidades e acessos a todos. 

Daniel Dias: o sucesso brasileiro na natação Paralimpíca

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Há mais de 16 anos, o atleta paralímpico Daniel Dias vem se destacando nas piscinas de todo o mundo. Subindo ao pódio mais de 90 vezes, Daniel é o maior medalhista da natação paralímpica do mundo, detentor de 10 recordes mundiais em piscina longa e agraciado com 3 Troféus Laureus.  E toda essa jornada de sucesso começou no dia 24 de maio de 1988, às 3h30 da madrugada, na cidade de Campinas (SP), quando Daniel Dias nasceu na 37° semana de gestação. Com 1,970 quilogramas e 41 centímetros, ele nasceu com má formação congênita dos membros superiores e perna direita, de modo a não ter mãos e o pé direito e, como resultado, ficou 1 semana na incubadora, até que retornou a cidade de Camanducaia (MG) com seus pais.   Logo em março de 1991, Daniel teve que passar por uma cirurgia no Hospital Vera Cruz, em Campinas, para que pudesse usar prótese. Recuperado da cirurgia, já com 3 anos, Daniel começou a usar uma prótese, mas enfrentou dificuldades de adaptação, pois, conforme relata seus pais, Rosana e Paulo, Daniel praticamente teve que aprender a andar. E foi logo com 16 anos que a vida de Daniel mudou. Como o atleta afirma, em entrevista concedida ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), “eu descobri a natação quando eu tinha 16 anos ao assistir o Clodoaldo Silva ganhando medalhas para o Brasil durante os Jogos Paralímpicos de Atenas em 2004.” No mesmo ano, seu pai conheceu a Associação Desportiva para Deficientes (ADD), que tinha um projeto voltado à iniciação esportiva de crianças e adolescentes com deficiência, local no qual o potencial de Daniel foi descoberto. “Em oito aulas eu já tinha aprendido a nadar os quatro estilos. Foi quando eu percebi o dom que Deus tinha me dado e que estou apenas lapidando até hoje.” No ano seguinte, o nadador decidiu ser atleta profissional, quando participou de sua primeira competição nacional, em Belo Horizonte. Já neste Campeonato Brasileiro, Daniel ganhou sua primeira medalha: “Ganhei uma medalha de bronze que significou muito para mim, me provou que eu poderia ir em busca dos meus sonhos.” E, desde então, sua carreira alavancou cada vez mais. Com muito esforço e dedicação, Daniel conquista bons resultados nas piscinas há mais de 16 anos devido a disciplina em seus treinos e pelo apoio de sua equipe. “Treino de segunda à sexta na piscina por cerca de duas horas e faço musculação três vezes na semana. […] Não treino mais aos fins de semana, pois entendo que também necessito de treinamento mental. Estar bem psicologicamente é essencial para o meu desempenho e eu encontro esse equilíbrio dividindo parte do meu tempo com a minha família”. Além dos treinos, Daniel é auxiliado por uma equipe multidisciplinar composta por Igor Russi (técnico), Fábio Neves (preparador físico), Juliana Magrini (nutricionista), Eduardo Oliveira (fisioterapeuta) e Simony Morais (médica).  Segundo o nadador, a disciplina nos treinos é essencial para se alcançar bons resultados. “Normalmente as pessoas só prestam atenção no resultado final, mas, por exemplo, em média são quatro anos de treinamento intensivo para se chegar a uma Paralimpíada. Muito tempo para nadar alguns segundos. […] Não acredito que haja um segredo nem fórmula mágica para o sucesso. Existe muita dedicação! Muito treino! A disciplina é essencial para o esporte de alto rendimento.” E os frutos de toda essa dedicação e esforço se materializam em diversas conquistas que Daniel Dias coleciona em sua vida. Considerando Jogos Paralímpicos, Mundiais e Jogos Parapan-Americanos, o atleta possui 97 medalhas, sendo 78 de ouro, 13 de prata e 3 de bronze e é justamente esse fato que lhe dá o título de maior medalhista da natação paralímpica do mundo. Além disso, Daniel é o único brasileiro a ter três Troféus Laureus (considerado o “Oscar do Esporte”), conquistados em 2009, 2013 e 2016. Atualmente, o nadador compete nas categorias S5, SM5 e SB5, nas provas de 50 e 100 metros livres, 50 e 100 metros peito, 200 metros medley, 50 e 100 metros costas, e 50 metros borboleta. Ademais, é patrocinado por Adidas, GS1 Brasil, Panasonic, Time São Paulo, Citi, Mackenzie, Ottobock, Bolsa Atleta, Visa, tendo como parceiros a Alquimia, Instituto de Prótese e Órtese (IPO) e Nutrivial. E, seguindo as rotinas de treinos, nos últimos meses Daniel está se preparando para competir nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, com início no dia 24 de agosto. “Tenho as melhores expectativas para os Jogos de Tóquio. Fiz a minha melhor marca nos 50 metros livre no último Mundial e me encontro na minha melhor forma física. Estou treinando forte para entregar a minha melhor versão no evento.” Contudo, já com 33 anos, Daniel anunciou sua aposentadoria após os Jogos de Tóquio. Mesmo conquistando suas melhores marcas nos últimos anos, o nadador afirma que “o motivo central da decisão tem a ver com o encerramento de um ciclo da minha vida como atleta, de sensação de dever cumprido mesmo. […] Fico feliz por ter mostrado a capacidade da pessoa com deficiência e de ter levado o Brasil para este patamar no esporte mundial.” E, após 16 anos de muito sucesso e dedicação, Daniel tem consciência de toda a influência que causou no mundo do esporte: “Fico extremamente feliz de poder ser um exemplo para as pessoas, sejam elas com ou sem deficiência. Acredito que o importante é transmitir a mensagem de que somos capazes de realizar os nossos sonhos.”  No entanto, o nadador não pretende parar seus trabalhos depois de sua aposentadoria. Após os Jogos de Tóquio, o atleta tem a intenção de se dedicar mais à vida fora das competições: “Vou continuar a ministrar as minhas palestras e clínicas de natação e também sigo na atuação como membro do Conselho Nacional de Atletas e da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro.” Ademais, pretende dedicar ainda mais tempo a seus filhos Asaph, Daniel e Hadassa.  Um outro projeto importante que Daniel quer dar continuidade após sua aposentadoria é em relação ao Instituto Daniel Dias (IDD), fundado em 2014,

Cordas e O Presente: uma oportunidade de reflexão sobre a inclusão

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Não é de hoje que a arte retrata a vida e nos faz refletir sobre nossas atitudes e sobre as pessoas com as quais convivemos. E não é diferente com os curtas-metragens, filmes de pequena duração que abordam diversas temáticas e com variados objetivos. E um dos temas tratados por esse gênero cinematográfico é a inclusão de pessoas com deficiência no convívio em sociedade.  Estigmatizadas e rodeadas de preconceitos, as pessoas com deficiência, infelizmente, constantemente lidam com as barreiras da exclusão social. Então, com o objetivo de romper com esses paradigmas, os curtas Cordas e O Presente são referências na abordagem do tema e mostram que viver a vida felizmente é possível, independente das circunstâncias. Cordas (2013) Em pouco mais de 10 minutos, o curta-metragem espanhol Cordas (no original, Cuerdas) leva o telespectador a experimentar sentimentos de alegria e empatia, o que o faz até mesmo derramar lágrimas de compaixão. Escrito e dirigido por Pedro Solís García, a história é inspirada e dedicada a seus próprios filhos. Seu filho Nicolás possui paralisia cerebral, o que o impede de andar e falar. Por outro lado, sua filha, Alejandra, faz de tudo para que o irmão se sinta pleno em sua infância. Demonstrando a importância que sua realidade pessoal teve na construção da história, Pedro até mesmo realiza uma dedicatória ao final de seu trabalho. Essa produção audiovisual fez tanto sucesso que foi vencedora de mais de 125 prêmios, além do prêmio Goya 2014 na categoria de “Melhor curta-metragem de animação”. Ademais, se tornou um marco por, em poucos minutos, ser capaz de tratar de assuntos como amizade, amor ao próximo, respeito às diferenças e inclusão escolar, além de combater as barreiras da aceitação. Mas, afinal de contas, do que se trata essa história inspiradora? O curta narra a história fictícia da amizade entre María e Nicolás. Ambos são moradores de um Orfanato Provincial, mas Nicolás tem paralisia cerebral – o que o impede de falar e andar – e não é bem aceito pelas outras crianças do local. María, pelo contrário, se interessa pelo menino e busca sempre ajudá-lo. Durante a narrativa, a menina nota as impossibilidades de Nicolás, mas não desiste de tentar uma proximidade. Para tanto, reconfigura e recria jogos e atividades. Com o auxílio de uma corda, María e Nicolás jogam futebol, leem livros, empinam pipas, brincam de esconde-esconde e de pirata. Ao longo dessas brincadeiras, Nicolás vai expressando reações de felicidade através de sorrisos, coisa que não fazia no início do enredo. Isso tudo revela, como afirmou o próprio Pedro em uma de suas premiações, que “há cordas que não amarram; e sim, libertam”.  Diante desse cenário, María vai, cada vez mais, se animando com a recuperação de seu amigo. No fim, muito mais do que ensinar María a beleza da amizade e a graça de ser feliz na companhia de quem se ama, Nicolás influencia o rumo que a vida da menina toma 20 anos após o episódio narrado. Quer saber como? Então, não perca a oportunidade de apreciar o curta dublado no link. O Presente (2014) Baseado na tirinha Perfeição do ilustrador brasileiro e criador do site Mentirinhas, Fábio Coala, o curta O Presente mostra, em cerca de 4 minutos, a reação de um garoto ao receber de presente um cachorro sem uma das patas dianteiras.  Essa adaptação cinematográfica foi resultado de um projeto de conclusão de curso do alemão Jacob Frey que, como consequência da qualidade do trabalho que produziu, recebeu um convite de emprego dos estúdios Disney, onde trabalha atualmente. Além disso, o curta fez tanto sucesso que foi eleito como “O Melhor Curta-Metragem” no Festival de Bruxelas, além de ter participado de mais de 180 festivais de filmes, dos quais ganhou 50 prêmios. O curta recebeu esse reconhecimento internacional devido a temática que aborda: de que limitações físicas não são impeditivas para a felicidade. E como isso se constrói ao longo da narrativa? Tudo se inicia em uma sala escura, com um garoto agarrado aos videogames e que ganha da mãe um filhote de cachorro. Inicialmente, feliz com o presente, o menino expressa um sorriso no rosto, mas a situação muda quando ele nota que o cãozinho não tem uma de suas patas dianteiras.  Devido a limitação física, o garoto rejeita o cachorro, soltando-o no chão e voltando a dar atenção ao videogame. Mas o animal não se deixa abalar: encontra uma bola vermelha no chão e começa a brincar, mesmo enfrentando alguns tombos decorrentes da ausência de uma de suas patas.  Diante da situação, o menino conclui que, independente de sua deficiência, o cachorrinho era feliz e não deixava de viver, de modo que não era a ausência de sua pata que o tornava menos perfeito. Assim, pouco a pouco, há uma desconstrução da estigmatização estabelecida pelo garoto em relação à deficiência do animal, de modo que, através da empatia, o menino revela, no fim, ter muito mais em comum com o cãozinho do que o telespectador pode imaginar. Quer saber como? Então, não deixe de conferir o curta, na íntegra, no link. Não perca também a oportunidade de ler a tirinha de Fábio Coala, que inspirou essa produção cinematográfica, clicando no link. Esses dois curtas-metragens, portanto, refletem sobre ações de inclusão e sobre como determinadas deficiências são estigmatizadas pela sociedade. Mas, acima de tudo, o principal ensinamento trazido diz respeito ao fato de que, mesmo com uma certa deficiência, as pessoas não têm limitação para serem felizes.

Torto arado: Inclusão, ancestralidade e debates sociais

Por Dimitrius Voliotis Para dar início ao nosso mês especial de indicações, trazemos a sugestão do livro “Torto Arado”, do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior. A obra de 2019 se passa no sertão da Chapada da Diamantina, retratando a história de famílias em condições análogas à escravidão, que trabalham em terras de grandes latifundiários.  As principais personagens são Bibiana e Belonísia, irmãs de uma família respeitada pelos vizinhos na fazenda de Água Negra. A trama começa a partir de uma mala misteriosa guardada pela avó das jovens, Donana. Num momento de desatenção dos familiares, Bibiana e Belonísia abrem a mala e encontram uma faca com o punhal de marfim. Inocente e tentada pelo brilho emanando do metal, uma delas coloca o objeto na boca, que é retirado de forma impulsiva pela outra.  Bibiana é quem narra o primeiro terço da história e não deixa claro qual das duas foi responsável pelas partes do acontecimento, o que só é revelado próximo ao fim do livro. O acidente fez com que uma das irmãs perdesse a língua, assim ocorre uma dependência para exercer a comunicação básica com todas as outras pessoas.  A língua de sinais não é uma opção para as jovens, uma vez que só conseguem acesso a uma escola na fazenda depois de muita pressão. A maioria dos habitantes nem mesmo possui a leitura e escrita. Belonísia e Bibiana criam um vínculo ainda mais forte, que Itamar retrata de forma singela, destacando o ambiente desfavorável, explorando as nuances da vida das trabalhadoras rurais em condições precárias. A dependência de Bibiana e Belonísia, por mais que elas não enfrentassem a situação como um fardo, traz contornos mais emocionais à separação das duas. Bibiana foge de Água Negra em busca de oportunidades e da realização de sonhos, que incluíam trazer uma vida digna aos familiares e moradores da fazenda e retornar como professora. A obra de Itamar é cercada por um mistério, afinal não se sabe se Belonísia ou Bibiana perdeu a fala. Apesar disso, o leitor é levado a observar a apreciar a jornada de ambas, que se divide de uma maneira inimaginável para quem leu apenas os primeiros capítulos. A abordagem dada à deficiência é simples, sem tentativas de transformá-la em motivação, tanto para personagens do próprio enredo, como para quem acompanha de fora. Além dos toques sutis sobre o tema, há um grande destaque para a luta das comunidades quilombolas, passando pela história de Donana, até Zéca Chapéu Grande e outros integrantes da família e da comunidade. Os debates sociais perpassam até mesmo os acontecimentos mais emocionais, não sendo um tema paralelo aos sentimentos e ações dos personagens, que são motivados a todo momento pela condição social em que se encontram. Impossível deixar de mencionar a forte religiosidade presente desde as festas de jarê, até a narração da terceira parte do livro, feita pela encantada Santa Rita Pescadeira. A força das tradições sendo passadas de geração para geração e a influência que os encantados possuem na vida dos moradores de Água Negra realçam os aspectos da ancestralidade e formação do povo quilombola. Zeca Chapéu Grande e Salustiana, pais de Bibiana e Belonísia, tem um grande papel nisso. Ele por carregar os ensinamentos de Donana e ser o curador espiritual, e ela por assumir o posto de parteira, tarefa que também foi herdada de Donana. Os debates e pontos a serem apreciados na obra se estendem e, para não revelar trechos importantes do enredo, deixo a quem se interessar para que leia, aproveite as reflexões propostas nas mais diversas frentes e se deixe levar pela história de Bibiana e Belonísia.

Influenciadores do Da Vida Real

Por Gabrielle Bonafé Imaginem uma influenciadora digital. Uma mulher segurando um batom e sorrindo para câmera. Imaginou? Essa pessoa era preta, gorda ou possuía alguma deficiência? Não? De acordo com os dados levantados pela Qualibest, 78% dos brasileiros seguem influenciadores em suas redes sociais e a maioria leva em consideração suas opiniões nas decisões do dia a dia. Entretanto, não há um dado sequer de quantos seguem influencers “fora do padrão”. No marketing, “influenciadores digitais” são todos e quaisquer pessoas capazes de fazer alguma diferença no mercado como, por exemplo, Cristiano Ronaldo que, ao recusar uma garrafinha de Coca-Cola em uma coletiva de imprensa, fez as ações da mesma despencaram no dia seguinte. Esse é o poder de um influencer, mover multidões, seja para o  bem ou mal. Cacai Bauer é a primeira influencer com síndrome de Down do mundo, tendo mais de 370 mil seguidores no seu perfil do Instagram. Cacai apareceu pela primeira vez na TV em um episódio de Supernanny com sua família e desde então se apaixonou pelas telinhas e quis seguir a carreira de atriz. Não foi fácil, mas quando Cacai começou a postar vídeos sobre sua rotina no Reels e no TikTok, as pessoas começaram a perceber que a mulher não era nada mais, nada menos, que uma mulher, como qualquer outra. A síndrome nunca foi um empecilho para a influenciadora, mas o preconceito com ela sim. No Brasil, a cada 700 nascimentos, 1 tem síndrome de Down. Não é um dado exato, mas há, provavelmente, 270 mil pessoas com a deficiência no país. De acordo com o site Movimento Down, “as pessoas com síndrome de Down têm muito mais em  comum com o resto da população do que diferenças.” Então por que ainda vemos tão poucas no mercado de trabalho?  Cacai abriu a porta para que diversas outras mulheres começassem a se aventurar no mundo das blogueiras e, hoje, conseguem viver exclusivamente do mundo online. Às vezes, tudo que precisamos fazer é quebrar as barreiras do pré-conceito e enxergar o mundo como ele é: cheio de pessoas, mas cada uma perfeita do jeito que é.

Tabata Contri: representatividade no teatro e nas redes sociais

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Há mais de 8 anos, Tabata Contri usa de seu perfil pessoal no Instagram para inspirar acessibilidade através do compartilhamento de suas experiências diárias como cadeirante. Mãe, comunicadora, consultora de inclusão e atriz, busca criar consciência em mais de seus 11 mil seguidores de como a inclusão é uma oportunidade para que as pessoas tenham independência, autonomia e liberdade.  A paulistana de 40 anos, filha mais velha de Dona Eliane, desde sempre fez da independência um lema de sua vida. “Eu comecei a trabalhar aos 15 anos, porque eu queria ter minhas coisas, comprar minhas coisas. Eu fui trabalhar em uma loja de shopping, trabalhava de domingo a domingo. E foi assim dos 15 aos 20 anos, até eu sofrer o acidente de carro que me deixou paraplégica”. Tabata sofreu um acidente no dia 31 de dezembro de 2000. “Eu estava no banco de trás, sem cinto e o carro que eu estava aquaplanou na pista, na Carvalho Pinto, sentido Litoral Norte e eu quebrei a coluna. Fiquei paraplégica: tive lesão medular nível T12L1L2.”  Devido ao acidente, Tabata passou por diversos procedimentos médicos. Durante 4 meses, ficou internada em Caçapava (SP), onde realizou cirurgia de coluna. Contudo, desenvolveu uma úlcera por pressão (escara) e, devido a isso, foi transferida para o Hospital São Paulo, onde realizou cirurgia para fechar a escara. E, por fim, com 7 meses de lesão, foi para a Rede SARAH (Brasília), onde realizou reabilitação e refez sua cirurgia de coluna. “Fiz a 3° cirurgia no ano lá no SARAH, em agosto de 2001. E frequentei o SARAH por 11 anos seguidos todo ano, às vezes mais de uma vez por ano, em Brasília”. E foi exatamente na reabilitação do SARAH que Tabata conheceu Carol, uma das pessoas que mudou sua vida. “Nós duas éramos de São Paulo, da Zona Norte: eu tinha 20 anos, ela tinha 22; foi inevitável a gente ficar amigas. E a Carol conhecia a família do Oswaldo Montenegro e o Deto Montenegro, que é diretor da Oficina dos Menestréis”.  Em 2003, então, Deto queria fazer uma experiência com cadeirantes, com objetivo de ver o visual das rodas no palco e pediu para que Carol levasse uma amiga para uma aula experimental. Resultado: despretensiosamente, Tabata foi e acabou gostando da experiência. Já nesse mesmo ano, a Oficina dos Menestréis montou a peça Good Morning São Paulo – na qual Tabata atuou – marcada pela interação entre pessoas sem deficiência e cadeirantes. Paralelamente, a Oficina realizou o Projeto Cadeirantes só com cadeirantes e montou o Noturno Cadeirantes, de Oswaldo Montenegro, que estreou em dezembro de 2003 – também com atuação de Tabata. Desde então, esse projeto foi remontado todos os anos, até 2019. “Foi muito legal, porque ao mesmo tempo que a gente estava aprendendo a andar na cadeira de rodas, a gente tinha 8 segundos pra sair do palco, pra entrar no palco, a gente estava aprendendo a entrar no palco também”.  E foi assim que Tabata começou a fazer teatro e se apaixonou pela área. Além das peças na Oficina dos Menestréis, ela fez diversos cursos: Musical para Teatro do SENAC, Escola de Atores de WolfMaya, aulas de dança e aulas de canto.  Por fim, Tabata tirou sua DRT (Delegacia Regional de Trabalho) de atriz em 2008. Isso alavancou sua carreira e a levou, no mesmo ano, a atuar como Joana em 10 capítulos da novela Água na Boca, veiculada na emissora Band e dirigida por Del Rangel. 2 anos depois, Tabata fez uma cena com Lilia Cabral na novela Viver a Vida, de Manoel Carlos, transmitida pela emissora Globo.  Tudo isso consolidou sua imagem como a primeira cadeirante a atuar em novelas no Brasil! “Eu sou grata pela oportunidade, mas sinto por não ver mais atores e atrizes com deficiência atuando em teatro, também em cinema. Sinto também por não ter tido outras oportunidades.” Além disso, apesar de ser uma profissional de referência para diversas pessoas, Tabata enfrentou diversas dificuldades no caminho. “Bom, a carreira de atriz é desafiadora para qualquer pessoa. Com o perfil cadeirante, ainda mais. Então, meus amigos faziam muito mais testes e pegavam muito mais trabalhos do que eu. Certamente a deficiência tinha um impacto nisso. Às vezes, eu nem falava que eu era cadeirante para poder ir ao teste e fazer o teste, se não fosse assim eu não trabalhava. Mas ficou insustentável, eu não conseguia pagar minhas contas só como atriz.” Em razão disso, atualmente Tabata também investe em sua carreira como consultora de inclusão na Talento Incluir (empresa fundada por sua amiga Carol), com foco na inclusão de profissionais com deficiência no mercado de trabalho. “Eu desenvolvo programas de inclusão que vão desde treinamentos, palestras conscientes e ações que fazem com que a gente quebre alguns vieses inconscientes dos líderes e da população interna. Também fazemos o processo de recrutamento e seleção. Então, toda vez que a gente inclui uma pessoa com deficiência no trabalho, a gente transforma uma vida e já se foram mais de 7000 vidas transformadas.”  E toda essa jornada de Tabata foi acompanhada pela vontade de falar sobre a visibilidade da pessoa com deficiência nos meios digitais. Já em 2003, Tabata escrevia em seu blog, o tocandoasrodas.blogger, e chegou até mesmo a ser capa da revista da Folha. No entanto, essa escrita foi perdendo espaço para o cotidiano do trabalho e, com o tempo, o Instagram foi tomando seu lugar. Atuando ativamente desde 2015 nessa rede social, por lá Tabata troca experiências e vivências como mãe e cadeirante, divulga seus trabalhos, produtos e serviços atrelados a sua imagem. Além disso, em suas postagens, Tabata sempre busca trazer mais visibilidade para o aspecto da inclusão na sociedade. “Minha geração tem que botar a cara a tapa pra ser vista, para a padaria fazer a rampa. A acessibilidade arquitetônica ainda é uma questão, mas as barreiras atitudinais ainda excluem mais do que a falta de um elevador. A acessibilidade comunicacional também é essencial para que todas as

Lais Faccin: Seus principais trabalhos e uma discussão sobre acessibilidade nos videogames

Por Cássio Xavier Quando falamos no mercado de entretenimento, sempre pensamos em filmes, com bilheterias milionárias e hits de sucesso no mundo da música, mas um dos mercados que não para de crescer é o de games. De acordo com uma pesquisa da Newzoo, focada em análises do mercado gamer, estima-se que o mercado obteve uma receita de US$ 177,8 bilhões mundialmente em 2020. O Brasil já está em 13º lugar no ranking de países que mais consomem esse tipo de mídia, algo em torno de US$ 1,5 bilhão por ano.  Mas em questão de acessibilidade, será que esse mercado bilionário investe o suficiente para tornar seus jogos cada vez mais acessíveis?  Para discutir isso, eu conversei com Lais Faccin, de 26 anos, formada em Letras e que trabalha como streamer de jogos eletrônicos e conteúdo voltado a literatura. Por ser PdC, e conviver diariamente com isso, sua opinião sobre o assunto é muito relevante. Lais conta que teve dificuldades no início do seu trabalho. “Sou PcD e utilizo cadeira de rodas eletrônica devido a minha doença degenerativa muscular. Precisei adaptar todas as minhas atividades para a área online – antes de piorar a saúde, costumava ir a eventos e fazer atividades ao ar livre com frequência”. Toda essa trajetória pessoal e profissional serviu de inspiração para um de seus trabalhos. “Lancei um livro há alguns anos, o ‘Por Que Continua Me Ensinando?’, onde conto sobre minha trajetória com a doença e como fiz para chegar onde estou”.  Uma das maiores dificuldades no início de seus trabalhos na internet, foi em relação aos conhecimentos tecnológicos necessários para começar a produzir, onde saber apenas o básico não era o suficiente. Lais ainda conta que precisou se adaptar para continuar, devido a sua piora de saúde. “Cheguei ao ponto onde mal tenho movimentos, mexo um pouco as mãos, pés e cabeça, mas é isso. As dores físicas e mentais são difíceis de aguentar, mas quero muito continuar até onde for possível.”  Um dos seus projetos atuais é a de streamer na Twitch (Lais_Faccin), onde possui pouco mais de 3 mil seguidores, e trabalha transmitindo jogos, além de conversar com os seus seguidores. Lais conta que, até hoje, sofre com questões de acessibilidade em jogos. “Nos jogos existe certa preocupação em adaptar mecânicas pra quem tem dificuldades, mas a maioria dos desenvolvedores não pensa nisso na hora da produção. Digo isso porque tenho experiência com jogos de várias mídias e são pouquíssimos que possuem qualquer mecânica acessível.” Porém, ela conta que há empresas que se preocupam com isso, e tentam fazer com que seus jogos sejam cada vez mais acessíveis para o público PcD. “Quando penso em acessibilidade em jogo, já lembro de The Last Of Us Parte 2, que chegou a ganhar o The Game Awards de jogo com melhor acessibilidade. Ele realmente é incrível nesse aspecto. Outro jogo que se destaca é The Dark Pictures Anthology: Little Hope.”  Sabendo disso, a AbleGamers, que é uma associação sem fins lucrativos que auxilia a comunidade PcD nos videogames, a presenteou com um kit de acessibilidade para jogos. Ela acrescenta: “É um trabalho incrível. Sempre acompanho as ações deles pelo Twitter. Então eles fizeram esse intermédio entre eu e os desenvolvedores do Kit Adaptativo Xbox e Microsoft. Ganhei um kit completo para fazer review para a internet e repassar essas observações para eles”.  Atualmente, apesar das barreiras, ela mantém seu trabalho como criadora de conteúdo, e já está com um projeto novo ainda relacionado com games. É o jogo ‘Crisálida’, que está com financiamento coletivo no Apoia.se. “Toda a equipe que está trabalhando no jogo é composta por mulheres”, acrescenta.  Link para o projeto: https://apoia.se/crisalida  Por fim, pedi para que Lais nos deixasse uma mensagem, ela diz: “Conheça realidades diferentes que as suas. Não espere a informação cair no seu colo. Pesquise e se importe. E principalmente, dê espaço para a comunidade PcD no seu cotidiano. Assista lives, vídeos e consuma conteúdos produzidos por pessoas com deficiência. Vocês não precisam falar por nós, apenas escutem quando nós falarmos”.

Jorge Rodrigues: Ativismo das pessoas com deficiência nas redes sociais

Por Dimitrius Voliotis A luta pela acessibilidade e pela ocupação de espaços por pessoas com deficiência envolve diversas vias e uma delas, acompanhando outros aspectos sociais que também se digitalizaram, é a internet. Nas mídias sociais, principalmente, há um número crescente de conteúdos sendo disponibilizados, dentre eles filmes e séries em serviços de streaming, música, análises em vídeos, blogs, vlogs e muitos outros que são produzidos por jornalistas, influencers e compartilhados milhares de vezes pelos usuários.  No entanto, uma parcela muito pequena desses conteúdos é pensada para pessoas com deficiência, ou ao menos possui o básico para ser acessível. Assim, a internet nem sempre é o caminho ideal para esse debate, mas por seu alcance e facilidade de propagação de ideias, o ativismo busca levantar discussões e, aos poucos, mudar o cenário. Conversei com Jorge Rodrigues, que é analista de mídias sociais, formado em jornalismo, fotógrafo, ativista e surdo. Além de sua função como analista, Jorge também discute sobre inclusão em suas redes (@jorgesuede), onde possui pouco mais de 3 mil seguidores. “O meu envolvimento no ativismo não foi algo pensado, sabe? Pois eu sempre percebi/notei que as pessoas me viam/tratavam de uma forma muito diferente e era sempre por causa da minha deficiência. Eu busco trazer e pautar discussões, trazer reflexões que sejam convertidas em ações. É esse o meu papel, ou pelo menos o que eu quero que seja.”  O ativismo é presente, mas não se trata da principal ocupação de Jorge que explica sua relação com o jornalismo na crença de “que tinha o potencial para isso. […] Tive oportunidade de fazer estágios em Análise de Mídias e descobri o meu gosto em produzir análises precisas, com sugestões, propostas de melhorias e tal e em paralelo, como eu amava escrever, acabei produzindo textos bacanas sobre o ativismo, sobre ser surdo e sobre a acessibilidade em geral”.  As redes também servem como apoio para a expressão dos hobbies, como a arquitetura e a fotografia, tipos diferentes de arte que acabam se entrelaçando, afinal, o espaço digital deve ser ocupado para quaisquer assuntos, sem esperar que pessoas com deficiência tratem exclusivamente sobre inclusão. “Vivo em uma cidade cosmopolita e, com isso, acaba sendo perceptível as  s. […] Sempre tive gosto em fotografar prédios e ter registros dos detalhes que fazem toda a diferença se visto isoladamente.”  Jorge acrescenta que é preciso haver ainda mais debate, não só entre pessoas com deficiência. “Eu acho que as redes têm dado uma oportunidade das PcD para falarem e um dos assuntos no momento é a acessibilidade, o que torna mais fácil a visibilidade. E acho ótimo que isso esteja acontecendo. Mas no geral, sinto que as pessoas deveriam dar mais atenção e falar mais – ao invés de só ouvir. Porque quanto mais pessoas falarem, mais o assunto é debatido na sociedade como todo.” O jornalista relata que o fato de ser surdo afetou algumas escolhas pessoais e profissionais como decidir onde iria estudar, “se o professor X vai entender e buscar adaptar as aulas ou não, se vou ter emprego decente e com um salário bacana, essas coisas acontecem (infelizmente). E já aconteceu.”  Apesar disso, Jorge busca não se abalar e segue com projetos em favor da  inclusão como o “Manual de Acessibilidade para Redes Sociais: Um guia de como deixar as redes sociais acessíveis para as pessoas com deficiência”. Em uma linguagem objetiva e didática, o guia traz os principais pontos a serem observados para a publicação de posts, incluindo descrição de imagens e legendas para vídeos.  Quando perguntado sobre dicas para criadores de conteúdo, aconselhou: “tornar o seu conteúdo/seu trabalho mais acessível, busque legendar os vídeos, stories, buscar tornar o ambiente onde você trabalha inclusivo para os surdos, entender como podem fazer para que eles possam querer trabalhar e evoluir com vocês.”  O ambiente de trabalho também aparece como um fator desmotivador em alguns casos, fazendo, inclusive, com que as pessoas desistam de certas áreas, como a comunicação. “Muitos dos publicitários surdos que eu conheço não atuam mais porque crêem que o meio nunca pensa na acessibilidade e em mudar as coisas. Eu mesmo sofro com as limitações que as pessoas impõem sem perceber.”  A falta de uso da Língua Brasileira de Sinais por parte da maioria das pessoas é, de acordo com Jorge, um dos pontos que o traz mais dificuldade em conversas no ambiente corporativo. “Com a Libras, a comunicação flui bem melhor, isso é indiscutível e sem isso, fica difícil de compreender algumas coisas mais profundas.” Por fim, pedi a Jorge que sugerisse conteúdos, filmes, séries, que tragam representatividade às pessoas com deficiência e debates sobre inclusão e foram lembrados a série americana Switched at Birth e o longa ucraniano Plemya, que “dispensa legenda, até porque o foco é o visual.” O jornalista citou ainda algumas figuras públicas atuantes nas redes como Thaisy Paso, Gui Fernandes, Leo Castilho, Leo Viturinno e Christine Sun Kim, artista alemã que possui trabalhos voltados para a cultura surda, além dele mesmo, é claro.

Janela da Patty: uma reflexão sobre o empoderamento da pessoa com deficiência

Por Yasmim Verdadeiro Augusto Com mais de 10 mil seguidores, a Janela da Patty é uma página no Instagram que busca contribuir com o empoderamento da pessoa com deficiência. Por trás dessa iniciativa está uma mulher inspiradora: Patrícia Lorete, niteroiense de 40 anos que aprendeu a conviver com o AME (Atrofia Muscular Espinhal) tipo 2 – patologia rara degenerativa – desde que nasceu.  Patty aprendeu a lidar com a dificuldade de aceitação, acesso e inclusão logo quando adentrou o universo educacional. “Foi muito difícil minha entrada na escola. A diretora falou na minha frente que não poderia me aceitar, porque eu não tinha condições de aprender”. E, desde então, isso se tornou uma inspiração para Patrícia, que percorreu cada degrau de formação até se graduar em Recursos Humanos e se pós-graduar em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, uma de suas maiores conquistas.  Apesar de investir nos estudos, Patty teve uma adolescência solitária. “Me faltou representatividade, eu não conhecia ninguém com deficiência que fosse bem-sucedida, que namorasse, que casasse, que trabalhasse. Não conhecia ninguém. Então, minhas dores foram vividas sozinhas, minhas neuras.” Até que sua vida mudou aos 28 anos, quando teve acesso à internet e conheceu mulheres com deficiência que a empoderaram. E foi justamente com essa motivação que a Janela da Patty foi idealizada e criada. Através de seus 3 pilares – autoconhecimento, autoaceitação e informação – a página busca falar sobre representatividade e acessibilidade, conscientizando as pessoas sobre a importância da inclusão e inspirando o empoderamento da pessoa com deficiência.  Patrícia também tem como objetivo conscientizar as pessoas que a acessibilidade é um direito delas, crucial para que a inclusão social aconteça. “E uma pessoa que entende bem de acessibilidade, uma pessoa com deficiência, ela tem muito mais chances de se empoderar socialmente, porque ela vai conseguir se posicionar, o que pessoas sem conhecimento sobre seus direitos não conseguem muito bem”. E Patty transmite essa conscientização em todos os seus trabalhos, colocando legenda em seus stories e #Pra CegoVer em suas postagens.  Atualmente, Patrícia trabalha integralmente em prol da Janela da Patty, por onde obtém renda com divulgação e venda de e-books – dos quais participou da criação – e de espaço na página. Mesmo obtendo apoio de seus familiares para desenvolver seu trabalho no Instagram, Patty tentou conciliar essas ações com o trabalho em empresas, em áreas do RH, mas foi dispensada algumas vezes por ter uma formação superior ao que as vagas PcD exigiam e por não conseguir atender telefones. Afirma: “com a patologia degenerativa e com essa gravidade e, hoje, com menos movimentos ainda, sempre existe uma desculpa […] o que só me confirmou que as empresas procuram pessoas com deficiências mais leves”. Mas Patty não deixa que esses fatos a impeçam de sonhar! Seu maior desejo atualmente é ter dinheiro para pagar uma cuidadora, devido a idade avançada da mãe – com quem mora. “Eu conseguiria ampliar o meu trabalho com a Janela, sair mais, conhecer mais pessoas”.  Mesmo assim, Patty é feliz com a diferença que promove na vida das pessoas. “Muitas mulheres falam que o meu trabalho impacta na autoestima delas e, pra mim, isso não tem preço, porque eu queria muito ter tido alguém na minha juventude e adolescência que me propusesse um novo caminho de autoestima, de autoaceitação, mas, infelizmente, não aconteceu comigo”.  Então, não perca a oportunidade de se envolver na causa, lutar contra o capacitismo e ajudar Patrícia em seus trabalhos! Siga a Janela da Patty e seja empoderado pela autoestima, autoaceitação e informações de acessibilidade que a página promove. Afinal de contas, como disse Patrícia, “é preciso continuar e é possível continuar. A vida é linda e nunca podemos perder a esperança de dias melhores”. Confira a entrevista na íntegra no link.

Histórias de Cego: a trajetória de Marcos Lima no ambiente digital e um debate sobre acessibilidade

Por Dimitrius Voliotis Na última década, houve um crescimento significativo no número de pessoas trabalhando com a criação de conteúdo para mídias online. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Internet (Abranet) realizada em 2016, pelo menos 326 mil pessoas trabalhavam em sites ou áreas correlatas na web até aquele ano, representando um salto de 217% em relação ao início dos anos 2000.  As atividades variam, passando por blogs, criação de vídeos para o YouTube e, mais recentemente, conteúdo para redes sociais como o Instagram e o TikTok, além das pessoas responsáveis pela parte técnica que move o sistema. Dentre os conteúdos explorados, a maioria parte das vivências pessoais, como ocorre com Marcos Lima, idealizador do canal Histórias de Cego. Através de vídeos descontraídos, palestras e até um livro de crônicas, o youtuber e palestrante retrata a jornada cotidiana de uma pessoa com deficiência visual, rompendo estigmas e trazendo o debate sobre acessibilidade e outros temas de forma bem-humorada.  Apesar do crescimento no número de oportunidades na área de conteúdo digital, o caminho teve complicações para Marcos, que é cego. Segundo ele, a “falta de acessibilidade é um obstáculo o tempo todo. Os aplicativos têm em geral uma boa acessibilidade, mas para alguns detalhes é bem complicado”. Acrescentou ainda uma crítica específica ao Youtube, dizendo que “atualmente, programar um vídeo é tarefa quase impossível”.  De acordo com a Abranet, há acessibilidade em apenas 1% dos sites existentes no Brasil, conforme pesquisa realizada em 2020. A associação informou que “foram verificados recursos importantes para garantir a acessibilidade, como a descrição de imagens, identificação para leitores de tela, apontando quando há formulários e formas de preencher os campos destes”.  Os problemas, no entanto, não são a única face da internet para pessoas com deficiência. O espaço pode ser ocupado, trazendo maior representatividade e conscientização, além de, como Marcos ressalta, “dar voz às pessoas”, para falarem não só sobre suas deficiências, mas sobre qualquer assunto que as interessa. O jornalista optou pela carreira justamente para atingir um público maior, amplificando sua mensagem. “Falar para mais gente é parte fundamental da minha missão de usar a comunicação para quebrar barreiras e destruir os PreconCegos”. O reconhecimento pelo trabalho veio e o canal de Marcos possui cerca de 275 mil inscritos, que o acompanham em seus vídeos semanais. Ele relata um pouco da dificuldade de atingir esse patamar, o que o levou, inclusive, a reconsiderar seguir com o projeto. “Encerrei o meu primeiro ano de youtube com menos de 100 inscritos. Você pensa em um vídeo, elabora o melhor possível e quando vê, tem 15 visualizações. Isso é muito frustrante. Cheguei a desistir do canal, fiquei uns seis meses sem postar vídeo nenhum”. Segundo ele, o ideal perseguido e a crença na importância do material produzido foram os motivos para continuar gravando. Com relação aos preconceitos enfrentados, ainda que a sociedade sofra com o capacitismo explícito ou velado, o respaldo do jornalista pende mais para o lado positivo, afirmando que “o público recebeu e recebe muito bem”, além de que “há um ou outro comentário preconceituoso, principalmente em vídeos mais polêmicos, mas são de longe a minoria”. Quando perguntado sobre a representatividade de pessoas com deficiência no meio digital, Marcos lembrou mais uma vez de como a internet pode dar voz a quem queira falar, o que pode ajudar a tornar o ambiente mais plural. Há um novo cenário disposto na internet, com novos postos a serem ocupados, maior diversidade, inclusão e debate, o que não significa que haja uma igualdade de oportunidades, considerando que ainda há processos de evolução por vir. Marcos é uma das exceções, conseguiu remar contra a maré e estabelecer sua voz nesse cenário, evidenciando o quão importante é fazer esforços para tornar esses espaços acessíveis a todos. Pensando nisso, o jornalista aconselhou a qualquer um que esteja interessado em seguir com projetos no ambiente digital, especialmente pessoas com deficiência, “para fazer por amor, para esquecer audiência ou monetização, porque esses são dois elementos muito frustrantes. Fazer porque gosta, porque acredita e deixar que o resto seja consequência”.

Click Inclusão: acessibilidade e inclusão através de palavras

Por Yasmim Augusto O Click Inclusão foi desenvolvido com o objetivo de disponibilizar informações de qualidade e trazer conhecimento sobre a importância da inclusão na sociedade. Com mais de mil seguidores no Instagram e cerca de 30 publicações no blog, há pouco mais de 2 anos o Click Inclusão vem trazendo notícias de acessibilidade para o grande público. Natália Marques, 23 anos, idealizadora do blog, afirma que tudo surgiu quando ela era colaboradora em uma empresa de acessibilidade e viu uma oportunidade de exploração desse eixo temático no ambiente digital. “Eu estava fazendo algumas pesquisas sobre acessibilidade, e encontrava poucos sites que tinham informações de qualidade. Sempre caía nos mesmos 5 ou 6 sites, então vi que tinha um espaço ali pra ser explorado, e era um espaço bem necessário”.  A iniciativa foi dada, e os primeiros passos foram relacionados à escolha do nome. Vencedor de uma votação – com mais de 30 participantes e 3 opções de nomes -, Click Inclusão batizou o blog e a página do Instagram.  E o projeto foi ganhando forma através da integração de 3 áreas da empresa na qual Natália trabalhava. A Equipe de Marketing ajudou com a identidade visual do blog e até mesmo com a sugestão da criação de um Instagram para a divulgação dos textos. O TI, por sua vez, ajudou na criação do domínio (o clickinclusao.com). E, por fim, a Natália Marques – na época, no cargo de Analista A1 – era responsável pelos conteúdos publicados no blog e Instagram do Click Inclusão.  Por ser um assunto pouco veiculado, a acessibilidade é o grande foco do blog. “O Click nasceu com o objetivo de trazer a acessibilidade, a inclusão como um assunto que todo mundo pode falar, e como um assunto que todo mundo pode entender, e que todo mundo pode discutir e pode levar para as outras pessoas”, afirma Natália. Essa democratização do acesso ao conhecimento relacionado à inclusão busca ser alcançada através do emprego de uma linguagem com uma pegada informal, mas que nem por isso deixa de trazer informações de qualidade. Isso faz com que todos possam ler e compartilhar os conteúdos transmitidos pelo Click Inclusão.  Agora, que o blog trata de acessibilidade e inclusão todos já sabem. Mas, qual é o teor das informações do Click Inclusão? Por aqui, é possível encontrar notícias e informações pontuais de uma ação que está sendo realizada agora, assim como diversos conteúdos evergreen, aqueles que tratam de temas atemporais. Mas esse foco na inclusão não se limita às palavras dos textos. Desde 2019, recursos de acessibilidade são usados no Instagram e no blog juntamente com as informações veiculadas. Conforme discorre Natália: “A gente sempre usou todos os meios de acessibilidade no Instagram. Então, o #PraCegoVer. Se tinha… acho que a gente não chegou a postar nenhum vídeo, mas, se tivesse, com certeza a gente ia pôr o Closed Caption, a Audiodescrição”. Características construídas ao longo de 2 anos, o Click Inclusão ainda cultiva esse teor. E é dessa mesma forma que voltamos a publicar e inspirar acessibilidade! Com o objetivo de trazer informações acessíveis para todos sobre assuntos de inclusão, o Click agora conta com 5 redatores que semanalmente irão trazer conteúdos de qualidade para a mídia.  E para começar essa caminhada, esse mês vamos explorar o eixo temático de Digital Influencers com deficiência que usam das redes sociais para compartilhar suas dificuldades diárias e empoderar pessoas com deficiência.  Então, não deixe de fazer parte dessa história e de compartilhar conhecimentos sobre inclusão. Fique de olho em nossas publicações, aprenda sobre acessibilidade e ajude na construção de uma sociedade mais inclusiva!  Entrevistada: Natália Maria Marques Pizzinatto é escritora e roteirista. Formada em Comunicação Social com Especialização em Cinema.

Acessibilidade em tempos de pandemia: o injusto mundo limitado das pessoas com deficiência

Por Yasmim Augusto Todas as imagens desse artigo possuem texto alternativo com a audiodescrição resumida (#pracegover). Com aproximadamente 15 milhões de infectados e mais de 620 mil mortes, o coronavírus é um inimigo invisível que estamos enfrentando há meses. Com uma rotina repleta de mudanças, “adaptação” está sendo a chave para encarar e superar todo esse cenário mundial: em questão de dias, passamos a adotar a jornada em home office; a higienização se tornou um hábito muito presente; ir ao mercado deixou de ser uma tarefa costumeira e simples; EaD se tornou uma realidade muito disseminada; e um simples abraço se tornou uma ameaça. No geral, fomos afetados no nível econômico, social, educacional, de infraestrutura e de saúde pública. Sem critérios de seletividade, o vírus atinge e preocupa a todos, independente de classe e condição socioeconômica e não é novidade que o período de quarentena está sendo um desafio. Mas como será que as pessoas com deficiência (que representam 24% dos brasileiros) – já há muito excluídas socialmente – estão enfrentando esse período de maiores restrições ainda? As consequências de todas as mudanças que vivenciamos são mais acentuadas nas pessoas com deficiência, pois, na maioria das vezes, elas são marginalizadas, tendo dificuldades no acesso a direitos básicos (como locomoção e saúde) e precisam de ajuda de terceiros na realização de tarefas rotineiras, o que também dificulta o isolamento social. Até mesmo as atividades que se tornaram hábitos no tempo em que vivemos, como higienizar as mãos, tirar os sapatos e trocar de roupa ao chegarmos em casa, a necessidade de isolamento social e o próprio uso de máscara têm se mostrado como desafios para as pessoas com deficiência. Essas dificuldades se encontram nos vários níveis de deficiências: algumas pessoas desenvolvem comportamentos mais agressivos e ansiosos devido ao fato do isolamento, outros, ainda, têm a sua comunicação afetada e encaram diversos obstáculos para se adaptar à nova realidade e fugir das consequências negativas das desigualdades, que também podem se refletir no nível econômico. A própria OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que “a pandemia de coronavírus está aprofundando as desigualdades para mais de um bilhão de pessoas [uma a cada sete pessoas no mundo] que têm alguma deficiência”, já que pobreza e deficiência estão relacionadas, de modo que 20% das pessoas que estão abaixo da linha da pobreza no mundo têm algum tipo de deficiência.  Dessa forma, todas as pessoas com deficiência estão enfrentando diferentes dificuldades de acordo com sua realidade. Por exemplo, um cadeirante já enfrenta constantemente em sua vida as dificuldades da falta de acessibilidade nas ruas. Mas em tempos nos quais podemos carregar o vírus para casa devido ao contato com o solo, como realizar a constante higienização da cadeira ou deixá-la na porta de casa para evitar a contaminação? Ou, ainda, como evitar o contato com as rodas, já que muitos cadeirantes utilizam-se das mãos como forma de auxílio na movimentação da cadeira? E o que fazer quando um objeto de proteção coletiva se configura como um limitador de comunicação? As pessoas com deficiências ou limitações auditivas geralmente fazem leitura labial (principalmente aqueles que não dominam totalmente o uso de Libras – Língua Brasileira de Sinais) para entender o que as pessoas falam, mas atualmente a máscara está se tornando um obstáculo nesse aspecto. Devido a isso, essas pessoas vivem em um dilema: proteger quem está ao redor, ou proporcionar a comunicação? João Pedro, de 20 anos, graduando de Direito da UFJF-GV, com perda auditiva de 75% e sem domínio de Libras, explica a sensação em entrevista concedida a UFJF: “Imagine estar em um comércio russo. Você escuta vozes, mas não entende nada”. Outra dificuldade para as pessoas que realizam leitura labial também ocorre com as vídeo conferências e aulas online. Muitas pessoas optam por não aparecer em vídeo e isso impossibilita a leitura labial. Outras, ainda, esquecem o microfone aberto, o que provoca uma série de ruídos e interferências para aqueles com perda auditiva, dificultando o entendimento da fala. Além disso, também há um atraso entre a articulação da boca e o som da fala (delay), o que provoca falhas na conexão, levando a dessincronia entre as transmissões de áudio e vídeo, o que gera efeitos negativos para quem precisa fazer essa leitura visando entender as informações passadas. A comunicação também tem se mostrado como um risco para aqueles que dependem de Libras para transmitir as informações. Para Rafael Silva Guilherme, professor da UFJF-GV, tradutor e intérprete de Libras, em entrevista concedida a UFJF, “como [Libras] é uma língua gestual, ela é sinalizada com o corpo e as mãos. E a mesma mão com que eu falo é a mão que eu toco os objetos e que, em alguns momentos, preciso tocar o meu rosto. Alguns sinais são feitos com a aproximação da mão no rosto, próximo à boca, aos olhos. Isso poderia causar uma contaminação”. Rafael também afirma que o nível de emprego oferecido a população com deficiência, conforme regulamenta a Lei nº 8.213/93 (que obriga a contratação de um determinado percentual de pessoas com deficiência para cada número de funcionários) irá diminuir, porque “se as empresas estão demitindo as pessoas hoje por uma questão de crise, significa que o percentual obrigatório para cumprirem por causa da cota também vai diminuir”. E quanto às pessoas cegas ou com perda visual, que utilizam do sentido do tato como seus olhos? Como tocar os objetos sem provocar ou ser vítima de uma possível contaminação? E quanto as aulas realizadas no Ensino à Distância (EaD), que nem sempre estão prontas para atender a um público específico, sem ferramentas de acessibilidade, como Libras, Closed Caption e/ou Audiodescrição? Esses são alguns dos aspectos que têm permeado e dificultado ainda mais a realidade das pessoas com deficiência no momento atual. O isolamento social está sendo uma realidade difícil para toda a população mundial, mas as pessoas com deficiência estão encarando esse novo normal com maiores obstáculos, o que revela, portanto, a urgência de concretização de ações de inclusão social, pautadas


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