INÍCIO

Inclusão PcD no humor brasileiro

Humoristas que trazem inclusão PCD para os palcos e telas do país. Por Leonardo Piza Uma das melhores formas de unir os indivíduos de uma sociedade é pelo humor. A todo momento, pessoas são conquistadas por algo que lhes arranca um sorriso sincero ou uma gargalhada espontânea. Seja uma piada, trocadilho, meme, imitação, etc. Atrair, conquistar e divertir é o principal papel exercido pelos profissionais da comédia, sempre criando proximidade com o público em apresentações ou vídeos de humor. No Brasil não seria diferente. Fazer piada de tudo é uma característica única e peculiar do nosso povo, e em matéria de talento e versatilidade, nossos comediantes dão o nome. E é claro que nossos humoristas PcD não ficam para trás. Por isso, separamos uma lista de profissionais do humor que apresentam alguma deficiência para nos inspirar com suas histórias de vida e suas carreiras de sucesso. Gigante Léo: Leonardo Reis, conhecido artisticamente como Gigante Léo, tem displasia diastrófica, um tipo de nanismo. Seus pais não possuem nanismo, porém ambos possuem o gene recessivo, o que explica o nanismo recessivo do filho. Começou no teatro aos 9 anos de idade, apresentando em um grupo de teatro na igreja em que frequentava. Ele começou a ganhar projeção nacional em 2011 ao ser o vencedor da regional Sudeste II e o vice-campeão geral do 1º Campeonato Brasileiro de Stand-up Comedy, promovido pelo festival Risadaria, maior evento do humor da América Latina. Em 2012, foi o campeão do Prêmio Multishow de Humor sendo a nova revelação do canal Multishow. Em seguida, iniciou sua carreira como roteirista, escrevendo seu programa, “O Diário do Gigante”, junto com Ulisses Mattos. Além disso, foi convidado a fazer participações em programas de emissoras como: TV Globo, SBT e Record. Em 2017, protagonizou o filme Altas Expectativas, que conta a história de um treinador de cavalos verticalmente desfavorecido que tenta conquistar a dona de um Jockey Clube do Brasil. Em seus stand-ups, Gigante Léo gosta de voltar seus textos para a reação das pessoas ao ver e interagir com alguém com nanismo nas ruas, sempre de uma forma divertida. Seu foco nunca foi falar sobre dificuldades enfrentadas, muito menos zombar de pessoas que também possuam a deficiência. Trecho do stand-up: “Eu gostaria de dar dois avisos muito importantes: o primeiro deles é que eu não estou de joelhos. […] O segundo aviso é que não precisa ter medo. Eu não vou descer do palco, eu não mordo.” “Todos somos iguais, apenas temos dificuldades diferentes”. – Gigante Léo. Jeffinho: Jefferson Farias, mais conhecido como Jeffinho, é ator e comediante. Ele possui deficiência visual devido a uma atrofia no nervo ótico, que é sequela de uma trombose cerebral que ele teve aos 11 anos de idade. Jeffinho começou na profissão aos 17 anos e chegou a estudar História na UFF, mas acabou se formando em Teatro pela UniverCidade. Em agosto de 2009, ele assistiu um show de stand-up pela primeira vez na vida e se interessou pelo formato. Determinado, pediu para subir no palco e utilizou o material que tinha consigo. Desde então nunca mais parou de se apresentar. Um de seus personagens mais famosos como ator foi o Ceguinho, em “A Praça é Nossa“, no SBT. No final de 2020, aos 30 anos, ele publicou seu livro “Eu decidi enxergar”, que traz histórias inéditas de sua trajetória enquanto artista e curiosidades dos bastidores ao longo de sua primeira década de carreira. Além de ministrar palestras motivacionais, o comediante encena espetáculos de humor por todo o Brasil, como o “Ponto de Vista“. O comediante procura falar sobre as situações engraçadas de seu dia a dia e a “falta de tato” que as pessoas têm ao se dirigir a deficientes visuais. Ele explica ainda que, em seus shows, não tira sarro de deficientes visuais, mas leva na brincadeira o que as pessoas dizem para ele. “As pessoas não vão para o teatro para rir do cego, elas vão para rir delas mesmas. Elas pensam: ‘ih, realmente, quando eu ajudei uma pessoa com deficiência visual eu fiz isso mesmo’” – afirma Jeffinho. Trecho do stand-up: “Eu tava na balada, uma menina me chamou de deficiente ‘audiovisual’. Quer dizer, eu tô sem som e sem imagem, brother.” “Rir é remédio. É defesa e remédio.” – Jefferson Farias. Ceguinho: Geraldo Magela, apelidado carinhosamente pelo público como Ceguinho, é conhecido em todo o Brasil e no exterior por seu humor e criatividade na superação de sua deficiência visual. Nascido em Belo Horizonte, ele vem de uma família composta por oito irmãos, sendo cinco cegos. Todos acometidos por uma doença conhecida como retinose pigmentar, que provoca perda gradativa da visão. Quanto ao Geraldo, teve dificuldade para enxergar já na infância, e o quadro piorou quando tinha aproximadamente 22 anos. Inspirado pelos programas de rádio que ouvia na adolescência, fez locuções em lojas da cidade natal como propagandista anunciando produtos. A carreira artística começou no rádio. Como ouvinte, ganhou um concurso do programa de Aldair Pinto, grande nome do rádio mineiro. Rapidamente Ceguinho ganhou seu próprio programa de rádio por conseguir conquistar o público de forma única e criativa. Trabalhou em diversas emissoras mineiras: Rádio Inconfidência, Rádio Capital, Rádio Itatiaia. Magela viu sua carreira decolar em 1996, quando lançou o show “Ceguinho é a Mãe” no programa Jô Soares Onze Meia, no SBT. O artista permanece atuante na TV, teatro, e também na Internet. E passou a ser bastante requisitado por diversas empresas e municípios para transmitir sua mensagem cativante em palestras show pelo país. Trecho do stand-up: “A maioria como faz pra atravessar o cego? Pega a gente pelo braço, suspende o braço da gente e aperta. Mas aperta com tanta força que dá impressão que eles têm medo da gente fugir. Eu não quero fugir, eu só quero atravessar a rua.” “Você nunca deve parar, pois quem para só anda para trás. Se você não tentar, já estará derrotado antes mesmo de seguir em frente.” – Ceguinho. Pequena Lô: Lorrane Silva, conhecida por toda a internet

Primeiro personagem com síndrome de down da Disney e o valor da representatividade

Por Ana Andrade Lançado em 28 de abril diretamente pelo Disney+, serviço de streaming de um dos estúdios mais famosos do mundo, Peter Pan & Wendy chama atenção para além da história original sendo recontada, trazendo a representatividade que os tempos atuais exigem ao mesmo tempo em que conserta os erros de sua inspiração. Com 15 anos, o ator Noah Matosfky revoluciona ao interpretar o primeiro personagem importante portador de síndrome de down em um filme da Disney. Tendo conseguido o papel em 2021, o garoto marca sua estreia no cinema interpretando Slightly, o líder dos meninos perdidos, grupo que também é liderado por Peter Pan. Em entrevista para o The Sun, o ator contou um pouco sobre sua experiência no live-action: “Tive muitas falas para aprender muito rapidamente, mas foi emocionante e eu gostei muito”. (Cartaz do ator Noah Matifsky para o filme) OUTROS ACRÉSCIMOS AO ELENCO Além da estreia do ator, o filme também conserta um problema vindo de sua origem: A personagem Tiger Lily. Indígena, a personagem e sua tribo foram representados de forma estereotipada em toda a animação, algo inadmissível para a nova obra. David Lowery, roteirista do novo filme, deu uma entrevista para a Entertainment Weekly em 2018 e aproveitou para esclarecer o assunto antes durante a produção: “O filme original do Peter Pan é obviamente muito racista. Isso tem que ser reparado imediatamente.” Outro acréscimo no elenco foi a atriz Yara Shahidi como Tinker Bell. Ao ser anunciada, a atriz norte-americana sofreu ataques racistas pela internet, sendo apoiada por Halle Berry, a intérprete da Ariel em A Pequena Sereia (2023). Após o lançamento, a atuação de Yara foi elogiada por parte do público. A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE A representatividade que esse filme traz, uma das maiores em filmes da Disney, chama a atenção de forma positiva, ainda que de forma tardia. Após anos com histórias apenas de personagens brancos e sem deficiência, a abertura para mais diversidade nas tramas e no elenco vem para representar uma humanidade tão plural como a nossa, mesmo em um filme de fantasia. Afinal, as obras são justamente para crianças, e a alegria delas em se verem na tela deve ser valorizada, e também protegida. Porém, o caminho para que as pessoas entendam a importância e o foco dessa representatividade após anos com um padrão milimetricamente definido ainda é longo, envolvendo muito mais do que o cinema.  Poucas são as alterações feitas em live-actions ou outros tipos de adaptações que não recebem comentários de ódio. Os focos são, principalmente, em mudanças de etnia e sexualidade. Em alguns casos, atores e atrizes são obrigados a limitar comentários em suas publicações, ou então apagar suas próprias redes sociais para que ataques diretos cessem.  As críticas, muitas vezes, são baseadas na versão original da obra. Em Peter Pan & Wendy, por exemplo, ataques racistas foram feitos porque a Tinker Bell, em diversas animações, é branca e loira. No live-action mais recente, porém, sua intérprete é negra. O mesmo acontece em A Pequena Sereia, com estreia programada para 25 de maio de 2023, onde a protagonista é interpretada por Halle Berry, também negra. Em um mundo preconceituoso, mudanças como as citadas também são atos de coragem, principalmente dos atores, alvos dos ataques de ódio, principalmente virtuais. Porém, para as crianças, uma maior representatividade pode lhes mostrar que sim, ela pode ser o que quiser. Desde menino perdido, fada ou até uma sereia. 

Comemorações em Libras incentivam a inclusão de torcedores surdos

Através da Língua Brasileira de Sinais, jogadores celebram os gols marcados e promovem a inclusão social. Por: Thammy Luciano Celebrar um gol feito pelo jogador do seu time do coração em uma partida de futebol é algo inexplicável. E se durante uma comemoração você se sentir parte daquele momento repleto de emoções? Promovendo a inclusão social, o futebol tornou-se uma ferramenta de mudanças que vão além das quatro linhas e passou a ser um espaço que possibilita dar visibilidade à comunidade surda brasileira. As comemorações na Língua Brasileira de Sinais (Libras) têm se popularizado. Em 2019, Gabriel Barbosa, atacante do Flamengo, em Libras, disse após marcar um gol em partida pelo Campeonato Brasileiro: “Hoje tem gol do Gabigol.” Na final da Copa do Brasil, em outubro de 2022, disputada por Flamengo e Corinthians, o atacante Pedro também comemorou o gol que abriu o placar do jogo com uma frase em Libras: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”, uma passagem bíblica de João 14:6. Foto: (Reprodução/ESPN) Em abril deste ano, Thiago Galhardo, atacante do Fortaleza, marcou contra o Águia Marabá pela Copa do Brasil e também falou na Língua Brasileira de Sinais. Na ocasião, o atleta disse a frase: “Jesus ama você”, a mesma comemoração foi feita por Gabriel Pec, do Vasco, ao marcar contra o Palmeiras no mesmo mês. Em todas as ocasiões, os atletas reforçaram a necessidade de incluir os torcedores surdos e proporcionar a eles as emoções do futebol. Assim, o esporte assume a posição de instrumento de mudanças sociais, incentivando não somente a inclusão das pessoas surdas, mas também abrindo espaço para novas ações voltadas à toda comunidade. Foto: (Mateus Lotif/Fortaleza EC) Libras A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida como uma das línguas oficiais do Brasil há 21 anos pela Lei de nº 10.436. Falar em Libras possibilita uma comunicação padronizada, entretanto, é uma língua viva e, por isso, novas expressões estão sempre surgindo. Aprender Libras estimula o desenvolvimento social e emocional da pessoa surda, daqueles que são parte do seu convívio e de todos que desejam falar a Língua Brasileira de Sinais. Além de incluir os torcedores surdos, falar em Libras em um momento onde toda a atenção está voltada ao jogador, permite que o público compreenda a necessidade de refletir sobre as dificuldades enfrentadas cotidianamente pelas pessoas surdas e aprender mais sobre a língua. Referências: https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/hoje-tem-gol-do-gabigol-apos-problema-com-cartaz-atacante-do-flamengo-usa-libras-para-comemorar.ghtml http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/dia-nacional-da-libras https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/a-lingua-brasileira-de-sinais-como-ferramenta-de-inclusao-social https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2022/04/lei-que-institui-a-lingua-brasileira-de-sinais-completou-20-anos https://www.opovo.com.br/esportes/futebol/times/fortaleza/2023/04/12/galhardo-do-fortaleza-comemora-gol-em-libras-saiba-o-que-ele-disse.html https://www.supervasco.com/noticias/gabriel-pec-comemora-gol-em-libras-video-365396.html https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2022/10/19/entenda-o-que-pedro-disse-em-libras-apos-gol-do-flamengo-contra-corinthians.htm

PcDs no Mercado de Trabalho e as barreiras persistentes do Capacitismo

Por Helena Simionatto A inclusão e a acessibilidade no mercado de trabalho são temas que ganharam grande destaque nas últimas décadas, impulsionados pela crescente conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência e pela necessidade de promover a diversidade e a equidade nas empresas e na sociedade como um todo.  Com decretos de leis que fundamentalmente garantem os direitos das pessoas com deficiência, é quase impossível ouvir alguém dizer que é contra a inclusão e a acessibilidade, inclusive, as empresas cada vez mais divulgam adotar práticas inclusivas em seus processos seletivos e rotinas de trabalho. Nesse processo, temos alguns marcos de extrema importância, como a Lei de Cotas que, desde 1991, obriga empresas a garantirem a contratação de uma porcentagem de pessoas com deficiência, e da promulgação da Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor no ano de 2015 e consolidou uma série de direitos discutidos na Convenção dos Direitos das Pessoas com deficiência, promovido pela ONU.  No entanto, ainda há muito a ser feito para que essas leis sejam de fato aplicadas e para que a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho se torne uma realidade efetiva. Apesar dos avanços conquistados, as estatísticas revelam que essa ideia de inclusão e acessibilidade não reflete exatamente o que ocorre na realidade, apontando para uma persistência de barreiras e preconceitos que dificultam que essas iniciativas sejam colocadas em prática. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2019, mesmo antes do impacto causado pela pandemia COVID-19, o número de pessoas com deficiência formalmente empregadas correspondia a apenas 0,98% dos trabalhadores com carteira assinada, sendo que, segundo o IBGE, pelo menos 25% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Essa discrepância pode ser explicada, em parte, pela falta de regulamentação específica e aplicabilidade das propostas apresentadas pela legislação. Embora os avanços e diretrizes alcançados tenham sido importantes, sua implementação ainda enfrenta muitos desafios e obstáculos, sendo o capacitismo um dos principais deles. Mas o que é o Capacitismo? O capacitismo é uma forma de discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência, que se baseia na crença de que a deficiência é uma condição negativa ou inferior. A suposição de que corpos com deficiência têm menos valor, são menos capazes ou menos inteligentes está atrelada a construções sociais reforçadas há séculos e que limitam a participação plena e igualitária de pessoas com deficiência na sociedade. Essas construções sociais criam barreiras físicas ou de comunicação que dificultam o acesso de pessoas com deficiência a oportunidades culturais, educacionais e profissionais, restringindo-as a atividades consideradas mais fáceis ou menos qualificadas. Essas barreiras podem ser visíveis ou invisíveis, e muitas vezes são perpetuadas pela falta de conhecimento e conscientização sobre as necessidades e habilidades das pessoas com deficiência. Por exemplo, muitas empresas ainda não oferecem adaptações razoáveis para seus funcionários com deficiência, como equipamentos de tecnologia assistiva, intérpretes de língua de sinais ou rampas de acesso. Além disso, muitas vezes há uma falta de representação adequada de pessoas com deficiência na mídia e na cultura popular, reforçando estereótipos negativos e limitantes. O capacitismo também pode se manifestar em atitudes e comportamentos que desconsideram as necessidades e desejos das pessoas com deficiência, como a infantilização, a superproteção ou a negação de sua autonomia. Essas atitudes podem levar a uma falta de respeito pelos direitos das pessoas com deficiência e impedir seu pleno desenvolvimento e participação na sociedade. É importante destacar que o capacitismo não se limita apenas a essas crenças e discriminações explícitas. Podemos pensar “Mas eu não acho que PdDs são inferiores, logo, não sou capacitista”, mas ele também pode se manifestar de outras formas, como por meio de piadas ou da adjetivação das deficiências para uso pejorativos. Muitas vezes, essas expressões são tão comuns e naturalizadas na sociedade que parecem estar desconectados de seus significados originais, mas é fundamental que eles sejam resgatados e reconhecidos, questionar sua origem e o que representam. Para combater o capacitismo, é necessário reconhecer e valorizar a diversidade humana e a contribuição das pessoas com deficiência em todas as áreas da sociedade. Por isso, é fundamental que as pessoas estejam atentas às suas próprias atitudes e comportamentos, ao mesmo tempo, em que as empresas se esforcem para adotar de fato medidas de acessibilidade e adaptação, capacitação e valorização das pessoas com deficiência, ofertando oportunidades de desenvolvimento e progressão na carreira, além da promoção de um ambiente de trabalho acolhedor, respeitoso e livre de preconceitos. O capacitismo é um problema grave e generalizado em muitas sociedades, ao adotarmos essas medidas, estaremos não apenas combatendo esse problema, mas também promovendo a inclusão e a diversidade no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo. Referências https://www.forbes.com/sites/roberthart/2023/03/08/elon-musk-apologizes-after-publicly-mocking-disabled-twitter-employee/?sh=632f62b6455d https://noticias.unb.br/112-extensao-e-comunidade/5957-mesa-redonda-discute-inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho-e-na-universidade https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/mercado-de-trabalho-para-pcd/

BBB 23 e a autodescrição

Por Catrina Jacynto Com o início da 23ª edição do Big Brother Brasil, os telespectadores foram surpreendidos com a atitude espontânea dos participantes do reality em descrever a própria aparência a fim de proporcionar ao público com deficiência visual o conhecimento da fisionomia dos mesmos. Muito se comentou sobre esse fato e levantou um debate relevante, sobretudo ao falarmos de inclusão e acessibilidade: por que fazer a audiodescrição? Para começar, é importante definir que o que os participantes fizeram não foi uma audiodescrição de fato, mas uma autodescrição, ou seja, uma narrativa sobre a própria aparência. Isso, claro, não diminui o mérito do feito, mas é preciso estabelecer que a audiodescrição vai muito além do que uma descrição direta e precisa de paisagens, pessoas e imagens no geral.  A audiodescrição é uma técnica de transmissão de informação que permite que pessoas com deficiência visual possam ter acesso ao conteúdo audiovisual, tais filmes, programas de televisão, jogos, eventos ao vivo, entre outros. Através da audiodescrição, é possível descrever detalhes visuais, como cenas, ações, expressões faciais e outros elementos relevantes que complementam a narrativa, sem interferir na trilha sonora original. Além do público deficiente visual, a audiodescrição também pode ser útil para pessoas com dificuldades de compreensão visual, como idosos, crianças pequenas, pessoas com dificuldades de concentração e daltônicos. Os audiodescritores, como são denominados os responsáveis por essa atividade, precisam ter acesso a uma formação adequada que abranja conceitos sobre a deficiência visual, histórico, princípios e teorias da audiodescrição, além de noções de resumo e treinamento prático. É fundamental que eles também assistam a peça, filme ou espetáculo antes de elaborarem a audiodescrição, para ter familiaridade com o tema, personagens, figurino, vocabulário específico, autor e cenários. Outro fator essencial é a produção de um roteiro para audiodescrição, que inclua todas as informações adicionais que serão inseridas entre os diálogos. No teatro, este roteiro é revisado pelo diretor da peça, que verifica a coesão e fidelidade ao tema e linguagem da obra. As informações devem ser objetivas e isentas de opiniões pessoais do audiodescritor. Este é um trabalho que requer atenção, tempo, dedicação e preparação. Apesar da autodescrição feita no BBB 23 não corresponder exatamente aos trâmites técnicos da audiodescrição, ela foi muito significativa para trazer visibilidade para o valor da audiodescrição e a acessibilidade. A passos lentos, porém progressivos, a audiodescrição é somada aos mais diversos programas. Quanto maior for o conhecimento da população a respeito dessa tecnologia, maior será a busca pelo uso e oferta desse recurso por parte das instituições, além de viabilizar a naturalização da descrição, por mais que simples, como um ato que impacta diretamente nas impressões que uma pessoa com deficiência têm do mundo à sua volta. As fontes utilizadas:


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