Os benefícios do canabidiol em crianças com deficiência intelectual e o acesso a medicamentos no Brasil
Por Catrina Jacynto É muito comum encontrar crianças com deficiência intelectual que apresentam quadros de ansiedade, agitação e irritação, ao passo em que muitas vezes o que se vê são famílias buscando o tratamento de diversos profissionais a fim de trazer bem-estar e reduzir os sintomas dos pequenos. Entre as alternativas buscadas, uma das mais promissoras por conta de sua eficácia e origem natural e, ao mesmo tempo, a que mais sofre com estigmas e ainda é alvo de muitos debates acerca de seu uso é a cannabis medicinal. A Cannabis é um gênero de plantas angiospermas nativas do Centro e do Sul da Ásia e contém dois componentes principais que são ativados conforme o modo de uso: o THC (Tetrahidrocanabinol) e o CBD (Canabidiol). O primeiro tem efeitos psicoativos obtidos sobretudo através do fumo, trazendo uma série de consequências relacionadas à perda de memória, déficit de atenção e até mesmo dependência, enquanto o segundo é biologicamente ativo, cujo efeito é obtido através do extrato do caule, folhas e flores da Cannabis e não causa efeitos colaterais em quem o consome. O CBD, por conta dos seus efeitos positivos no organismo e por ser extraído diretamente da planta, é muito utilizado para fins terapêuticos, sendo ministrado nas formas de spray nasal, comprimido e óleo. Para as crianças com deficiência intelectual, algumas das principais aplicações de medicações à base de CBD são o tratamento de sintomas relacionados ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e epilepsia. Diversos estudos científicos comprovam os benefícios do CBD medicinal. No caso do TEA, um estudo da Universidade de Brasília de 2019 mostrou que 78% das crianças com TEA de 6 a 17 anos envolvidas na pesquisa obtiveram melhora em sintomas como crises nervosas, hiperatividade e déficit de atenção. Em relação à epilepsia, uma revisão sistemática publicada no Brazilian Journal of Development em 2022 demonstrou que 14 estudos evidenciaram que a maioria dos pacientes com epilepsia refratária que utilizaram o canabidiol (CBD) em monoterapia ou tratamento complementar apresentaram melhora total ou parcial. Sobre o TDAH, ainda não há um estudo focado no transtorno em si, mas há diversas comprovações dos benefícios de medicamentos à base de CBD em sintomas comuns no TDAH, como ansiedade e hiperatividade. Apesar da ampla variedade de estudos que direcionam resultados positivos para o uso do CBD, ainda faltam avanços na legislação brasileira para expandir o acesso a esses medicamentos para as famílias necessitadas. Em 2019, a Anvisa regulamentou a RDC 327/2019, que trata das normas técnicas a serem seguidas para as condições de uso e fornecimento de remédios à base de CBD. Mesmo que esse tipo de regulamentação seja essencial para o avanço medicinal, o maior problema existente é que ainda há a proibição de cultivo de Cannabis em território nacional, ou seja, para obter essa categoria de remédios, não há outra alternativa que não seja a importação, o que torna seu custo muito elevado e, consequentemente, exclusivo de pouquíssima parte da população. Não basta sancionar diretrizes que determinem os modos de utilização e fornecimento desses medicamentos; é preciso garantir que eles sejam disponibilizados para as famílias que necessitam de tratamento para suas crianças. Em meio à essa barreira burocrática, há muito preconceito envolvido, sobretudo em relação à associação da Cannabis com o seu uso não-medicinal em fumo e com consequências totalmente distintas. Sobre isso, cabe salientar que o mais importante é que a população tenha consciência dos efeitos positivos do uso da planta, uma vez que o conhecimento contribui para o avanço nos debates existentes e desfaz tais preconceitos do senso comum. Referências: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/48520 https://new-blog.drcannabis.com.br/cbd-para-criancas-entenda-e-tire-suas-principais-duvidas/ https://cukiert.com.br/canabidiol-no-tratamento-da-epilepsia/ https://www.blogs.unicamp.br/descascandoaciencia/2020/02/08/cannabis-maconha-diferenca/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Cannabis https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/educacaoepesquisa/webinar/medicamentos/arquivos/WebinarAIRProdutosCannabiseParticipa.pdf https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fneur.2019.01145/full https://www.posuscs.com.br/a-cannabis-auxilia-no-tratamento-de-tdahij/noticia/2660#:~:text=H%C3%A1%20evid%C3%AAncias%20crescentes%20de%20que,e%20o%20controle%20dos%20impulsos.
10 influenciadores PDC’s para você conhecer e acompanhar de perto
Por Daniela Damasceno Todos nós sabemos o quanto a internet é capaz de dar voz à milhares de pessoas, e os influenciadores PCD estão revolucionando, cada vez mais, a maneira como a sociedade enxerga as pessoas com deficiências, oferecendo uma perspectiva única e autêntica sobre o que significa viver com uma condição específica.É por meio de suas redes sociais que eles compartilham histórias de superação, conquistas pessoais e desafios diários enfrentados em suas vidas. Por isso, o Click Inclusão selecionou 10 influenciadores que trazem conteúdo inclusivo e inspirador para você. 1 – Paola Antonini A modelo, atriz e influenciadora digital mineira Paola Antonini é exemplo e inspiração para muita gente. Em 2020, fundou o Instituto Paola Antonini, que atua proporcionando a reabilitação de pessoas com deficiência física por meio de doações de próteses, órteses, cadeiras de rodas e acessórios para reabilitação. Além de oferecer assistência psicológica e fisioterápica aos pacientes.Paola teve sua estreia como atriz na série da Netflix, “Todo dia a mesma noite”, interpretando uma personagem que sai da boate com vida, mas perde a perna por complicações durante seu resgate. 2 – João Ferdnan Baseando-se em situações corriqueiras, João Ferdnan ficou conhecido por seus vídeos engraçados postados no Tik Tok. Em 2022, o humorista foi indicado ao “Tik Tok Awards” na categoria “Rindo até 2022”.João é uma pessoa deficiência física, devido a uma paralisia cerebral. E, por esse motivo, utiliza cadeira de rodas para se locomover. Por outro lado, o maranhense busca ter o foco de seu conteúdo no humor. Ele conta que prefere ganhar seguidores pelo conteúdo e não pelo sentimento de pena. Mas, ao mesmo tempo, relatou em entrevista que recebe muitas mensagens de outras pessoas com deficiências contando que sentem-se representados por ele. 3 – Malu Paris A adolescente do Espírito Santo Malu Paris relatou ter ficado perdido sua audição aos cinco anos de idade. Hoje compartilha curiosidades sobre a rotina de uma jovem com surdez e também se diverte com trends e outros conteúdos virais.Em 2022, ela chamou ainda mais atenção do público ao ter seu vídeo incentivando os seguidores a tirarem o título de eleitor compartilhado por Mark Ruffalo, ator que interpreta o super-herói da Marvel, Hulk.Uma curiosidade interessante sobre Malu é seu nome de usuário nas redes sociais, @niishiimiya, inspirado na personagem Shouko Nishimiya do filme de animação japonesa “A Voz do Silêncio: Koe no Katachi”, que também têm deficiência auditiva. 4 – Cacai Bauer Cailana Eduarda Bauer Lemos, mais conhecida como Cacai Bauer, é natural de Salvador e é considerada a primeira influenciadora digital com Síndrome de Down do mundo.Em seu canal do YouTube, ela compartilha vídeos de dicas, perguntas e respostas, coreografias, piadas e vlogs cotidianos. Cacai também tem dado destaque para a questão da conscientização da sociedade sobre a Síndrome de Down em suas redes sociais. Ela usou o TikTok, por exemplo, para criticar como as pessoas enxergam quem tem Down, ressaltando a questão da infantilização, e expõe que é importante as pessoas enxergarem os adultos com síndrome de Down como verdadeiros adultos e não como crianças. 5 – Look Little Rebeca Costa, que em suas redes sociais leva o nome de Look Little, é formada em direito e influenciadora digital na área da moda. Em entrevista à Rádio Aparecida, ela conta que viu nas redes sociais a oportunidade de inspirar meninas e mulheres com a mesma deficiência (nanismo) a não se sentirem excluídas.Rebeca também é modelo, conhecida por seus trabalhos em moda inclusiva, participando de vários desfiles. Sua garra em representar o nanismo no ramo a levou até mesmo ao São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil e o mais importante da América Latina. 6 – Marina Melo Marina Melo tem fraqueza muscular e é influenciadora de beleza. Em suas redes sociais, a jovem faz react de produtos e comenta o que funciona ou não para sua condição física.Além disso, a carioca Mari Melo Abreu compartilha informações sobre seu tratamento e conscientiza os seguidores sobre a atrofia muscular espinhal. Em sua biografia no instagram ela afirma: “Não quero andar, quero acessibilidade e respeito”. 7 – Maju de Araújo Referência quando o assunto é inclusão e pertencimento, a modelo Maju de Araújo já foi citada na lista Forbes Under 30, dos jovens mais promissores do país. Atualmente, ela também é embaixadora digital da L’Oréal Paris e da ONG Nosso Olhar, que objetiva mobilizar e educar a sociedade para um mundo mais inclusivo, com foco nos portadores de síndrome de Down.Em 2022, a carioca teve sua estreia no São Paulo Fashion Week, cruzando a passarela para o Projeto Ponto Firme, do estilista Gustavo Silvestre. 8 – Nathalia Santos “Jornalista, palestrante, cega e mãe”, assim Nathalia Santos se define em seu perfil nas redes sociais. Nathalia nasceu com apenas 20% da visão e aos 15 anos já não enxergava mais. Como colunista do Terra, ela aborda sobre o universo das pessoas com deficiências.Atualmente, a jornalista atua como assistente de direção da novela “Todas as flores”, exibida no Globoplay. Segundo Sophie Charlotte, atriz que interpreta a personagem portadora de deficiência visual na trama, Nathalia é uma das mulheres fundamentais na preparação para viver Maíra. 9 – Kitana Dreams Em suas redes sociais, o carioca Leonardo Braconnot assume um importante personagem: Kitana Dreams. A drag queen surda além de falar sobre questões LGBTQIAPN+ em suas redes, faz vídeos de tutorias de maquiagem e dialoga com seus seguidores sobre a vida de uma pessoa surda.Kitana também faz diversos vídeos ensinando sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) aos seus seguidores. 10 – Fernando Fernandes O reconhecimento de Fernando Fernandes chegou antes de suas redes sociais, Em 2022, ele participou da segunda edição do ‘Big Brother Brasil’. O ex-‘BBB’ foi jogador de futebol profissional, boxeador amador e modelo internacional, mas em 2009 sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico.Fernando foi múltiplas vezes campeão brasileiro de paracanoagem e nunca abandonou o mundo dos esportes, mesmo após o acidente. Hoje, ele é apresentador na Globosat e compartilha sua vida de atleta
Inclusão PcD no humor brasileiro
Humoristas que trazem inclusão PCD para os palcos e telas do país. Por Leonardo Piza Uma das melhores formas de unir os indivíduos de uma sociedade é pelo humor. A todo momento, pessoas são conquistadas por algo que lhes arranca um sorriso sincero ou uma gargalhada espontânea. Seja uma piada, trocadilho, meme, imitação, etc. Atrair, conquistar e divertir é o principal papel exercido pelos profissionais da comédia, sempre criando proximidade com o público em apresentações ou vídeos de humor. No Brasil não seria diferente. Fazer piada de tudo é uma característica única e peculiar do nosso povo, e em matéria de talento e versatilidade, nossos comediantes dão o nome. E é claro que nossos humoristas PcD não ficam para trás. Por isso, separamos uma lista de profissionais do humor que apresentam alguma deficiência para nos inspirar com suas histórias de vida e suas carreiras de sucesso. Gigante Léo: Leonardo Reis, conhecido artisticamente como Gigante Léo, tem displasia diastrófica, um tipo de nanismo. Seus pais não possuem nanismo, porém ambos possuem o gene recessivo, o que explica o nanismo recessivo do filho. Começou no teatro aos 9 anos de idade, apresentando em um grupo de teatro na igreja em que frequentava. Ele começou a ganhar projeção nacional em 2011 ao ser o vencedor da regional Sudeste II e o vice-campeão geral do 1º Campeonato Brasileiro de Stand-up Comedy, promovido pelo festival Risadaria, maior evento do humor da América Latina. Em 2012, foi o campeão do Prêmio Multishow de Humor sendo a nova revelação do canal Multishow. Em seguida, iniciou sua carreira como roteirista, escrevendo seu programa, “O Diário do Gigante”, junto com Ulisses Mattos. Além disso, foi convidado a fazer participações em programas de emissoras como: TV Globo, SBT e Record. Em 2017, protagonizou o filme Altas Expectativas, que conta a história de um treinador de cavalos verticalmente desfavorecido que tenta conquistar a dona de um Jockey Clube do Brasil. Em seus stand-ups, Gigante Léo gosta de voltar seus textos para a reação das pessoas ao ver e interagir com alguém com nanismo nas ruas, sempre de uma forma divertida. Seu foco nunca foi falar sobre dificuldades enfrentadas, muito menos zombar de pessoas que também possuam a deficiência. Trecho do stand-up: “Eu gostaria de dar dois avisos muito importantes: o primeiro deles é que eu não estou de joelhos. […] O segundo aviso é que não precisa ter medo. Eu não vou descer do palco, eu não mordo.” “Todos somos iguais, apenas temos dificuldades diferentes”. – Gigante Léo. Jeffinho: Jefferson Farias, mais conhecido como Jeffinho, é ator e comediante. Ele possui deficiência visual devido a uma atrofia no nervo ótico, que é sequela de uma trombose cerebral que ele teve aos 11 anos de idade. Jeffinho começou na profissão aos 17 anos e chegou a estudar História na UFF, mas acabou se formando em Teatro pela UniverCidade. Em agosto de 2009, ele assistiu um show de stand-up pela primeira vez na vida e se interessou pelo formato. Determinado, pediu para subir no palco e utilizou o material que tinha consigo. Desde então nunca mais parou de se apresentar. Um de seus personagens mais famosos como ator foi o Ceguinho, em “A Praça é Nossa“, no SBT. No final de 2020, aos 30 anos, ele publicou seu livro “Eu decidi enxergar”, que traz histórias inéditas de sua trajetória enquanto artista e curiosidades dos bastidores ao longo de sua primeira década de carreira. Além de ministrar palestras motivacionais, o comediante encena espetáculos de humor por todo o Brasil, como o “Ponto de Vista“. O comediante procura falar sobre as situações engraçadas de seu dia a dia e a “falta de tato” que as pessoas têm ao se dirigir a deficientes visuais. Ele explica ainda que, em seus shows, não tira sarro de deficientes visuais, mas leva na brincadeira o que as pessoas dizem para ele. “As pessoas não vão para o teatro para rir do cego, elas vão para rir delas mesmas. Elas pensam: ‘ih, realmente, quando eu ajudei uma pessoa com deficiência visual eu fiz isso mesmo’” – afirma Jeffinho. Trecho do stand-up: “Eu tava na balada, uma menina me chamou de deficiente ‘audiovisual’. Quer dizer, eu tô sem som e sem imagem, brother.” “Rir é remédio. É defesa e remédio.” – Jefferson Farias. Ceguinho: Geraldo Magela, apelidado carinhosamente pelo público como Ceguinho, é conhecido em todo o Brasil e no exterior por seu humor e criatividade na superação de sua deficiência visual. Nascido em Belo Horizonte, ele vem de uma família composta por oito irmãos, sendo cinco cegos. Todos acometidos por uma doença conhecida como retinose pigmentar, que provoca perda gradativa da visão. Quanto ao Geraldo, teve dificuldade para enxergar já na infância, e o quadro piorou quando tinha aproximadamente 22 anos. Inspirado pelos programas de rádio que ouvia na adolescência, fez locuções em lojas da cidade natal como propagandista anunciando produtos. A carreira artística começou no rádio. Como ouvinte, ganhou um concurso do programa de Aldair Pinto, grande nome do rádio mineiro. Rapidamente Ceguinho ganhou seu próprio programa de rádio por conseguir conquistar o público de forma única e criativa. Trabalhou em diversas emissoras mineiras: Rádio Inconfidência, Rádio Capital, Rádio Itatiaia. Magela viu sua carreira decolar em 1996, quando lançou o show “Ceguinho é a Mãe” no programa Jô Soares Onze Meia, no SBT. O artista permanece atuante na TV, teatro, e também na Internet. E passou a ser bastante requisitado por diversas empresas e municípios para transmitir sua mensagem cativante em palestras show pelo país. Trecho do stand-up: “A maioria como faz pra atravessar o cego? Pega a gente pelo braço, suspende o braço da gente e aperta. Mas aperta com tanta força que dá impressão que eles têm medo da gente fugir. Eu não quero fugir, eu só quero atravessar a rua.” “Você nunca deve parar, pois quem para só anda para trás. Se você não tentar, já estará derrotado antes mesmo de seguir em frente.” – Ceguinho. Pequena Lô: Lorrane Silva, conhecida por toda a internet
Primeiro personagem com síndrome de down da Disney e o valor da representatividade
Por Ana Andrade Lançado em 28 de abril diretamente pelo Disney+, serviço de streaming de um dos estúdios mais famosos do mundo, Peter Pan & Wendy chama atenção para além da história original sendo recontada, trazendo a representatividade que os tempos atuais exigem ao mesmo tempo em que conserta os erros de sua inspiração. Com 15 anos, o ator Noah Matosfky revoluciona ao interpretar o primeiro personagem importante portador de síndrome de down em um filme da Disney. Tendo conseguido o papel em 2021, o garoto marca sua estreia no cinema interpretando Slightly, o líder dos meninos perdidos, grupo que também é liderado por Peter Pan. Em entrevista para o The Sun, o ator contou um pouco sobre sua experiência no live-action: “Tive muitas falas para aprender muito rapidamente, mas foi emocionante e eu gostei muito”. (Cartaz do ator Noah Matifsky para o filme) OUTROS ACRÉSCIMOS AO ELENCO Além da estreia do ator, o filme também conserta um problema vindo de sua origem: A personagem Tiger Lily. Indígena, a personagem e sua tribo foram representados de forma estereotipada em toda a animação, algo inadmissível para a nova obra. David Lowery, roteirista do novo filme, deu uma entrevista para a Entertainment Weekly em 2018 e aproveitou para esclarecer o assunto antes durante a produção: “O filme original do Peter Pan é obviamente muito racista. Isso tem que ser reparado imediatamente.” Outro acréscimo no elenco foi a atriz Yara Shahidi como Tinker Bell. Ao ser anunciada, a atriz norte-americana sofreu ataques racistas pela internet, sendo apoiada por Halle Berry, a intérprete da Ariel em A Pequena Sereia (2023). Após o lançamento, a atuação de Yara foi elogiada por parte do público. A IMPORTÂNCIA DA REPRESENTATIVIDADE A representatividade que esse filme traz, uma das maiores em filmes da Disney, chama a atenção de forma positiva, ainda que de forma tardia. Após anos com histórias apenas de personagens brancos e sem deficiência, a abertura para mais diversidade nas tramas e no elenco vem para representar uma humanidade tão plural como a nossa, mesmo em um filme de fantasia. Afinal, as obras são justamente para crianças, e a alegria delas em se verem na tela deve ser valorizada, e também protegida. Porém, o caminho para que as pessoas entendam a importância e o foco dessa representatividade após anos com um padrão milimetricamente definido ainda é longo, envolvendo muito mais do que o cinema. Poucas são as alterações feitas em live-actions ou outros tipos de adaptações que não recebem comentários de ódio. Os focos são, principalmente, em mudanças de etnia e sexualidade. Em alguns casos, atores e atrizes são obrigados a limitar comentários em suas publicações, ou então apagar suas próprias redes sociais para que ataques diretos cessem. As críticas, muitas vezes, são baseadas na versão original da obra. Em Peter Pan & Wendy, por exemplo, ataques racistas foram feitos porque a Tinker Bell, em diversas animações, é branca e loira. No live-action mais recente, porém, sua intérprete é negra. O mesmo acontece em A Pequena Sereia, com estreia programada para 25 de maio de 2023, onde a protagonista é interpretada por Halle Berry, também negra. Em um mundo preconceituoso, mudanças como as citadas também são atos de coragem, principalmente dos atores, alvos dos ataques de ódio, principalmente virtuais. Porém, para as crianças, uma maior representatividade pode lhes mostrar que sim, ela pode ser o que quiser. Desde menino perdido, fada ou até uma sereia.
Comemorações em Libras incentivam a inclusão de torcedores surdos
Através da Língua Brasileira de Sinais, jogadores celebram os gols marcados e promovem a inclusão social. Por: Thammy Luciano Celebrar um gol feito pelo jogador do seu time do coração em uma partida de futebol é algo inexplicável. E se durante uma comemoração você se sentir parte daquele momento repleto de emoções? Promovendo a inclusão social, o futebol tornou-se uma ferramenta de mudanças que vão além das quatro linhas e passou a ser um espaço que possibilita dar visibilidade à comunidade surda brasileira. As comemorações na Língua Brasileira de Sinais (Libras) têm se popularizado. Em 2019, Gabriel Barbosa, atacante do Flamengo, em Libras, disse após marcar um gol em partida pelo Campeonato Brasileiro: “Hoje tem gol do Gabigol.” Na final da Copa do Brasil, em outubro de 2022, disputada por Flamengo e Corinthians, o atacante Pedro também comemorou o gol que abriu o placar do jogo com uma frase em Libras: “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”, uma passagem bíblica de João 14:6. Foto: (Reprodução/ESPN) Em abril deste ano, Thiago Galhardo, atacante do Fortaleza, marcou contra o Águia Marabá pela Copa do Brasil e também falou na Língua Brasileira de Sinais. Na ocasião, o atleta disse a frase: “Jesus ama você”, a mesma comemoração foi feita por Gabriel Pec, do Vasco, ao marcar contra o Palmeiras no mesmo mês. Em todas as ocasiões, os atletas reforçaram a necessidade de incluir os torcedores surdos e proporcionar a eles as emoções do futebol. Assim, o esporte assume a posição de instrumento de mudanças sociais, incentivando não somente a inclusão das pessoas surdas, mas também abrindo espaço para novas ações voltadas à toda comunidade. Foto: (Mateus Lotif/Fortaleza EC) Libras A Língua Brasileira de Sinais é reconhecida como uma das línguas oficiais do Brasil há 21 anos pela Lei de nº 10.436. Falar em Libras possibilita uma comunicação padronizada, entretanto, é uma língua viva e, por isso, novas expressões estão sempre surgindo. Aprender Libras estimula o desenvolvimento social e emocional da pessoa surda, daqueles que são parte do seu convívio e de todos que desejam falar a Língua Brasileira de Sinais. Além de incluir os torcedores surdos, falar em Libras em um momento onde toda a atenção está voltada ao jogador, permite que o público compreenda a necessidade de refletir sobre as dificuldades enfrentadas cotidianamente pelas pessoas surdas e aprender mais sobre a língua. Referências: https://ge.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/hoje-tem-gol-do-gabigol-apos-problema-com-cartaz-atacante-do-flamengo-usa-libras-para-comemorar.ghtml http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/dia-nacional-da-libras https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/a-lingua-brasileira-de-sinais-como-ferramenta-de-inclusao-social https://www.gov.br/pt-br/noticias/assistencia-social/2022/04/lei-que-institui-a-lingua-brasileira-de-sinais-completou-20-anos https://www.opovo.com.br/esportes/futebol/times/fortaleza/2023/04/12/galhardo-do-fortaleza-comemora-gol-em-libras-saiba-o-que-ele-disse.html https://www.supervasco.com/noticias/gabriel-pec-comemora-gol-em-libras-video-365396.html https://www.uol.com.br/esporte/futebol/ultimas-noticias/2022/10/19/entenda-o-que-pedro-disse-em-libras-apos-gol-do-flamengo-contra-corinthians.htm